segunda-feira, 11 de julho de 2016

Moro acabou com PT e vai acabar com Lula

Sergio Moro é o maior traidor da história do Brasil.

Superou Calabar e Joaquim Silvério dos Reis.

Mas é um herói americano.

Não é à toa que recebe chuvas de confete nos States. Ele prestou um grande serviço aos Estados Unidos: acabou com o PT e vai acabar com Lula.

Eles eram as grandes ameaças à hegemonia americana na América Latina.

O novo nome do comunismo é populismo. Pode ser traduzido por repartir com os pobres as riquezas produzidas pelo país.

Está durando na Venezuela porque seus governos tiveram e têm apoio militar.

Não dependem de caras eleições para se elegerem.

O modelo brasileiro é diferente.

Lula e PT só chegaram ao poder quando adotaram a estratégia “entre os lobos, aja como lobo” ou “em Roma, como os romanos”.


Foram eleitos graças à campanha milionária de 2002.

Nenhuma empresa iria investir em campanha do PT em razão do seu programa, que consiste em repartir as riquezas com os pobres.

Aceitaram financiar o PT se tivessem a contrapartida. E o PT deu a contrapartida e conseguiu governar por 12 anos.

Lula se reelegeu e elegeu e reelegeu Dilma. Elegeu e reelegeu governadores. Elegeu e reelegeu prefeitos.

Mas aí caiu a ficha. Passados 12 anos, o establishment percebeu que, a continuar assim, o PT nunca mais deixaria o poder e repartiria cada vez mais as riquezas do país com os pobres.

Era preciso acabar com isso.

Um dos caminhos poderia ser o golpe militar, mas os militares não queriam mais entrar nessa aventura.

Depois da tentativa infrutífera de derrubar Lula e seu governo e o PT com o mensalão, uma nova estratégia foi adotada a partir de 2009.

O juiz Sérgio Moro foi escolhido pelo FBI, órgão do qual também recebeu treinamento, instruções e dados que foram colocados em prática a partir de 2014.

Apoiado em rastreamentos feitos pelo FBI, Moro reuniu material suficiente para identificar a Petrobras e empreiteiras fornecedoras de serviços como as principais fontes de sustentação dos governos petistas, seja no que se refere a financiamentos de campanhas, seja na compra de apoio de partidos aliados, principalmente o PMDB.

O esquema já existia em 2000, no governo Fernando Henrique, mas não foi investigado e continuou a funcionar nos governos Lula e Dilma.

Com tais elementos à disposição, Moro reuniu indícios de corrupção que incriminaram diretores da petroleira e empregando técnicas de interrogatório do FBI obteve a colaboração das delações dos diretores Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco e do doleiro Alberto Yousseff, que abriram a caixa preta do esquema.

Empresários delatados por eles foram presos e também fizeram novas delações, estabelecendo ligações políticas do esquema. Essas revelações foram encaminhadas aos principais órgãos de imprensa, TV Globo, revistas Veja, IstoÉ e Épocas, jornais Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, Valor Econômico e O Globo servindo de combustível para incendiar tanto as manifestações de rua quanto estimular a oposição ao petismo a decretar o impeachment da presidente Dilma.

Como previu Marx, a história se repete pela segunda vez como farsa. No caso brasileiro, repetiu-se com a farsa do impeachment.

Com a criminalização das empreiteiras, o STF encarregou-se de proibi-las de financiar campanhas políticas, reservando esse direito somente a pessoas físicas.

Desse modo, a Lava jato derrubou Dilma e asfixiou as fontes de financiamento do PT.

Embora, em tese, a proibição valha para todos os partidos, é fácil perceber que pessoas físicas em condições de financiar campanhas políticas vão preferir partidos que se alinham com seus interesses, como PMDB e PSDB e não o PT.

Com isso, sem fontes de financiamento, o PT tende a minguar. Não terá como bancar campanhas majoritárias, principalmente à presidência da República, podendo, no máximo, eleger vereadores, deputados estaduais e deputados federais.

Pode-se afirmar que o PT nunca mais vai eleger um presidente da República – se é que vai sobreviver a essa avalanche.

Para não deixar nenhum ponto sem nó, Moro prendeu até mesmo o marqueteiro João Santana, sob a fantasiosa acusação de fazer parte da quadrilha de Marcelo Odebrecht e de receber propina por ser um elemento chave das eleições petistas, mas, na verdade, com o objetivo de afastá-lo das campanhas de 2016 e de 2018.

Apesar de pontuar nas pesquisas, Lula não terá condições econômicas de se eleger em 2018 – se é que vão deixá-lo em liberdade até lá, o que é possível, pois é um leão sem dentes: na base do gogó ninguém ganha a presidência da República.

Também atingido pela falta de financiamento, que vem minguando desde o início da Lavajato, o Instituto Lula também está com os dias contados.

O sonho da volta de Dilma não passa de um sonho. E convocar novas eleições é outro sonho, pois depende da aprovação da Câmara e do Senado, onde o PMDB, aliado ao PSDB detém a maioria. O próximo passo do golpe será o fim do monopólio da Petrobrás sobre o pré-sal, encaminhado por Serra, que foi recompensado com o posto de chanceler.

Moro conseguiu acabar com o PT, com Lula, com o o Instituto Lula, com a Petrobrás e com as maiores empreiteiras do país. E com as últimas esperanças do povo brasileiro. (Note-se que, enquanto houve esquema na Petrobrás, no mínimo desde o ano 2000 a petroleira nunca deu sinais de decadência, o que só ocorreu a partir do escândalo chamado Petrolão, que jogou no chão o preço das ações da companhia.)

As homenagens dos americanos a Moro serão mais intensas, com a consolidação do fim do PT.

E quando morrer, terá direito a uma estátua em Miami.

E seu rosto será esculpido nas Montanhas Rochosas ao lado dos pais da pátria de Tio Sam.


Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão", "O domador de sonhos" e "Dragonfly" (lançamento setembro 2016).



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