
O IV COINE DO PAJEÚ E ALGUNS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
No dia 06 de outubro de 2021 aconteceu, de forma virtual, a IV Conferência Intermunicipal de Educação da Região do Pajeú. Participou dela um Consórcio de 14 municípios do Pajeú, entre eles o município de Tabira. A Conferência foi organizada pelo município de Carnaíba, com a participação na apresentação dos trabalhos do município de Solidão, e contou como palestrantes Humberto Gonzaga – UNCME, Socorro Valois – UFRPE, Drª Mirtes Gonçalves e, pelo Eixo IX, a presidente do Sinduprom, Dinalva Pereira. Qual foi a importância e desafios debatidos nessa Conferência? Como delegados de Tabira à Conferência Estadual foram escolhidos Dedé Rodrigues e Dinalva Pereira.
A educação no Brasil tem um histórico
de atrasos, avanços e retrocessos, mas o processo dialético da vida, que também
comporta esse fenômeno social, insiste no avanço, mesmo dentro de conjunturas
adversas, como a que vivemos atualmente. Uma das conclusões importantes do IV
COINE é a de que a educação precisa se transformar em um política de Estado e
não só de um governo. A necessidade de mais investimentos na educação, em
relação ao PIB, a busca pela educação pública, laica, de qualidade, com
equidade, é um desafio que os participantes dessa Conferência fizeram questão
de discutir e aprovar.
Outro desafio discutido na
conferência foi a importância dos Conselhos Municipais de educação, bem como, a
atuação dos conselheiros na busca dos objetivos do parágrafo anterior. Os
conselheiros precisam ser pesquisadores, leitores e bem informados para poderem
compreender e atuar melhor na função que exercem. Os próprios conselhos fazem
parte de uma conquista democrática da sociedade no seu processo de evolução,
mas a educação, como lembrou Velois, (2021) é um bem e, “como todo bem social,
a educação é um fenômeno em disputa”. Por isso é importante questionar: Qual é
o conteúdo dessa disputa e quais grupos ideológicos estão em conflito?
A essência da disputa ideológica no
campo educacional estão duas concepções, aquela que ver a educação como uma
mercadoria, defendida pelas forças neoliberais, dentro de vários partidos, em
especial da direita liberal e do centro direita e da extrema direita
brasileira atual. Contra as forças de esquerda ou centro esquerda,
os nacionalistas, desenvolvimentistas, socialistas, comunistas etc.
É decorrente dessa disputa histórica no campo educacional que colhemos avanços
ou retrocessos, dependendo da correlação de forças de cada momento histórico. Daí
porque ser importante responder as seguintes questões na próxima parte dessa
matéria: Quais são os obstáculos atuais que precisamos superar na
educação e na sociedade brasileira? Qual é a educação e o país que precisamos
construir no futuro? É importante compreender que a sociedade e a educação
estão intrinsicamente ligadas? O que fazer diante das resoluções dessa
conferência e de tudo que foi exposto?
QUAL É A EDUCAÇÃO
E O PAÍS QUE QUEREMOS?
Na primeira parte da matéria abordamos diversos desafios da educação atual debatidos no IV COINE da Região do Pajeú. Nessa parte vamos tentar responder aos seguintes questionamentos: Quais são os obstáculos atuais que precisamos superar na educação e na sociedade brasileira? Qual é a educação e o país que precisamos construir no futuro? É importante compreender que a sociedade e a educação estão intrinsicamente ligadas?
Um país de capitalismo atrasado e dependente como o nosso, ainda
mais governado pela extrema direita, autoritária na política e liberal na
economia, aumenta substancialmente os obstáculos para a construção de uma
educação pública e de qualidade. As reformas neoliberais implementadas por
Temer e, seguidas a risca por Bolsonaro, não só impactaram negativamente na
educação, mas prejudicaram toda
sociedade.
A Reforma do Ensino Médio, de viés neoliberal,
abre espaço para privatização do ensino público e também para os alunos
livrarem-se de ciências humanas, disciplinas tão caras para o despertar do
senso crítico e para a tomada de consciência política. A redução dos
investimentos em educação, com a PEC do Teto dos Gastos; os cortes na área de
pesquisa Científicas e da CNPQ, em torno de 90%, vão jogando o país no caos e
nas trevas.
