O ato reunião diferentes lideranças política e sociais e foi um dos momentos altos do congresso que se realiza neste final de semana.
Publicado 16/10/2021 18:07
Foto: Richard Silva
A amplitude e a
unidade, marcas históricas da forma de fazer política do PCdoB, deram o tom do
ato político do 15º Congresso “Haroldo Lima”, realizado neste sábado (16). O
evento, feito de maneira virtual, contou com manifestações de importantes
lideranças da política, dos movimentos sociais, sindical e da cultura que
expuseram sua admiração pela legenda comunista e destacaram a importância da
frente ampla para enfrentar os atuais desafios do país.
Apresentado pela
deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder da Minoria da Câmara, e
pela ex-deputada de Santa Catarina, Ângela Albino, o ato foi iniciado pela
presidenta nacional do partido e vice-governadora de Pernambuco, Luciana
Santos, configuração que explicitou a força das mulheres no mais longevo
partido brasileiro, que em 25 de março de 2022 completa 100 anos de existência
e luta pelo país.
Devido à pandemia, a parte presencial do evento contou apenas com alguns dirigentes do PCdoB, que usaram máscaras e foram testados previamente. A participação militante e as saudações foram realizadas por vídeo. Dentre as personalidades que se manifestaram estão o ex-presidente Lula; o ex-ministro Ciro Gomes; os senadores à frente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD/AM) e Renildo Calheiros (MDB-AL) e Guilherme Boulos (Psol).
Pluralismo
fortalece a democracia
Ao abrir o ato
político, a presidenta do PCdoB, Luciana Santos, salientou que “este momento é
um ponto alto do nosso 15º Congresso. Vocês irão acompanhar a demonstração de
convívio democrático que estabelecemos ao longo de décadas com as
forças políticas, democráticas e forças vivas do nosso país. O pluralismo
fortalece a democracia”.
Foto: Richard Silva
Luciana destacou
que os congressos do PCdoB, que acontecem a cada quatro anos, são “o auge da
democracia interna”. Na atual conjuntura, disse, o partido estabeleceu dois
focos para os debates: a luta para desmascarar, isolar e derrotar Bolsonaro e
as linhas de construção partidária para o fortalecimento do papel do PCdoB no
país.
A dirigente apontou
a gravidade da situação do país ao tratar do caráter do governo Bolsonaro,
ultraliberal na economia, retrógrado nos costumes e autoritário na política. “A
resultante desse governo é que ele deixou o Brasil à deriva; 800 mil empresas
quebraram; temos quase 15 milhões de desempregados. Voltamos à vergonhosa marca
de retornar ao mapa da fome e temos a pior inflação dos últimos 20 anos”.
Para completar,
destacou, “esse presidente se comportou como um verdadeiro aliado do vírus, um
negacionista que nunca atendeu a nenhuma orientação, seja das autoridades
sanitárias, seja da OMS ou das experiências exitosas no mundo. Na verdade,
muito pelo contrário: o que ele praticou foi uma atitude criminosa, querendo
levar o Brasil a uma experiência de laboratório, com imunidade de rebanho e uso
da cloroquina, e perdemos 600 mil brasileiros e brasileiras”.
Diante de tudo
isso, ressaltou, “vimos a reação do povo brasileiro e das forças vivas da
população. Desde o primeiro momento foram constituídas frentes amplas,
diferenciadas, entre elas a de governadores e prefeitos e a reação na Câmara
que garantiu o auxílio emergencial e a proteção da economia. Vimos a luta pela
vacina, pelos leitos, para que pudéssemos ter os equipamentos para salvar
vidas”.
A dirigente
concluiu seu discurso enfatizando: “estamos aqui para levar esperança, para
virar o jogo. Essa é a nossa disposição: frente ampla pela democracia, para
reconstruir a nação. Firme na luta! Vamos à vitória”.
“Juntos seremos
muito mais fortes”
Foto: Richard Silva
Em mensagem de
vídeo enviada ao PCdoB, o ex-presidente Lula destacou as dificuldades do
cenário nacional: “Vivemos um momento difícil, com pandemia, a prevalência da
ignorância sobre a inteligência; com um governo genocida que não respeita os
direitos humanos, que não tem sentimento, que não conversa com a ciência, com
os especialistas para encontrar saídas para os graves problemas do país”.
Lula salientou que
o Brasil “voltou ao mapa da fome depois de termos tirado em 2012” e acrescentou
que “este país já foi muito melhor e vocês, companheiros e companheiras do
PCdoB, ajudaram na construção do país”. Lula declarou ainda: “Tenho saudades do
tempo que governamos com o PCdoB participando ativamente do governo, no
esporte, no turismo, na direção da ANP quando descobrimos o pré-sal”.
