Autor:
Eduardo Guimarães
Vai chegando ao fim uma semana tensa na política por conta
de decisões do Tribunal Superior Eleitoral e do Tribunal de Contas da União
desfavoráveis a Dilma Rousseff. Além disso, após alguns sucessos, a nova base
aliada, oriunda da recente reforma ministerial, não conseguiu pôr em votação as
pautas-bomba que criam despesas para o governo.
Seria ridículo dizer que as coisas melhoraram para o
governo, mas entendo que não aconteceu nada que já não estivesse previsto.
Em primeiro lugar, só se surpreendeu com as decisões
desfavoráveis a Dilma no TCU e no TSE, quem quis.
No caso do TCU, era mais do que previsível que a Corte não
levaria em consideração a destituição do relator Augusto Nardes devido ao
corporativismo. Seria como pedir a destituição de Joaquim Barbosa durante o
julgamento do mensalão.
Aceitar afastar Nardes seria um reconhecimento dos outros
ministros de que algo vai muito mal no TCU – e os Tribunais de Contas deste
país não andam tão bem, em termos de imagem, para passarem um recibo desses.
Apesar de parecer, portanto, um tiro no pé do governo ele
ter pedido para o TCU afastar Nardes, o ministro Luís Inácio Adams
(Advocacia-Geral da União) afirmou nesta quinta-feira (7) que o Planalto não
errou a estratégia, mesmo tendo comprado desgaste com o tribunal ao propor a
troca do relator das contas.
“Não, nós não erramos. Tínhamos a convicção de que havia um
vício e ainda temos essa convicção. Evidentemente o tribunal não acolheu, é
normal. Agora, eu tenho sempre a possibilidade de retomar a discussão no
judiciário, isso é normal. A decisão, o posicionamento do TCU não é decisão
definitiva da matéria. O assunto irá para as instâncias apropriadas se for
necessário”, afirmou Adams.
Além disso, segundo o advogado-geral da União “ainda não há
necessidade” de recorrer ao STF contra a decisão do TCU. Adams também afirmou
que “o assunto irá para as instâncias apropriadas se for necessário”, mas que,
no momento, “O governo ainda aguarda o julgamento do mérito pelo plenário do
STF do pedido de suspeição do relator, o que poderia anular a rejeição do
balanço”, ou seja, do parecer desfavorável ao governo.
Além disso tudo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha,
declarou, também nesta quinta-feira, que a tramitação da votação sobre o
relatório do TCU deve ocorrer só em 2016, na retomada dos trabalhos
Legislativos, a partir de fevereiro.
No TSE, corre a mesma coisa. A Corte tomou uma posição que
está sendo fortemente combatida por uma miríade de juristas, ainda que haja
alguns a favor. De qualquer modo, não houve nenhuma decisão de condenação da
campanha de Dilma Rousseff e Michel Temer. As ações do PSDB naquela Corte estão
sendo discutidas.
O que foi aprovado foi o prosseguimento da discussão, sem
entrar no mérito.
Nesse aspecto, em conversa com o jurista Dalmo Dallari na
última quarta-feira, o Blog obteve a informação de que um processo desses no
TSE irá durar alguns anos. É bem possível que não termine antes do mandato de
Dilma.
Por que? Porque não basta afirmar que houve dinheiro de
corrupção na campanha de Dilma. Não basta um delator afirmar isso. É preciso
provar, e provar que o ato foi cometido com a anuência da presidente da
República e/ou de seu vice.
“Ah, mas tem o domínio do fato”, dirão alguns. Não tem, não.
Segundo o jurista, a tese é muito mais incabível em um processo como esse do
que no processo do mensalão. Para fazer valer algo assim demoraria anos e a
possibilidade de sucesso dessa tentativa não é nem expressiva, por mais que
nunca se possa desconsiderar nada quando há política envolvida.
Por fim, a reengenharia na base aliada do governo não ter
conseguido colocar em plenário um número suficiente de deputados para votar as
pautas-bomba não significa que não tinha força para rejeitá-las. Pelo contrário:
Eduardo Cunha vem postergando a apreciação dessas matérias porque tem medo de
ser derrotado.
Trocando em miúdos, como gosta de fazer este Blog, o fato é
que as notícias sobre a morte do governo Dilma continuam exageradas. Eu diria
que continua tudo como Dantes no Quartel de Abrantes. Os enxadristas à direita
fizeram que todos sabiam que fariam. Porém, os próximos movimentos é que são
elas.
Poupe seu estômago, seu fígado e seu cérebro, se for
simpático ao governo. E poupe-se de comemorações precipitadas, se for
antipático. A ambos, porém, a recomendação é a de que se preocupem com a vida
pessoal. Podem até não conseguir derrubar Dilma durante seu mandato, mas estão
prejudicando MUITO o país. Inclusive você.
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