Como se vê superar os obstáculos da educação passam pelo enfrentamento,
hoje no Brasil da extrema direita negacionista, autoritária, antinação, antidemocrática e
antipovo, e a defesa da educação pública, democrática,
laica, de qualidade, com equidade e, também, a defesa da democracia. Pois é
necessário aumentar os investimentos do PIB, em relação à
educação, em pelo menos 10%. Capacitar os professores com
tecnologia, com cursos de libras, implantar um PCC que valorize os
profissionais da educação, interiorizar os cursos de pós graduação, mestrado e
doutorados etc. Tudo isso foi aprovado na nossa Conferência, mas será descartado
pelo governo Bolsonaro, pois a educação e o país que precisamos construir para
o futuro, é uma educação humanizadora e um país mais democrático e socialmente
mais justo, mas para isso precisamos de um novo projeto nacional de
desenvolvimento para o país e, isso só será possível apeando Bolsonaro do
poder, pois o projeto de educação não está separado de um projeto de nação e o
governo atual é um entrave a todos esses avanços.
Diante do exposto resta ainda
responder duas questões: o que fazer diante das resoluções dessa conferência e
de tudo que foi exposto? Como se organizar no chão da escola? Como
fortalecer a nossa democracia?
A IV COINE que teve o objetivo de discutir e deliberar sobre o tema “Inclusão, equidade e qualidade: compromisso com o futuro da educação brasileira”, colocou nas mãos dos participantes um desafio complexo da atualidade. De acordo com algumas deliberações, citadas nas duas matérias anteriores, os 14 municípios do Pajeú envolvidos, fizeram a sua parte, mas os desafios continuaram no próximo evento estadual, o CONAPE, que ocorrerá em data ainda não definida. O objetivo dessas conferências é discutir as políticas públicas para o próximo decênio, com foco na reelaboração do novo Plano Nacional de Educação e do Sistema Nacional de Educação.
Foi
citado anteriormente que a educação está ligada à sociedade, logo ela está ligada
também ao sistema político, econômico e social do país. Nesse sentido, tendo em
vista um país em crise sanitária e crise geral, vai exigir dos delegados
eleitos para o CONAPE, muita informação e capacidade de intervenção para deliberar, não só sobre as nossas proposta aprovadas aqui no Pajeú, mas as novas
propostas que surgirem nesse próximo evento.
A nossa democracia, apesar dos
inúmeros limites dela, dependendo das conjunturas e da correlação de forças de
cada momento, os movimentos sociais, as conferências, as eleições etc. Fizeram
avançar o processo, a exemplo da aprovação dos recursos federais para o último Fundeb no Congresso Nacional. Mas devemos comparar a democracia a uma
árvore, que tendo as suas raízes bem cuidada, aguada, adubada, dar bons frutos e
boas sombras. Daí porque é pelas raízes
dela na sociedade, a escola, que precisamos exercer à democracia. É claro que
ela funciona impactando de fora para dentro e de dentro para fora, Mesmo não sendo "o rabo que balança o cachorro, mas o contrário, é preciso vivenciar a democracia no “chão da escola” para darmos um passo importante. Nesse sentido precisamos ter grêmios
estudantis atuantes em todas as escolas que forem possíveis criar. Precisamos
de Conselhos Escolares atuantes, Conselhos Municipais atuantes e gestões
escolares democráticas, eleitas pela comunidade escolar em todos os municípios.
Ao mesmo tempo, não será possível
avançarmos na construção de uma educação pública, laica, de qualidade, com equidade
se não tivermos um professor ou professora consciente, filiado ou filiada ao
seu sindicato. Um sindicato que seja plural, não partidarizado, democrático,
presente e atuante no chão da escola. Em
uma sociedade, dividida em classes
sociais, a educação da grande burguesia, neoliberal, privatista, não é a mesma da classe trabalhadora. Quanto
mais essas classes têm consciência disso, e, a burguesia têm, mas ela “puxará a sardinha para o seu prato”, daí porque é necessário todos os professores se filiarem,
se organizarem, estudarem, lutarem e se formarem politicamente na sua entidade
classista.
Por fim, em um país em crise
geral, com está o Brasil, precisamos criar várias “frentes amplas” para lutarmos por objetivos sanitários
e econômicos, como a vacinação geral e um auxílio emergencial de pelo menos de 600
reais, e por objetivos imediatos, como salvar a democracia e o país de um
presidente de extrema direita, antidemocrático, antipatriota, antinação e antipovo.
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