O PCdoB, disse o
ex-presidente, “sempre teve participação histórica e extraordinária nos
momentos mais difíceis deste país, mesmo quando viveu na clandestinidade por
imposição de regimes autoritários. O PCdoB, que ressurgia como Fênix a cada
momento que se sombreava a abertura nesse país, está passando novamente por
privações porque, na tentativa de limitar os partidos políticos de existirem
livremente, estão obrigando os partidos a pensarem como sobreviver” e
acrescentou que “ a duras penas, conseguimos que as federações fossem
aprovadas”.
Lula disse ainda
que “o PCdoB sempre pode contar com o PT” e que nunca esqueceria de João
Amazonas e Haroldo Lima — “companheiro da mais alta qualidade e competência com
quem eu tive o prazer de ser deputado constituinte”.
O ex-presidente
concluiu sua fala dizendo: “É sempre muito importante a gente ter a certeza de
que o Brasil tem um partido como o PCdoB, que poderia ser muito maior se não
fossem os obstáculos criados ao longo da história, se não fossem as mortes
ocorridas por culpa do regime autoritário dos membros do PCdoB. Mas sempre é
tempo de reconstruir e o PCdoB continua vivo como em qualquer outro momento
histórico para lutar, para dizer que não desistirá, não vai esmorecer,
que vai sobreviver e sair mais forte desta situação difícil que
vivemos no Brasil. E eu espero que a gente esteja junto em muitas lutas porque
o Brasil que eu sonho, tenho certeza de que é o Brasil que o PCdoB sonha.
Juntos seremos muito mais fortes, podemos muito mais; sozinhos, seremos presas
fáceis na mão dos adversários”.
Luta, palavra que
sintetiza o PCdoB
O ex-ministro e
ex-governador Ciro Gomes, do PDT, também saudou o 15º Congresso, destacando a
essência dos comunistas: “Uma palavra curta, de apenas quatro letras, mas cheia
de uma energia fabulosa, é a que melhor define a história desse bravo partido:
luta. Essa é a palavra que sintetiza e expressa o que tem sido a história desse
inquebrantável PCdoB, partido da luta popular, da luta a favor do Brasil, dos
mais pobres, dos negros, das mulheres e de todos os oprimidos. É por viver na
luta justa que o PCdoB tem uma energia que o faz sempre jovem, forte e
vigoroso”.
Ciro salientou que
do 15º Congresso “vão sair novas diretrizes para este partido e novas propostas
para melhorar o nosso Brasil nesse momento tão difícil da vida nacional, para
ampliar a luta que este grande partido vem tocando sob o comando da minha amiga
Luciana Santos, a favor do Brasil e contra o governo genocida de Bolsonaro”.
Ele agregou que “nós, companheiros do PDT, também estamos nessa luta e nos
somamos aos esforços para buscar um projeto nacional de desenvolvimento que
devolva ao Brasil a capacidade de avançar e reduzir desigualdades”.
Ao finalizar sua
mensagem, o ex-ministro declarou, em homenagem a históricos dirigentes do
PCdoB: “Temos claro o tamanho dos desafios que temos pela frente para defender
nosso povo. Esse é o grande desafio e compromisso que temos, um compromisso de
luta que era também de João Amazonas — presente! —; de Pedro Pomar — presente!
—; de Maurício Grabois — presente! —; de Elza Monnerat — presente! —; de
Diógenes Arruda — presente! —; de Haroldo Lima — presente! — e de tantos outros
guerreiros do povo brasileiro”.
Guilherme Boulos,
do Psol, destacou a “linda história do PCdoB ao lado do povo e das lutas
sociais em nosso país”. Ele salientou que o partido “constrói, de longa data,
um projeto nacional e popular para resolver os graves problemas e contradições
da sociedade brasileira. E esteve na linha de frente da luta contra a ditadura
militar, por democracia e direitos sociais; na luta da juventude, dos sem-teto,
dos sem-terra”.
Boulos acrescentou
que “é um tremendo orgulho ter, nos últimos anos, compartilhado as trincheiras
com a militância do PCdoB, na luta contra o golpe de 2016, por democracia e
direitos sociais e hoje na luta contra Bolsonaro. Ver o PSol e o PCdoB nas
mesmas trincheiras é algo que nos anima e espero que possamos estar ainda mais
juntos no próximo período. Nosso desafio agora, além de virar a página desse
pesadelo do Bolsonaro, é também derrotar tudo que o bolsonarismo representa”.
Essencial para a
democracia brasileira
O presidente da CPI
da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), apontou que “a realização do 15º
Congresso é de uma importância vital nesse momento que o país vive, com tantas
perdas sociais e na democracia. A luta centenária do PCdoB não pode ser
esquecida. Seus dirigentes e militantes são um diferencial, como foi lá atrás,
pela redemocratização, pelas Diretas. O Brasil é um país muito grande e o PCdoB
é um partido grande, tem história”. O senador também declarou seu voto pela
federação “para que o partido continue tendo, no Congresso, representantes que
tenham ouçam as pessoas mais necessitadas desse país”.
