
A justa distribuição dos frutos da terra e do trabalho
humano não é mera filantropia. É um dever moral. Para os cristãos, o encargo é
ainda mais forte: é um mandamento. Trata-se de devolver aos pobres e às pessoas
o que lhes pertence. O destino universal dos bens não é um adorno retórico da
doutrina social da Igreja. É uma realidade anterior à propriedade privada. A
propriedade, sobretudo quando afecta os recursos naturais, deve estar sempre em
função das necessidades das pessoas.
Está-se a castigar a terra, os povos e as pessoas de forma
quase selvagem. E por trás de tanto sofrimento, tanta morte e destruição,
sente-se o cheiro daquilo que Basílio de Cesareia chamava «o esterco do diabo»:
reina a ambição desenfreada de dinheiro. O serviço ao bem comum fica em segundo
plano. Quando o capital se torna um ídolo e dirige as opções dos seres humanos,
quando a avidez do dinheiro domina todo o sistema socioecónomico, arruína a
sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade
inter-humana, faz lutar povo contra povo e até, como vemos, põe em risco esta
nossa casa comum.
Uma perguntinha, deixando de lado a escolha religiosa de
cada um: Por que o cidadão Malafaia, que também prega o cristianismo, nunca faz
um discurso como este, defendendo os pobres da exploração dos ricos
concentradores de renda?
A íntegra do discurso do Papa está aqui.
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