"Enquanto um procurador do Ministério Público Federal
diz abertamente à imprensa que está caçando elementos para implicar Lula, a
mesma instituição engaveta evidência escandalosamente forte contra o líder da
oposição, presidente do PSDB, Aécio Neves", diz Eduardo Guimarães, do Blog
da Cidadania; "Lula nunca foi acusado diretamente de nada, nada existe
contra ele além de mísera especulação da imprensa de que teria 'proximidade'
com a Odebrecht, como se a empreiteira não tivesse igual 'proximidade' com
vários outros políticos de oposição"; no entanto, Guimarães lembra que
Aécio recebeu dura acusação, gravada em vídeo (assista), do doleiro Youssef: a
de que era 'dono' de uma diretoria em Furnas, que pagava mesadas a
parlamentares durante o governo FHC; "Como é que o MP e a mídia não dizem
nada sobre isso enquanto ficam transformando especulações sem prova alguma
contra Lula em investigação iminente?", questiona Guimarães
24 de Junho de 2015 às 06:18
Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania
Há muitas evidências de que a Operação Lava Jato não passa
de uma farsa que visa, exclusivamente, destruir Lula e o PT, mas, talvez, a
mais contundente resida em entrevista que o procurador Carlos Fernando dos
Santos Lima, do Ministério Público Federal (MPF), deu à Agência Reuters na
última terça-feira (23).
Perguntado sobre os boatos de que Lula estaria sendo
investigado no âmbito da Lava Jato, Santos Lima, que integra a força-tarefa do
MPF que investiga o caso Petrobras, afirmou que, “Neste momento”, não há
investigação contra o ex-presidente porque o que há contra ele são “só notícias
da imprensa”, mas que, se a força-tarefa conseguir encontrar algo, Lula será
investigado.
Antes de prosseguir no tratamento que o MPF e a própria
Operação Lava Jato estão dando a políticos de acordo com o partido a que
pertencem, vale comentar uma segunda informação do procurador Santos Lima, de
que essa Operação “deve levar ao menos mais dois anos” para ser concluída e irá
chegar ao setor elétrico, mais especificamente a obras da Eletrobras como Belo
Monte e Angra 3.
Saiba, leitor, que a crise econômica que o país está vivendo
tem ligação íntima com a Operação Lava Jato. Sem ela, o país já poderia estar
recomeçando a crescer.
Na verdade, se não houvesse exploração política das
investigações e o segredo de Justiça estivesse sendo mantido, a Lava Jato não
estaria interferindo na economia. Contudo, essa investigação se transformou em
um espetáculo regado a vazamentos seletivos que atingem, única e
exclusivamente, o PT e seus aliados, de modo que o mercado tem dúvidas sobre a
governabilidade e, sem governabilidade, não há confiança do empresariado para
investir, e, sem investimento, ficamos atolados na crise.
A Lava Jato e sua força-tarefa, que congrega MP e Polícia
Federal, demonstram, com seus vazamentos seletivos, o claro objetivo de, em
primeiro, impedir que o país volte a crescer, pois isso poderia resultar em
recuperação da popularidade da presidente Dilma Rousseff, e, em segundo, de
estender essas investigações até a próxima eleição presidencial.
Enquanto um procurador do Ministério Público Federal diz
abertamente à imprensa que está caçando elementos para implicar Lula, a mesma
instituição engaveta evidência escandalosamente forte contra o líder da
oposição, presidente do PSDB, Aécio Neves.
Lula nunca foi acusado diretamente de nada, jamais foi
sequer citado nas delações premiadas, nada existe contra ele além de mísera
especulação da imprensa de que teria “proximidade” com a Odebrecht, como se a
empreiteira não tivesse igual “proximidade” com vários outros políticos de
oposição, como Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso etc.
Ao contrário de Lula, porém, Aécio Neves foi citado pelo
doleiro Alberto Yousseff. Em delação premiada, o doleiro afirmou que o
ex-deputado José Janene (PP/PR) – condenado no processo do Mensalão e mentor do
esquema de propinas na Petrobrás – lhe contou que “dividia diretoria de Furnas
com Aécio Neves”.
“O partido (PP) tinha a diretoria, mas quem operava a
diretoria era o Janene em comum acordo com o então deputado Aécio Neves. Tinha
algumas operações que ele (Janene) dividia com o então deputado Aécio Neves
(PSDB).”
Youssef disse que não sabia qual diretoria Janene controlava
em Furnas. “Mas ouvi dizer que, na verdade, ele dividia essa diretoria com o
então deputado na época Aécio Neves. O partido (PP) tinha a diretoria, mas quem
operava a diretoria era o Janene em comum acordo com o então deputado Aécio
Neves.”
Youssef disse que não falara sobre esse caso antes porque
“Janene era compadre dele e ele não quis abordar”. Como ninguém perguntou, ele
também não falou. Indagado sobre quem lhe disse sobre Aécio, ele respondeu: “O
próprio deputado José Janene. Mais de uma vez.”
Segundo Youssef, esse assunto surgiu em conversas políticas
que eles estavam tendo”. Eu estava junto, acabava escutando. Por exemplo, ele
(Janene) conversando com outro colega de partido, então, naturalmente, saía
essa questão de que na verdade o Partido Progressista não tinha a diretoria só
e, sim, dividiria com o PSDB, a cargo do deputado Aécio Neves.”
Quem era o operador do PSDB na época?, perguntaram os
procuradores ao doleiro na audiência de fevereiro. “A gente sabe por ouvi
dizer. Ouvi dizer, não tenho certeza, não posso afirmar, mas diziam que era a
irmã dele, a irmã do Aécio. Uma das irmãs, não sei se ele tem duas ou uma. Ouvi
do seu José [Janene], na época”.
Os defensores de Aécio poderão dizer que as acusações são
vagas. Sim, de fato são. Contudo, as acusações ao hoje presidente do PSDB são
muito mais do que existe contra Lula, contra quem não existe absolutamente
nada.
Ora, como falar em investigar Lula sem que exista nada
contra ele além de suposta “proximidade” com a Odebrecht enquanto, contra
Aécio, existe uma citação formal na delação premiada de Alberto Yousseff? Como
é que o MP e a mídia não dizem nada sobre isso enquanto ficam transformando
especulações sem prova alguma contra Lula em investigação iminente?
Poder-se-ia perguntar, também, por que, apesar de tantas
relações que a Odebrecht e tantas outras empreiteiras têm com o PSDB, só se
fala nas relações dessas empresas com o PT.
Defensores dos tucanos dirão que quem controla a Petrobras é
“o PT” – o que é falso, porque a Petrobras é controlada por um governo de
coalizão integrado pelo PT. Mas o PSDB controla vários governos estaduais que
têm íntimas relações com as empresas investigadas.
Se houvesse interesse real em acabar com a corrupção no
Brasil, todas as relações dessas empreiteiras com governos de todos os níveis
estariam sendo investigadas. Porém, como está se vendo, a Lava Jato irá
continuar investigando só o PT até 2018, a fim de manter a economia andando de
lado e, no ano eleitoral, inventar alguma coisa contra Lula para que nem se
candidate ou tenha possibilidade de influir no pleito.
0 comentários :
Postar um comentário