Sergio Moro é o maior traidor da história do Brasil.
Superou Calabar e Joaquim Silvério dos Reis.
Mas é um herói americano.
Não é à toa que recebe chuvas de confete nos States. Ele
prestou um grande serviço aos Estados Unidos: acabou com o PT e vai acabar com
Lula.
Eles eram as grandes ameaças à hegemonia americana na
América Latina.
O novo nome do comunismo é populismo. Pode ser traduzido por
repartir com os pobres as riquezas produzidas pelo país.
Está durando na Venezuela porque seus governos tiveram e têm
apoio militar.
Não dependem de caras eleições para se elegerem.
O modelo brasileiro é diferente.
Lula e PT só chegaram ao poder quando adotaram a estratégia
“entre os lobos, aja como lobo” ou “em Roma, como os romanos”.
Foram eleitos graças à campanha milionária de 2002.
Nenhuma empresa iria investir em campanha do PT em razão do
seu programa, que consiste em repartir as riquezas com os pobres.
Aceitaram financiar o PT se tivessem a contrapartida. E o PT
deu a contrapartida e conseguiu governar por 12 anos.
Lula se reelegeu e elegeu e reelegeu Dilma. Elegeu e
reelegeu governadores. Elegeu e reelegeu prefeitos.
Mas aí caiu a ficha. Passados 12 anos, o establishment
percebeu que, a continuar assim, o PT nunca mais deixaria o poder e repartiria
cada vez mais as riquezas do país com os pobres.
Era preciso acabar com isso.
Um dos caminhos poderia ser o golpe militar, mas os
militares não queriam mais entrar nessa aventura.
Depois da tentativa infrutífera de derrubar Lula e seu
governo e o PT com o mensalão, uma nova estratégia foi adotada a partir de
2009.
O juiz Sérgio Moro foi escolhido pelo FBI, órgão do qual
também recebeu treinamento, instruções e dados que foram colocados em prática a
partir de 2014.
Apoiado em rastreamentos feitos pelo FBI, Moro reuniu
material suficiente para identificar a Petrobras e empreiteiras fornecedoras de
serviços como as principais fontes de sustentação dos governos petistas, seja
no que se refere a financiamentos de campanhas, seja na compra de apoio de
partidos aliados, principalmente o PMDB.
O esquema já existia em 2000, no governo Fernando Henrique,
mas não foi investigado e continuou a funcionar nos governos Lula e Dilma.
Com tais elementos à disposição, Moro reuniu indícios de
corrupção que incriminaram diretores da petroleira e empregando técnicas de
interrogatório do FBI obteve a colaboração das delações dos diretores Paulo
Roberto Costa e Pedro Barusco e do doleiro Alberto Yousseff, que abriram a
caixa preta do esquema.
Empresários delatados por eles foram presos e também fizeram
novas delações, estabelecendo ligações políticas do esquema. Essas revelações
foram encaminhadas aos principais órgãos de imprensa, TV Globo, revistas Veja,
IstoÉ e Épocas, jornais Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, Valor Econômico
e O Globo servindo de combustível para incendiar tanto as manifestações de rua
quanto estimular a oposição ao petismo a decretar o impeachment da presidente
Dilma.
Como previu Marx, a história se repete pela segunda vez como
farsa. No caso brasileiro, repetiu-se com a farsa do impeachment.
Com a criminalização das empreiteiras, o STF encarregou-se
de proibi-las de financiar campanhas políticas, reservando esse direito somente
a pessoas físicas.
Desse modo, a Lava jato derrubou Dilma e asfixiou as fontes
de financiamento do PT.
Embora, em tese, a proibição valha para todos os partidos, é
fácil perceber que pessoas físicas em condições de financiar campanhas
políticas vão preferir partidos que se alinham com seus interesses, como PMDB e
PSDB e não o PT.
Com isso, sem fontes de financiamento, o PT tende a minguar.
Não terá como bancar campanhas majoritárias, principalmente à presidência da
República, podendo, no máximo, eleger vereadores, deputados estaduais e
deputados federais.
Pode-se afirmar que o PT nunca mais vai eleger um presidente
da República – se é que vai sobreviver a essa avalanche.
Para não deixar nenhum ponto sem nó, Moro prendeu até mesmo
o marqueteiro João Santana, sob a fantasiosa acusação de fazer parte da
quadrilha de Marcelo Odebrecht e de receber propina por ser um elemento chave
das eleições petistas, mas, na verdade, com o objetivo de afastá-lo das
campanhas de 2016 e de 2018.
Apesar de pontuar nas pesquisas, Lula não terá condições
econômicas de se eleger em 2018 – se é que vão deixá-lo em liberdade até lá, o
que é possível, pois é um leão sem dentes: na base do gogó ninguém ganha a
presidência da República.
Também atingido pela falta de financiamento, que vem
minguando desde o início da Lavajato, o Instituto Lula também está com os dias
contados.
O sonho da volta de Dilma não passa de um sonho. E convocar
novas eleições é outro sonho, pois depende da aprovação da Câmara e do Senado,
onde o PMDB, aliado ao PSDB detém a maioria. O próximo passo do golpe será o
fim do monopólio da Petrobrás sobre o pré-sal, encaminhado por Serra, que foi
recompensado com o posto de chanceler.
Moro conseguiu acabar com o PT, com Lula, com o o Instituto
Lula, com a Petrobrás e com as maiores empreiteiras do país. E com as últimas
esperanças do povo brasileiro. (Note-se que, enquanto houve esquema na
Petrobrás, no mínimo desde o ano 2000 a petroleira nunca deu sinais de
decadência, o que só ocorreu a partir do escândalo chamado Petrolão, que jogou
no chão o preço das ações da companhia.)
As homenagens dos americanos a Moro serão mais intensas, com
a consolidação do fim do PT.
E quando morrer, terá direito a uma estátua em Miami.
E seu rosto será esculpido nas Montanhas Rochosas ao lado
dos pais da pátria de Tio Sam.
Alex Solnik é
jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé,
Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os
quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar",
"A guerra do apagão", "O domador de sonhos" e
"Dragonfly" (lançamento setembro 2016).
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