terça-feira, 9 de novembro de 2021

A FARSA DA COP26 (CONFERÊNCIA DO CLIMA DA ONU)

 Por Nildo Melo


               Está acontecendo na cidade de GLASGOW, uma cidade da Escócia, província do Reino Unido, na Europa, a 26° Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas (COP26), para debater exclusivamente questões sobre o Clima e o Aquecimento Global, ou seja, os líderes das 198 nações mundiais preocupados com as rápidas mudanças que afetam o clima mundial e as crescentes emissões dos gases de efeito estufa (concentração de gases na atmosfera, os quais asseguram  a passagem os raios solares e a absorção do calor, ameaçando à vida dos seres sobre a terra), causando desequilíbrio no clima, como o derretimento de geleiras,  aumento de temperatura climática, aumento de áreas desertificadas, desmatamento acelerado das áreas de florestas, pondo fim a biodiversidade, ameaçando todos os seres vivos na face da terra.

                É de admirar tamanha preocupação desses senhores representantes do setor produtivo, ou seja, dos homens mais ricos do planeta e que controlam os estados nacionais, sendo eles os representantes dos que emitem os gases de efeito estufa;  degradam o meio ambiente; destroem as florestas; canalizam os dejetos das cidades para os mares e rios; exploram a biodiversidade das florestas; compram a madeira do desmatamento ilegal; emitem toneladas de poluentes pra a atmosfera; enriquecem às custas da extração da energia fóssil e minério de carvão mineral; fecham os olhos para a mortandade da fauna marinha, com a pesca predatória e o despejo de lixo plástico nos oceanos; entre outras atrocidades ambientais nunca vista na história da humanidade e agora, estão preocupados com o meio ambiente? Estão querendo correr atrás do prejuízos ambientais? Querem investir seus miseráveis dólares na recuperação da natureza?

               Essa é a vigésima sexta Conferência da ONU sobre o clima, dando sequência a Conferência  de Paris – COP21, em 2015, que desempenhou um papel muito importante da mudança dos olhares para o meio ambiente e o aquecimento global, já tendo se passado seis anos daquele momento tão significativo e tudo continuou como antes. O que mudou a partir da Assinatura do Protocolo de Combate a degradação da terra e redução dos gases de efeito Estufa? Uma jovem sueca e ativista das causas ambientais, de apenas 18 anos, Greta Thunberg fez o discurso na abertura da Conferência, chamando a responsabilidade dos dirigentes mundiais, a respeito que  “os nossos ecossistemas estão morrendo, as pessoas e os governantes só falando em dinheiro e de contos de fadas sobre um crescimento econômico eterno”

                O que estamos discutindo aqui, precisa ficar claro entre nós, é uma questão de classes sociais, entre ricos e pobres, entre exploradores e explorados, pois quem vai ter suas casas inundadas pelas águas dos oceanos, como é o caso do Recife, não serão os ricos que moram em arranha céus, bairros nobres das grandes cidades ou vilas ecológicas protegidas. Quem sofrerá as consequências dessas catástrofes ambientais serão as populações dos manguezais, das palafitas, os trabalhadores  do campo e da cidade, os  subempregados, os desempregados e marginais da sociedade capitalista.

                Segundo dados da ONG Oxfam, “As emissões carbônicas do grupo populacional que constitui 1% mais rico do mundo deverão exceder em 30 vezes o limite que era necessário para a manutenção do nível das emissões que evitaria o aumento da temperatura global em 1.5°C em até 2030. Enquanto a pegada climática dos 50% mais pobres do mundo, deve se manter bem abaixo  do limite até 2030”. Ou seja, o Norte rico polui e o Sul subdesenvolvido paga pelas consequências.

                Enquanto o debate do blá blá blá segue na COP26, vários movimentos sociais que representam os trabalhadores e organizações não governamentais, que realmente estão vivenciando as consequências do aquecimento global e os efeitos devastadores sobre a agricultura em todo mundo, estão  fora do debate, pois a direção da Conferência dificulta a participação desses setores nos grupos temáticos, mostrando a cara do Capital até para se discutir uma questão de interesse de todos os segmentos sociais do  planeta, que estão envolvidos direta ou indiretamente nesse pauta climática.

