sábado, 5 de dezembro de 2015

Guerra nas redes e nas ruas

 

Luciano Siqueira *

Logo cedo, ouço no rádio uma bateria de "analistas" e personalidades várias (incluindo o próprio advogado Miguel Reale Junior, um dos subscritores do pedido de impeachment), todos em trincheiras da ultra-direita, cuidando do "clima" que desejam favorável ao golpe.


Sinais da dimensão da guerra agora instaurada, pondo em causa a preservação da democracia e a continuidade das transformações operadas no País desde 2003.

Guerra é a expressão mais adequada para traduzir o novo patamar do conflito político, envolvendo interesses de classe bem definidos.

Guerra de muitas trincheiras: no Judiciário, no Parlamento e nas ruas.

Nas ruas e nas redes. Nunca foi tão preciso esse chamamento à militância e a todos os que se batem pela democracia e pelo progresso: lutemos nas ruas e nas redes!

Que cada um ocupe seu posto. 

Que se peleje nas redes sociais com argumentos consistentes, em linguagem clara e compreensível, evitando provocações. Para convencer, mobilizar.

Ataques devem ser rechaçados com firmeza; provocações devem ser postas de lado, na lata do lixo.

A trincheira das redes sociais há de se conectar com as ruas. 

O atual Congresso Nacional, de maioria conservadora - sobretudo a Câmara - e pusilânime, mostra-se muito vulnerável à pressão da mídia hegemônica reacionária e à algazarra da direita.

Tal como em batalhas marcantes de nossa história recente, a pressão popular há que tomar as ruas mediante pequenas, médias e grandes manifestações. Todas as formas são válidas.

O deputado Eduardo Cunha dá provimento ao pedido de impeachment num instante em que se vê desmoralizado pelo charco de corrupção em que é pilhado. Reage em desespero contra o risco da perda do mandato e de ir para a cadeia.

Age quando o governo conquista importante vitória na votação das metas fiscais.

Agora terá novamente a seu lado a oposição que recentemente passara a execrá-lo. 

Tudo isso é verdade e pode ser corretamente explorado por nossas forças.

Mas há dois pontos a considerar, desde já. A verborréia direitista já insinua que a queda dupla de Cunha e Dilma poderia ser a fórmula da "pacificação" nacional. Veneno puro. Inaceitável!

O outro ponto: os que até agora não haviam se unido, poderão se unificar em torno da resistência ao impeachment: partidos, lideranças políticas, movimentos sociais, personalidades, religiosos, empresários progressistas. 

A resistência terá êxito se plasmada através de uma frente a mais ampla possível. Para repercutir a voz das ruas e pressionar o Parlamento.

Uma frente que dialogue com o governo em torno de propostas pós-ajuste fiscal e, assim, pactue a agenda do desenvolvimento.

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* Médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB

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