Autor: Fernando Brito
O fato é estarrecedor, daqueles de embrulhar o estômago e
ter nojo da insensibilidade completa das instituições que patrocinam, em nome
da disciplina, que pessoas sejam obrigadas a situações degradantes à sua
condição humana.
Um funcionária do Banco Itaú no Tocantins sofreu um aborto
espontâneo enquanto trabalhava e , mesmo assim, “não pôde sair da agência até
fechar a tesouraria, três horas depois do aborto, guardando nesse período, o
feto em saco plástico,” segundo informa o Ministério Público do Trabalho.
Pequenas notas saíram na imprensa, apenas. Entre elas, a da
BBC, dias atrás.
O banco respondeu dizendo que “não sabia de nada” e que ia
tomar providências.
Um detalhe, porém: o fato ocorreu em 2013!
Meu bom amigo Antonio Mello tratou do assunto em seu blog,
de onde reproduzo o trecho abaixo:
“O Brasil se escandalizou quando ficou sabendo que um
ministro teria consumido uma modesta tapioca e a teria pago com cartão
corporativo. Escândalo.
No entanto, o Ministério Público do Trabalho pede na Justiça
uma multa de R$20 milhões ao Itaú e isso não é notícia.
O pior é o motivo da multa. E nem isso causa escândalo.
{…}uma empregada do Banco [Itaú] passou mal e teve um aborto
espontâneo, como consta no depoimento de diversos funcionários. Mesmo
ensanguentada, não pôde sair da agência até fechar a tesouraria, três horas
depois do aborto, guardando nesse período, o feto em saco plástico. No outro
dia, após ir ao médico, voltou à agência para transferir a tesouraria para
outro funcionário, e teve seu direito legal de 30 dias de afastamento reduzido
para apenas quatro.
Não, não é notícia de um site sensacionalista querendo
audiência. É uma página do Ministério do Trabalho. É um processo real sobre um
acontecimento numa agência de uma banco que teve lucro, só no primeiro semestre
deste ano, de quase R$ 6 bilhões de reais.
Uma tapioca gera escândalo, mas uma funcionária do banco que
mais lucra no Brasil ser obrigada a colocar o feto abortado num saco plástico e
seguir trabalhando… aí, bem…”
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