A loja de departamentos Havan, de Santa Catarina, deu uma
lição simples de como lidar com boatos deletérios. Um sujeito chamado Zenildo
Costa postou o seguinte no Facebook: “Bomba. Sabe quem é o dono da Havan,
exatamente o filho do Lula. Descobri ontem de fonte segura. Eles estão
comprando empresas com o dinheiro do BNDES e deixando laranjas no controle, mas
só de fachada”.
Por Kiko Nogueira, no DCM
Nas redes sociais: Loja desmente boato sobre filho do Lula
Nas redes sociais: Loja desmente boato sobre filho do Lula
Parêntese: sempre que algum energúmeno escreve “bomba”, pode
acreditar que vem lixo ou nada. O maior usuário desse clichê é o jornalista
mitômano Claudio Tognolli, biógrafo de Lobão. Fim do parêntese.
A empresa, rapidamente, compartilhou a baboseira em sua
própria página, com um recado a Costa:
Como diz o ditado, “mentiras quando ditas várias vezes,
acabam se tornando verdades”.Estamos colocando um ponto final no assunto.
Estamos respondendo hoje, a todos nossos clientes e amigos, tomarem conhecimento
que, o post do Sr Zenildo Costa, de Curitiba, afirmando que a Havan, pertence
ao filho do Lula, não é verdadeira.
(…)
Desafiamos o Sr Zenildo Costa a comprovar o que fala, caso
contrário, será processado por calúnia e danos morais, e tudo que será arrecadado
nessa ação será doado a uma instituição de caridade.
Não possuímos nenhum empréstimos no BNDES, e as insinuações
que pertencem ao filho do Lula ou mesmo da filha da Dilma, são invenções
caluniosas, sem qualquer fundamento.
Zenildo, corajoso, retirou o que disse de pronto e enfiou
essa viola no saco. Afirmou que “não é verdade que a empresa teria como
proprietário o filho do Lula, bem como que ela não é financiada pelo BNDES”.
Ele “apenas” republicou uma mensagem que recebeu “sem conferir sua fonte e
veracidade”.
Sem profissão definida, Zenildo é um dos milhares de
revoltados on line especializados nesse tipo de expediente. Apoia a intervenção
militar, tem fotos de gatinhos e de Geisel, idolatra Ronaldo Caiado, denuncia o
comunismo — enfim, o pacote completo do idiota da aldeia cuja voz é amplificada
pelas redes sociais, como definiu Umberto Eco.
Agora: por que o governo brasileiro não age com essa mesma
agilidade diante da boataria diuturna?
A filha de Dilma é acusada, na internet, de ser dona de
vinte companhias, compradas com o dinheiro da mãe. Para continuar na esfera da
presidenta: Dilma criou uma lei proibindo a divulgação de investigações de
acidentes aéreos; desfilou ao som de “Beijinho no Ombro”; liberou 13 milhões de
dólares para criação de estátua de Lula. Etc.
A teoria conspiratória em torno do Foro de São Paulo foi
parar nos protestos por absoluta falta de quem esclareça do se trata. Por outro
lado, o BNDES tem respondido no Twitter sempre que necessário. Joesley Batista,
da Friboi, já declarou que não é sócio de Lulinha algumas vezes. O Instituto
Lula tem sido rápido ao oferecer um contraponto, eventualmente se antecipando à
publicação de matérias.
Expor o autor da calúnia e acionar a Justiça se necessário,
isso é o que a Havan fez. O tal republicanismo não pode ser um vale tudo.
*Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e
músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São
Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.
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