Uma escola sem debates sobre genêro, sexualidade, política, movimento estudantil e o cerceamento à liberdade de expressão. Para alguns, poderia soar como um relato da ditadura militar, mas esse modelo educacional é defendido atualmente pelo deputado Izalci Lucas (PSDB-DF) em um projeto de lei de sua autoria que tramita no Congresso Nacional e ganha adesão de setores conservadores.
Por Laís Gouveia
Charge mostra o que pensam os defendores da escola sem partido sobre a esquerda, assim como muitos na ditadura pensavam que comunistas comiam criancinhas
Na página oficial do grupo “defensores da escola sem partido”, há um manual de como salvar as crianças do “monstruoso esquerdismo”, que destrói famílias e degrada crianças inocentes. Desde “a pedagogia totalitária de Frei Betto” à “contaminação ideológica feita pela ditadura do homossexualismo”, os sem partido atacam entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e dão dicas de como os pais podem criar uma notificação extrajudicial para professores “não cometerem o abuso da liberdade de ensinar”. (Negrito nosso).
Madalena Guasco, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) e professora da PUC-São Paulo, disse que o objetivo da escola sem partido é aumentar o ódio e conservadorismo no país: “Esse movimento está tentando propor nas várias assembleias legislativas projetos de lei que vão desde vigilância do professor em sala de aula e até punição através de mandado extrajudicial. Até agora, eles conseguiram aprovar somente em Alagoas. Aqui em São Paulo o projeto foi engavetado. Agora, em nível nacional, eles estão aproveitando o debate dos parâmetros nacionais curriculares para introduzir o controle do conteúdo ensinado em sala de aula. Eles sabem que a iniciativa deles é inconstitucional, mas o que eles querem é criar um ambiente de medo e perseguição. É disso que se alimenta o fascismo. A Contee entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o projeto que foi aprovado em Alagoas”, denuncia a educadora.
“Escola sem partido é um crime à liberdade”
Para o presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), Emerson Santos, a proposta da escola sem partido é criminosa. “Esse projeto é tão criminoso quanto aquele [reorganização escolar do governo Alckmin] que pretendia fechar as escolas, pois cerceia o princípio da liberdade e da discussão política dentro do colégio, espaço que deve ter em seu cotidiano a pluralidade de ideias. O debate sobre a realidade da juventude irá acabar caso o projeto seja aprovado, retirando a discussão de gênero, da sexualidade. Lutamos por uma escola laica, que garanta a opinião, divergência e argumentação, a partir da educação é que garantimos a formação das pessoas”, afirma.
Do Portal Vermelho
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