por Eron Bezerra
Publicado 09/02/2021 07:00 | Editado 08/02/2021 19:05
O governo poderia
assegurar 01 ano de auxílio emergencial para 100 milhões de brasileiros (as)
usando apenas 10% do que o Orçamento reserva para banqueiros e demais
especuladores. Mas a sua proposta é cortar salário de servidores.
Esse é o novo
“presente” do governo Bolsonaro aos servidores públicos: a ameaça de corte de
salários, sob o argumento de que precisa de recursos para o auxílio
emergencial, cuja suspensão lhe rendeu mais de 20% na taxa de rejeição.
E antes que algum
bolsonarista, possuído pela “síndrome de Estocolmo”, diga que não há recurso e
outras hipocrisias do gênero para bancar o justo auxílio emergencial – aliás,
aprovado graças a luta dos partidos de oposição – vamos aos números e fatos.
Nem vou nem
argumentar que a Constituição Federal determina que “o subsídio e os
vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis” (Art.
37, inciso XV) – ressalvado os casos previstos em lei – porque no atual governo
não há qualquer respeito ao devido processo legal. Seus apoiadores, portanto,
não devem se importar muito com mais essa ilegalidade. Afinal, já pararam de
bater panela há bastante tempo e hoje, passivamente, assistem Bolsonaro ameaçar
fechar as demais instituições, trabalhar diuturnamente para evitar que os seus
sejam investigados e pregar abertamente uma ditadura militar. O escapismo de
seus apoiadores é atacar os eventuais erros de outros governos. Mas até para o
cinismo há limites.
Vou direto ao que interessa.
Dinheiro há e bastante. Como se gasta é o que determina o caráter de classe e o
compromisso social dos governos.
No Orçamento da
União de 2021, em tramitação no Congresso, há uma previsão de 144,3 bilhões de
reais para investimentos e o Orçamento Fiscal e da Seguridade Social
está estimado em 4,148 trilhões de reais (4.147.580.314.649). Mas,
pasme, está reservado para a Dívida Pública (banqueiros e demais
especuladores) nada menos do que 2,23 trilhões de reais, ou seja, 54% de
todo o orçamento fiscal.
A pretensão do
governo é conceder mais 3 meses de auxílio emergencial a 200 reais/mês. Basta
cortar 2,7% do montante reservado aos banqueiros e demais especuladores. Se
quiser estender o benefício até dezembro, o que seria o correto, é possível
resolver com 10% dessa montanha reservada para a especulação. E por que, então,
o governo se volta contra os servidores? Talvez porque a sua histeria
anticientífica tenha encontrado eco no ambiente, inclusive nas universidades e
demais instituições de pesquisa, o que lhe permite se sentir à vontade para nos
tripudiar.
Como o governo é
dos banqueiros e demais agiotas, seus lucros bilionários continuarão intactos.
E o governo se volta contra os servidores públicos, trabalhadores cuja
importância a cada dia só fica mais evidente. Infelizmente, também, cada dia
com menos parlamentares a se levantar em sua defesa no Congresso e demais casas
legislativas.
Espero, a partir
dessa demonstração inequívoca de dados, nunca mais ouvir baboseiras e vigarices
como, por exemplo, de que o caos atual é por conta de estádios superfaturados e
outras sandices alardeadas pelas “viúvas do Moro”. Se alguém tem fatos – e não
convicções – apresente, denuncie e se puna quem cometeu ilícitos. Mas jamais
usem subterfúgios para acobertar bandalheiras.
As opiniões expostas neste artigo não
refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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