A
imagem da televisão era reveladora e constrangedora. Uma equipe de reportagem
da Globo News acompanhava, ao vivo, em São Paulo a repressão à manifestação
ocorrida, na noite do fatídico dia 31 de agosto, contra o golpe. Protegido pela
tropa de choque da PM, o repórter narrava o empenho dos manifestantes em
escapar da "caçada policial" pelas ruas do centro da capital
paulista. E bradava: são “arruaceiros” e “baderneiros”.
A imagem dava o tom que define o lado ocupado pela mídia hegemônica golpista no
cenário político – o de cão de guarda da elite, da oligarquia, da direita que
investiram contra a democracia, conspiraram e depuseram a presidenta Dilma
Rousseff, que não cometeu crime de responsabilidade.
Na sexta-feira (02) os jornalões que defendem os interesses da elite
plutocrática confirmaram em editoriais aquela opção pela violência e foram além
– querem mais repressão! Mais ação policial contra os democratas que não
aceitam que a Constituição seja jogada na lata do lixo, em Brasília, com a
consumação do golpe de Estado, ou nas ruas do Brasil, com a repressão aos
protestos.
Milhares de pessoas saíram às ruas revelando a profunda rejeição ao presidente
ilegítimo e golpista Michel Temer – 68% dos brasileiros não o querem à frente
do governo e exigem eleições diretas já.
A Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo uniram-se ao abjeto coro
antidemocrático que clama por mais repressão; querem mais sangue e violência
para amedrontar os protestos que bradam Fora Temer!
A direita emprega a palavra “baderna” para tentar justificar a repressão
violenta. Atribui sua direção a Dilma Rousseff e aos partidos de esquerda – e
vociferam contra a presidenta eleita que não se curvou nem se abateu e, em seu
último pronunciamento, deu o nome correto para a ilegalidade cometida contra
ela: golpe de Estado. Encarou como uma declaração de guerra a grandeza,
honradez e espírito de luta da presidenta que depuseram mas não se rendeu.
O clamor dos grandes jornalões da direita por mais repressão disfarça mal o
temor conservador ante a resistência popular e democrática.
Temor confessado por O Estado de S. Paulo com palavras mistificadoras usadas
naquele editorial que tem um título significativo: A baderna como legado.
Escreveu: “O que está acontecendo nas ruas - mas também em repartições públicas
e universidades - é extremamente preocupante (...) porque pode ser o prenúncio
de uma grave disruptura política e social cuja simples possibilidade é preciso
exorcizar”.
Esse temor tem razão de ser – a resistência e a luta popular e democrática
contra o golpe crescerão e podem ganhar aspectos “disruptivos” (para usar
linguagem semelhante à do editorial), ainda mais quando os democratas e a
esquerda se unem pela democracia e avanços sociais e políticos.
Os jornalões só vêem uma maneira para “exorcizar” (para continuar falando como
eles) a luta popular e democrática: a mesma tradicionalmente usada por
ditaduras e regimes antidemocráticos: a repressão policial violenta e
desmedida.
Repressão que foi vista em todas as capitais e grandes cidades onde o povo saiu
às ruas contra o golpe e para proclamar “Fora Temer”, "não vai ter
arrego!", e por novas eleições.
A repressão policial foi violenta. E o que a televisão mostrou em São Paulo foi
somente um exemplo intolerante da ação dos governos estaduais controlados pela
direita fiel ao ilegítimo presidente golpista.
Contra a repressão e a ilegalidade do golpe o recado dado pelos democratas foi
direto – a luta não vai parar. O presidente ilegítimo tentou desqualificar a
resistência como se fosse um “movimentozinho”. É a ilusão de quem deseja passar
a impressão de força. Ao contrário, o movimento que ocupa as ruas e desafia a
repressão violenta é grande. E é só o começo; seu potencial para crescer não é
desprezível, como assinala a norte-americana Time Magazine! Crescerá movido
pela palavra de ordem que está na boca e no coração dos democratas: Fora Temer!
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