Foto: Pedro Rocha/Global Imagens
Manuela em entrevista ao DN de Portugal
Em recente visita a Portugal, a pré-candidata pelo PCdoB à Presidência da República, Manuela D’Ávila concedeu entrevista ao jornal local Diário de Notícias (DN) onde explicou os objetivos de sua candidatura e ressaltou como está o cenário político do Brasil. Segundo Manuela, a sua candidatura está a serviço de apresentar um novo projeto de desenvolvimento do país, com retomada do crescimento social e econômico e a geração de empregos.
A pré-candidata destacou na entrevista que o Brasil vive uma crise institucional, política e econômica que se intensificou após o golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff do poder em 2016, criando-se espaço para o desmonte do Estado nacional e a retirada de direitos do povo brasileiro. “Resultado desse cenário foi a aprovação da reforma Trabalhista e a Emenda Constitucional 95, que congela os gastos públicos na Saúde e na Educação por 20 anos”, disse.
“Agora o governo golpista tenta aprovar em fevereiro a reforma da Previdência Social, que visa acabar com a aposentadoria de milhões de trabalhadores”, denunciou ao jornal português.
A pré-candidata defende que nesse atual momento de incertezas é preciso debater com a população brasileira e apresentar saídas. “O povo brasileiro debate política de forma muito intensa no processo eleitoral”.
A esquerda tem o direito de apresentar suas candidaturas
Ao ser questionada sobre a candidatura própria do PCdoB após longos anos de parceria com o PT nas disputas presidenciais, Manuela concordou que nas sete eleições desde 1989, os dois partidos estiveram juntos e o PCdoB sempre apoiou o candidato que o PT propunha, mas com o golpe, com o afastamento da presidenta Dilma, “encerra-se um ciclo político no Brasil e abre-se um novo”, disse a dirigente comunista.
Para a pré-candidata, em qualquer cenário eleitoral a esquerda tem o direito de apresentar suas candidaturas para debater saídas para a crise. Na sua opinião, deve-se garantir um programa mínimo que deve ser apresentado em comum e o compromisso com a unidade no segundo turno das eleições, disse.
Segundo Manuela, a candidatura do PCdoB à presidência é um instrumento para pelo menos dois debates. “Primeiro, em relação à existência da própria democracia. Para nós, o ciclo que se encerra deixa esse desafio, o de garantir que as próprias eleições sejam um processo livre. A própria existência de Lula no boletim de voto será um pouco o critério disso, o garante de eleições livres. A segunda questão é um olhar de futuro. Qual será a saída para a crise econômica e política? O Brasil será uma nação coadjuvante na implementação de um neoliberalismo cada vez mais cruel e administrador da morte das pessoas, da ausência de perspectiva, ou será protagonista da construção de um rumo diferente para o seu povo e para a integração. O povo brasileiro debate política de forma muito intensa no processo eleitoral, daí termos decidido ter uma candidatura”.
Mesmo antes da condenação do ex-presidente Lula no TRF-4, nesta quarta-feira (24), em Porto Alegre, Manuela destacou na entrevista ao DN que o PCdoB tem claro que o que há em torno do ex-presidente Lula é uma verdadeira perseguição, porque não existem provas apresentadas no processo. "Esta judiciarização da política no Brasil ameaça hoje o Lula e amanhã pode ameaçar qualquer um que não sirva o monopólio mediático e o mercado financeiro”, destacou.
A solução para a crise é o debate sobre um projeto de país
A pré-candidata também foi questionada pelo fato do pré-candidato ultraconservador Jair Bolsonaro estar em segundo lugar nas pesquisas de intenções de voto dos brasileiros. Para Manuela, a candidatura do Bolsonaro se esforça para organizar o medo que o povo brasileiro tem e o ódio que esse medo gera. As pessoas têm medos que são legítimos. Um governo que destrói políticas sociais é um governo que também tira perspectiva de futuro à população e isso tudo gera medo.
Entretanto, disse Manuela, deve-se levar em conta esse medo e apresentar saídas. “O debate que nós temos de fazer é um debate que também deve envolver essas pessoas, que tencionam votar nele, porque elas têm sentimentos que não podem ser desprezados. Mas nós precisamos mostrar que o caminho e a solução para a crise não é o agravamento da própria crise, com essa organização em torno do medo, mas é um debate sobre um projeto de país”.
Candidata do futuro
Questionada se sua candidatura caracteriza o novo, pois a maioria dos pré-candidatos já disputaram a eleição presidencial, Manuela falou da dificuldade da política brasileira de se renovar. “É da nossa política ter essa incapacidade de envolver a juventude e permitir que essa juventude chegue no espaço de poder”, comentou.
“A minha candidatura quer debater como vai ser o Brasil daqui a 40 anos. Acho que a gente precisa fazer essa pergunta, saber em que país nós vamos cuidar dos nossos filhos. Em que país os nossos filhos vão ser adultos e vão criar os seus filhos. A vida é muito rápida, mas essa rapidez não nos pode tirar o direito de pensar um ciclo de país. A isso nós no PCdoB damos o nome de projeto nacional de desenvolvimento. O hino do Brasil tem uma parte que diz que nós somos um sonho intenso. Então que sonho é que realizaremos? O que é que vamos concretizar enquanto país? Acho que isso é uma pergunta que precisamos concretizar num momento de crise”, defendeu.
Governo Temer é um golpe ao voto do povo
Ao fazer um balanço sobre o governo Temer, Manuela D’Ávila ressaltou que em tão pouco espaço de tempo foram apresentados um conjunto de retrocessos significativos. “É avassaladora a destruição do estado brasileiro, seja pela reforma laboral aprovada, seja pela emenda constitucional que congela os investimentos em gastos públicos por 20 anos, seja pela destruição de mecanismos de fomento à indústria nacional, seja pela perspectiva de votação da reforma da previdência...”
Para a pré-candidata comunista é uma destruição muito veloz “porque é um governo sem legitimidade que precisa de se forjar a partir dos acordos de elegibilidade que constrói com o mercado, porque não tem legitimidade social”.
O governo Temer é um golpe continuado. É a caracterização dele. Porque o impeachment não tem legalidade real, mas também porque o povo brasileiro jamais optou por esse caminho. É um golpe ao voto que o povo deu num projeto diferente desse. A escolha do povo na última eleição foi a escolha por enfrentar a crise com saídas diferentes das que Temer aponta, afirmou Manuela.
Do Portal PCdoB com DN de Portugal
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