Em menos de 15 dias, duas bombas caseiras foram lançadas
contra sedes do PT em São Paulo; uma em Jundiaí, no interior, e ontem na
capital; "Não importa de quem foi a mão que atirou os coquetéis molotov
contra as instalações petistas. E se não fosse contra o PT, mas contra outro
partido, teria a mesma gravidade. Este germe da violência política, que andava
hibernado desde o final da ditadura, foi agora reativado por todos os que nos
últimos tempos se esforçaram para desqualificar a política", escreve Tereza
Cruvinel, colunista do 247, em artigo sobre o tema; segundo ela, a divulgação,
pela mídia, de protestos que, entre outros atos fascistas, enforcaram bonecos
da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, "ajudou muito a esquentar o
ninho" onde se "choca o ovo da serpente da intolerância
política"
27 de Março de 2015 às 11:03
Por Tereza Cruvinel, do 247
No dia 15, a notícia da explosão de um coquetel molotov no
diretório do PT em Jundiaí foi engolida pela caudalosa cobertura das
manifestações contra o partido e a presidente Dilma. Na madrugada de
quarta-feira, outra bomba artesanal foi atirada contra o diretório municipal de
São Paulo.
Não importa de quem foi a mão que atirou os coquetéis
molotov contra as instalações petistas. E se não fosse contra o PT mas contra
outro partido, teria a mesma gravidade. Este germe da violência política, que
andava hibernado desde o final da ditadura, foi agora reativado por todos os
que nos últimos tempos se esforçaram para desqualificar a política. Por todos
os que instigaram o ódio e a intolerância contra o PT, a ele direcionando as
frustrações com um sistema político que o partido não inventou, embora não
tenha conseguido, é verdade, escapar de seus tentáculos.
Estamos chocando o ovo da serpente da intolerância política,
já disseram tantos. A cobertura da manifestações pela grande mídia, exaltando
um protesto onde bonecos de Lula e Dilma foram enforcados, onde suásticas
desfilaram e os beneficiários de programas sociais foram estigmatizados, onde
se pediu ditadura e volta dos militares, ajudou muito a esquentar o ninho. A
Operação Lava Jato, com suas investigações seletivas, mirando o PT e poupando
outras siglas, também contribui com a fermentação antipetista. A postura
raivosa da oposição e a ambivalência do PMDB, o partido que é governo mas faz
oposição ao governo, são outros ingredientes. E houve também, por parte do PT,
a instigação ao "nós contra eles" na campanha do ano passado.
Neste caldo de cultura da intolerância estão se criando em
São Paulo, a terra do ódio mais vivo ao PT, estes aprendizes de terroristas.
Sim, sem exagero, o nome é este, segundo as definições acadêmicas ou o senso
comum. Terroristas são as ações políticas violentas dirigidas contra alvos
específicos. É exatamente isso que começa a ser feito contra o PT, que hoje é a
bola da vez, mas amanhã pode ser contra qualquer outro partido ou instituição
política.
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