O papel do Estado e do Plano Emergencial de Emprego e Renda
As propostas das centrais sindicais,
dos movimentos sociais e de partidos de oposição na cidade de São Paulo são
opostas ao programa do governo Bolsonaro. De certo modo, essa é uma posição
natural, pois desde sempre os objetivos do bolosnarismo não passam nem perto
dos interesses do povo e do país. A grande notícia é a entrada em cena de mais
uma ação relevante de uma movimento organizado que expressa resistência
determinada ao desastre em andamento.
Em momentos assim, de crises graves,
ideias são tão importantes quanto ações. Não é preciso grandes elucubrações
para se saber quem paga a conta de uma administração que age abertamente para
salvar uma meia dúzia de sempre dos efeitos de mais um impulso da crise do
capitalismo. Nunca é demais lembrar que a reprodução do capital é a base desse
sistema. Para enfrentar suas contradições estruturais, ele precisa de políticas
como essa do governo Bolsonaro.
O ministro da Economia, Paulo Guedes,
diz isso sem medir palavras. Seu conhecido mantra tem resultados tão
previsíveis quanto o dia depois da noite. Ele se vale da retórica demagógica
para levar adiante suas ações. É natural. Sem contraponto às suas perorações,
com os principais veículos da mídia cerceando o livre debate e a circulação de
ideias por interesses ideológicos de classe, o imaginário popular fica expostos
a essas pregações como dogmas prontos e acabados.
Nesse ponto está a maior importância
desses movimento de São Paulo. Suas ideias são o contraponto ao dogma de que a
livre reprodução do capital gera prosperidade e felicidades para todos de modo
igual. Com as propostas do Plano Emergencial de Emprego e Renda, esse movimento
está dizendo com ênfase que o capital do Estado deve circular em outra esfera –
a da produção, essencial para um mínimo de bem-estar social coletivizado.
Nesse ponto e contraponto, aparece
com nitidez o papel do Estado. Ou, dito de outra forma, para onde vão os
recursos arrecadados do conjunto da população. E como o patrimônio público
acumulado ao longo do tempo – estatais e agências de fomento, como O BNDES e a
Petrobras, principalmente – deve ser usado.
A dicotomia se estabelece de forma
cristalina. A questão é saber se esse capital deve sair da esfera pública para
a privada sem nenhuma garantia de retorno, na esperança de que, como diz o
mantra de Paulo Guedes, ele vai premiar a todos, ou se ele deve ser aplicado em
projetos de desenvolvimento.
Aí está a grande xarada. Isso precisa
ser dito de forma alta e clara, como aconteceu em São Paulo. Essas propostas
desdobradas em ações políticas tendem a aglutinar amplos setores e se
transformarem em catalizador de ações ainda mais vigorosas. Se o capital tenta
cercear o debate em seus canais de mediação ideológica, cumpre ao trabalho
abrir espaço para se manifestar e somar forças.
Essa é a palavra: forças. O projeto
de poder que se impôs desde o triunfo do programa de governo ultraliberal e
neocolonial com o golpe do impeachment em 2016 marchou para
esse desastre em que o país mergulhou não porque galvanizou interesses
populares, mas porque acumulou forças. A tática para enfrentá-lo comporta
nuances, flexibilidades e, sobretudo, clareza de objetivos. Esse é outro aspecto
relevante do Plano Emergencial de Emprego e Renda. Fonte: Portal Vermelho - Dia: 19/11/2019 às
23:36:34
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