Delegados ao 15º Congresso do Partido também aprovaram as Diretrizes para uma Plataforma Emergencial de Reconstrução Nacional
por André
Cintra
Publicado 17/10/2021 16:52 | Editado 17/10/2021 20:29
O 15º Congresso do
PCdoB (Partido Comunista do Brasil) – o primeiro a ser realizado sob o governo Jair Bolsonaro e
a pandemia de Covid-19 – conclamou a militância à luta contra o
bolsonarismo, a extrema-direita e as múltiplas crises vividas no País. Um dos
pontos centrais da Resolução, aprovada por unanimidade neste domingo (17), é o
#ForaBolsonaro. O documento também estabelece como prioridade a tarefa de
“revigorar o Partido”, que alcança seu centenário em 2022 – ano de eleições
gerais.
“Essa resolução é a
expressão concentrada de consensos progressivos laboriosos que foram
construídos desde junho. Foi um imenso trabalho coletivo”, afirmou o
vice-presidente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, em nome da Comissão de
Relatoria do Congresso.
Apresentado pelo
Comitê Central do PCdoB há quatro meses, o Projeto de Resolução foi debatido
por milhares de filiados ao Partido. A partir desse texto-base, as etapas
preparatórias ao Congresso – que incluíram assembleias de base, plenárias de
filiados e conferências de categoria, distritais, municipais e estaduais –
mobilizaram mais de 33 mil militantes.
Na plenária final
do Congresso, a Comissão de Relatoria, composta por 22 membros e liderada pela
presidenta nacional do Partido, Luciana Santos, recebeu mais de 150 emendas.
“Todas foram examinadas uma a uma”, afirmou Walter. A diretriz da comissão foi
manter a concisão e a objetividade do texto, mas atualizar seu conteúdo.
Praticamente não
houve divergências em relação às duas primeiras partes do documento, que tratam
das conjunturas internacional e nacional. No eixo “Transição na ordem mundial
se intensifica e acelera na pandemia”, o Partido conclui que os Estados Unidos
fracassaram ao tentar impor, a partir dos anos 1990, uma ordem unipolar após a
queda do bloco socialista.
O vice-presidente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino
“A principal
característica da conturbada transição em curso são o declínio relativo da
superpotência estadunidense e a emergência de novos polos de poder econômico,
político, diplomático e militar, oriundos sobretudo da antiga semiperiferia e
periferia do sistema internacional. O fenômeno mais representativo dessa
tendência é o protagonismo da China socialista como potência, e a recuperação
do poder nacional da Rússia”, indica a Resolução.
#ForaBolsonaro
O eixo nacional
(“Isolar e derrotar Bolsonaro – A questão premente para salvar o País”)
levanta, nas palavras de Walter Sorrentino, “tarefas políticas imediatas e em
perspectiva” para o PCdoB. O dirigente salientou que o cenário político se
alterou nos últimos meses. Desde o lançamento do Projeto de Resolução, a frente
ampla pelo #ForaBolsonaro cresceu. A CPI da Covid-19 comprovou, no Senado, as
omissões e os crimes do governo federal no enfrentamento à pandemia. Houve
novas e grandes manifestações contra o presidente, que viu sua rejeição bater
recorde.
Tudo isso, segundo
Walter, tornou a luta contra Bolsonaro ainda mais urgente. “Temos de acabar com
este governo genocida”, frisou o dirigente. De acordo com a Resolução, “é a
tática de frente ampla democrática, respaldada pela mobilização política do
povo, a orientação e a conduta política eficazes para se enfrentar,
desmascarar, derrotar Bolsonaro, bem como conter e repelir o persistente
estratagema golpista para liquidar o regime democrático”.
A Resolução destaca
a importância de “revigorar o PCdoB” frente aos desafios atuais. “Temos de
construir um Partido à altura da grande causa que defendemos”, afirmou, em seu
informe ao Congresso, a dirigente comunista Luciana Santos. No Congresso, esse
tema – os rumos do PCdoB – foi o que mais gerou debates e emendas ao documento.
“É imperativo
superar limitações e insuficiências que se apresentaram nos últimos anos e
levaram ao enfraquecimento de sua influência na luta social e setores médios,
com reflexos importantes na sua força organizativa e em seu desempenho
eleitoral”, aponta o texto. “Fazer do PCdoB a força consciente, combativa,
coesa e militante, para enfrentar o neofascismo e constituir uma ampla frente
popular, democrática e patriótica para a transformação do Brasil, demanda um
revigoramento geral da vida partidária.”
Federações
partidárias
Se o #ForaBolsonaro
já está na ordem do dia, os comunistas terão como principal desafio, em 2022,
as eleições gerais. Pela primeira vez, os partidos não poderão se coligar nas
eleições proporcionais. Em compensação, duas ou mais legendas podem se unir nas chamadas
federações partidárias – uma conquista democrática aprovada em
setembro no Congresso Nacional.
“Inserimos na
Resolução um texto um pouco mais longo sobre as federações partidárias
justamente para reforçar seu sentido estratégico, democrático. As federações
podem descortinar um novo ciclo partidário no Brasil”, declarou Walter
Sorrentino.
O documento do
Congresso ressaltou que, em 2022, o PCdoB deve dar máxima visibilidade à celebração de seus
cem anos. “O Centenário – sua agenda de comemorações, atividades,
publicações – constitui-se um trunfo relevante para emular o coletivo militante
e sensibilizar os setores progressistas da sociedade quanto ao legado do PCdoB
à Nação, à classe trabalhadora e sua indispensabilidade à democracia e ao
País.”
O 15º Congresso do
PCdoB deixa, ao final de sua Resolução, uma mensagem de otimismo para os
militantes. Se é possível vencer a pandemia e o bolsonarismo, os comunistas
também são capazes de suplantar os entraves que hoje dificultam e tentam
inviabilizar as lutas do Partido. “Estejamos, todas e todos, confiantes de que,
com lucidez, espírito militante e coesão de nosso coletivo, serão superados os
desafios atuais”, conclui a Resolução.
Os delegados ao
Congresso aprovaram, ainda, as Diretrizes para uma Plataforma Emergencial de
Reconstrução Nacional. O documento ficará, agora, sob
responsabilidade do Comitê Central e vai subsidiar a elaboração da plataforma
do PCdoB para as eleições 2022.
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