O relator da CPI,
senador Renan Calheiros (MDB/AL) destacou que o PCdoB tem quase cem anos “de
lutas históricas, de dedicação ao Brasil e ao povo, de defesa da democracia e
da soberania”. Ele lembrou que na Constituinte, “nossos votos aprovaram, entre
muitos avanços, o artigo 196 da Constituição, que estabelece a saúde como
direito de todos e dever do Estado e assim nasceu o SUS, o mais avançado e
generoso sistema de saúde pública do mundo. Juntos, criamos instituições sólidas,
a proteção ao trabalhador urbano e rural, a garantia dos direitos humanos e da
vida, princípios que hoje voltam a correr perigo e têm que ser igualmente
defendidos. Por isso o PCdoB, ao longo de seus cem anos, foi e continua sendo
essencial para a democracia brasileira”.
No ritmo da poesia
de cordel, o líder do PCdoB, Renildo Calheiros, declamou:
Muitas lutas se
passaram nessa nossa trajetória
E foi com os punhos cerrados que construímos a história
São cem bem vividos
E com nosso povo unido, chegaremos à vitória
Venceu a democracia nessa grande construção
Precisamos juntar gente para defender a nação
Elaborar bom programa, fazer a federação,
Isolar o Bolsonaro e vencer a eleição!
Viva o Partido Comunista do Brasil!
Amplitude
Foto: Richard Silva
Ao longo de todo o
ato, o PCdoB recebeu diversas manifestações que, conforme destacou a deputada
federal Jandira Feghali, demonstram na prática a amplitude política do partido.
Em comum, as mensagens em vídeo ressaltaram a história de lutas e a capacidade
do PCdoB de dialogar com diferentes forças políticas, bem como o destacado
papel que tem tido no enfrentamento ao bolsonarismo e na defesa da democracia e
dos interesses do povo. Foram neste sentido as manifestações dos governadores
Paulo Câmara (Pernambuco); Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) e Renan Filho
(Alagoas) e dos senadores Paulo Rocha (PT-PA) e Jacques Wagner (PT-BA).
Também enviaram
saudações em vídeo os deputados Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da
Câmara; Wolney Queiroz, líder do PDT; Bohn Gass, líder do PT; Joenia Wapichana
(Rede-RR); Marcelo Freixo (PSB-RJ), líder da Minoria; Alessandro Molon
(PSB/RJ), líder da Oposição; Cacá Leão, líder do Progressistas; Isnaldo
Bulhões, líder do MDB; Hugo Mota, líder do Republicanos; Talíria Petrone, líder
do PSol; Danilo Cabral, líder do PSB; Alexandre Manente, líder do Cidadania;
Rodrigo de Castro, líder do PSDB e Silvio Costa Filho (REP/PE).
O PCdoB recebeu,
ainda, mensagens em vídeo dos presidentes do PT, Gleisi Hoffmann; do PSol,
Juliano Medeiros; do PSB, Carlos Siqueira e do PL,
Valdemar Costa
Neto. Também se manifestaram em vídeo o ex-ministro Tarso Genro, além dos
representantes dos movimentos sociais Fernando Guimarães, do Direitos Já e
Fórum pela Democracia; Bruna Brelaz, presidenta UNE; Helena Nader, presidenta
de honra da SBPC; Kelly Maford, da coordenação nacional do MST e Olivia
Carolino, da direção nacional da Consulta Popular, além dos presidentes das
centrais sindicais Adilson Araújo (CTB); Ricardo Patah (UGT); Sergio Nobre
(CUT) e Miguel Torres (Força Sindical),
No campo da cultura
e da comunicação, saudaram o PCdoB a cantora e deputada estadual do PCdoB-SP,
Leci Brandão; o cantor e compositor da música “A Bandeira do Meu Partido”, em
homenagem ao PCdoB, Jorge Mautner; e o jornalista Leonardo Attuch (Brasil 247).
Foto: Richard Silva
A mesa do ato foi
composta pelos dirigentes do Comitê Central (esquerda para a direita): Márcio
Cabreira, Neide Freitas, Davidson Magalhães, Jô Moraes, Walter Sorrentino
(vice-presidente); Luciana Santos (presidenta), Vanessa Grazziotin, Nivaldo
Santana, Daniel Almeida, João Vicente Goulart, Ricardo Alemão Abreu e Fábio
Tokarski.
Assista abaixo o
vídeo do ato político
Fonte: Portal PCdoB
CIRO GOMES, GUILHERME BOULOS, JANDIRA FEGHALI, LUCIANA SANTOS, LULA, OMAR AZIZ, PCDOB, RENAN CALHEIROS
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