O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta quarta-feira (2), na sede do Instituto Lula, na capital paulista, cerca de trinta mulheres de diferentes áreas de atuação e movimentos, para debater os desafios e avanços nos direitos das mulheres nos últimos tempos. A atual agenda conservadora do Congresso Nacional, a necessidade de maior articulação e as conquistas das mulheres alcançadas por elas até aqui, foram os principais temas desta primeira reunião.
Lula debate desafios e avanços nos direitos das mulheres
As participantes ressaltaram a importância de contar com o apoio de Lula em suas lutas e sublinharam o fato que, desde a ditadura, o país não vivia uma escalada conservadora como a atual, que ameaça impor um recuo nos direitos alcançados pelas mulheres nos governos de Lula e da presidenta Dilma Rousseff.
São evidências dessa escalada: a retirada da palavra "gênero" do Plano Nacional de Educação, a tentativa de dificultar o acesso ao aborto já legalizado, o projeto de lei que transforma o aborto em crime hediondo e que prevê pena de 6 a 20 anos para médico que realiza aborto, o ensaio de proibição da pílula do dia seguinte, entre outras.
A diretora do Instituto Lula e idealizadora da reunião, Clara Ant, observou que as conquistas até agora obtidas são resultado da mobilização das mulheres mas "é importante que um número cada vez maior de homens abrace as nossas bandeiras para que a discriminação e a violência deixem de ser naturalizados”.
Após a reunião com o ex-presidente, a deputada estadual, Leci Brandão (PCdoB-SP), lembrou da importância do governo Lula nas conquistas das mulheres: "Foi no governo dele [Lula] que avançamos em algumas coisas como transformar em Ministérios as Secretarias de Políticas para as Mulheres e de Igualdade Racial. O diálogo com estes dois segmentos aumentou e se tornou mais importante no governo do Lula", frisou.
Sobre os desafios de enfrentar um ambiente ainda muito conservador e machista, a deputada contou que teve uma boa impressão do encontro. "O que pude perceber é o Lula é sempre muito otimista e isso é muito bom. Mesmo que estejamos vivendo um momento de retrocesso e de aumento do pensamento conservador. A unidade dos movimentos sociais e das mulheres em defesa da democracia e em defesa dos direitos das mulheres, vai fazer a grande diferença neste momento crucial".
Leci contou ainda quanto foi importante a participação das mulheres de diversos segmentos neste encontro com o ex-presidente Lula."As mulheres presentes, seja da cultura, dos sindicatos, de coletivos, enfim, concordaram que tivemos avanços nos últimos anos, mas que o momento atual é bastante difícil para as mulheres por conta desse conservadorismo que estamos enfrentando no país. Ninguém mais pode falar a palavra gênero que todo mundo fica arrepiado! Eu mesma já tratei desse assunto na Comissão de Cultura da Assembleia e muitos deputados ficam incomodados quando a gente fala essa palavra! Nós estamos em um momento de levantar a nossa voz ainda mais e não de recuar. Não podemos abrir mão de falar do enfrentamento da violência contra a mulher, ao racismo e à homofobia".
Para a deputada, deve haver o enfrentamento do tema e realizar ações que aumente a participação das mulheres no espaço de poder político e de decisão. "Eu sempre digo isso, até quando vamos ficar servindo de degrau para outros se elegerem e continuar nessa situação de poder decidir nada? Isso serve para as mulheres, povo negro e população LGBT também", disse.
"Para o Lula, a gente tem condições de reverter esse quadro, ele está animado. Mas desde que a gente consiga manter a união. Dia 8 de março, estaremos na Paulista defendendo justamente a democracia, os direitos das mulheres e o combate ao retrocesso".
Do Portal Vermelho
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