Por Altamiro Borges
Numa notinha bem minúscula, o jornalista Leandro Loyola, da
revista Época, postou uma informação bombástica na sexta-feira (17): “O senador
tucano Aécio Neves voou em helicópteros do governo de Minas Gerais por cinco
vezes para se deslocar em Belo Horizonte e pegou carona num avião – também do
governo – para viajar da capital mineira até Brasília. Os passeios começaram
logo após Aécio deixar o governo de Minas e se estenderam até 2012. Aécio diz
que está tudo dentro da normalidade. Ao menos ele não voou até o aeroporto em
Cláudio – aquele que foi desapropriado em seu governo nas terras do tio dele”.
Se fosse algum político de esquerda, a notícia viraria capa
na revista da famiglia Marinho; seria destaque no Jornal Nacional da TV Globo,
que também pertence à famiglia Marinho; e seria motivo de comentários
hidrófobos na CBN – a rádio que toca mentira –, que também é da famiglia
Marinho. Mas a Rede Globo não promove a escandalização da política e dos
políticos – especialmente quando é contra seus amiguinhos! Para não ser
injusto, o restante da mídia venal adotou a mesma atitude. Não repercutiu a
denúncia de Leandro Loyola nem acionou seu exército de “jornalistas
investigativos” para averiguar o caso. O assunto já virou pó!
Não é a primeira vez que isto ocorre. Quando a Polícia
Federal apreendeu um helicóptero com quase 500 kg da cocaína, pertencente à
família de Zezé Perrella – compadre do senador mineiro-carioca –, o escândalo
também logo sumiu do noticiário. Virou pó! Quando da denúncia de um aeroporto
na fazenda do titio-avô de Aécio Neves, construído com recursos públicos do
governo mineiro, a omissão foi escandalosa. A denúncia logo virou pó na mídia
tucana! Até o caso do bafômetro numa balada carioca – desta vez com um carro,
não com uma aeronave – nunca foi explorado pela imprensa “imparcial e neutra”.
De fato, o cambaleante Aécio Neves, que agora está
embriagado com a tese do impeachment da presidenta Dilma, goza de enorme
prestígio junto aos barões da mídia. Apesar de ter sofrido uma dupla derrota
nas eleições – perdeu a disputa presidencial e foi enxotado de Minas Gerais, no
qual mandava há doze anos –, a imprensa amiga o trata como “o líder do exército
da oposição”. Nesta segunda-feira (20), em mais um de seus artigos de
platitudes na Folha, ele pontificou que “a última semana foi especialmente
difícil para o PT”. Aécio Neves sabe que para ele a vida é “especialmente
fácil” na mídia tucana!
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