Amorim sofreu na pele como embaixador, chanceler e Ministro
da Defesa
Trecho de uma entrevista de Celso Amorim a El País:
P. O sr. falou da mídia e a crítica à imprensa brasileira é
muito presente no livro. O que se escreve aqui tem tanto peso assim?
R. A mídia tem uma influência na opinião pública. Você pode
dizer que hoje em dia, talvez, é menos importante do que foi no passado, que há
outras fontes de informação, redes sociais, etc., mas obviamente tem um peso.
As pessoas às vezes fazem perguntas estapafúrdias de quem nunca entendeu nada
porque só leu a mídia brasileira. Não estou falando uma coisa da minha cabeça.
Conversando com embaixador estrangeiro aqui, depois até de sair da Defesa, ele
fez um comentário: ‘Nunca estive num país em que a mídia fosse tão unanimemente
contra o governo quanto é no Brasil.’ Vou até complementar isso, embora, você
sabe, eu tenha trabalhado com Lula, Dilma, seja ligado ao PT: Eu acho que é
pior com o PT, mas mesmo sem o PT era assim. Eu dizia isso e meus amigos do PT
não gostavam muito, não, mas é a verdade.
Cito um exemplo: uma vez eu estava na OMC, quando aconteceu
aquele episódio da Vaca Louca no Canadá logo depois da questão da Bombardier e
a Embraer. Claro que eles negaram até à morte que houvesse ligação entre as
duas coisas, mas, para mim, tinha, e eles não tinham fundamento na questão da
Vaca Louca. Eu convoquei uma reunião de um dos comitês fitossanitários que tem
lá na OMC e era uma coisa fora do comum que um embaixador fosse a esse tipo de
reunião mais técnica. Cinco ou seis países apoiaram o Brasil e o Canadá,
exclusivamente, criticou o Brasil. Manchete no outro dia num dos grandes
jornais: ‘Brasil é criticado na OMC’. Isso era na época do Fernando Henrique.
Não posso nem dizer (que era coisa contra o PT). Há uma obsessão pelo
autodenegrimento, deve ser uma coisa da psicologia coletiva, que eu acho que se
acentuou com um governo popular, que não é de elite, mas não é só com ele, não.
Em tempo: esse Bessinha … – PHA
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