                No segundo dia da Conferência, foi assinado um tratado de desmatamento zero até 2030, segundo os analistas capitalistas, isso foi uma grande vitória para o mundo e para o meio ambiente, inclusive o Brasil foi um dos signatários. Uma verdadeira história para “Boi Dormir”, vendendo à ONU “algodão por veludo”.  Veja como é farsante essa COP26, funcionando apenas para dar uma satisfação ao mundo que suas lideranças mundiais estão trabalhando arduamente para salvar o planeta, quando na realidade, são acordos de gaveta já feitos para não serem cumpridos, em nome dos interesses dos mais ricos.

               Vamos pegar o caso específico do Brasil! Só no Mês de outubro de 2021, o Brasil bateu recorde pela segunda vez na história, só em desmatamento na floresta amazônica, ultrapassando a casa de  800 Km2, sem falar nos desmatamentos e queimadas dos biomas da Caatinga, do Serrado, do Pantanal e Mata Atlântica.

                 Existe um “mundo de luxúria e bem estar” dentro de uma bolha bem protegida e temporariamente imune aos efeitos do aquecimento global e existe outro mundo, o mundo real, dos que passam fome com as secas, tempestades, aquecimento e derretimento das geleiras, povos originários que perdem suas terras, veem suas terras invadidas por garimpeiros e grileiros e sua cultura de vida, inclusive à alimentação, sendo destruídos, morrendo de doenças, fome e emboscadas,  pois vivem da caça e da pesca e sem as matas e sem a biodiversidade que brota no seu  ecossistema, sucumbirão de fome, frio e doenças.

                Como diz o povo da nossa terra: “O buraco é mais embaixo”!

               Enquanto nós estamos discutindo como solucionar a fome, a escassez de água aqui no semiárido, o desmatamento acelerado da caatinga e dos demais biomas naturais, extinção das espécies pela caça predatória e pelas queimadas, assoreamento dos rios, ameaça as comunidades quilombolas e preservação e demarcação das reservas dos povos indígenas, assassinatos das lideranças rurais e indígenas que estão envolvidas pelas causas  ambientalistas, desertificação de parte do cerrado, Amazônia e caatinga, o Brasil através do seu governo fascista e genocida,  desarticula,  desaparelha , corta recursos federais para a  manutenção e existência dos órgãos de fiscalização como o IBAMA, INPE e IPCC.

               O governo genocida do Bolsonaro incentiva a violência no campo, armando as milícias com a liberalização do porte de armas de fogo; desaparelha a Polícia Federal ou busca desarticular ações de repressão ao corte e venda da madeira ilegal, ao garimpo ilegal, invasão das reservas indígenas já demarcadas. Com toda essa prática de governo, juntamente com mais de cem países, assina o compromisso de desmatamento zero até 2030. Bolsonaro que tirar onda com a cara do povo brasileiro. É um governo fascista e farsante.

          Na realidade, o que está acontecendo em Glasgow, na Escócia, nada mais é do que um acordo dos dirigentes dos Estados nacionais, controlados pela burguesia, os grandes proprietários dos meios de produção para aliviar as tensões em suas nações, passando uma imagem falsa e fictícia de uma realidade que não existe, o pensamento mentiroso que estão salvando o mundo da catástrofe anunciada e com dias contados.  Mas seguindo esses rumos do Capital e dos ricos do mundo, os nossos filhos e netos serão as vítimas da nossa ganância em tirar da natureza até a vida dos seres vivos, para garantir mais lucro e mais riquezas para seus países e suas recheadas contas bancárias.

               Diante da realidade do clima colocada pelos cientistas e já sentidas na pele por todos nós, como é o caso da seca que passou o centro sul do país, quando rio navegável como o Rio Paraná ficou sem  nenhuma gota de água, podendo a sua travessia de margem a margem, poder ser feita a pé, sem molhar o seu sapato. Esse já é um sinal que a natureza está saturada e dando a resposta a muitos anos de degradação, queimadas, utilização desenfreada de agroquímicos nas grandes plantações. Mas essa realidade, os Senhores dirigentes dos Estados Nacionais que estão em Glasgow, ainda não estão sentindo na pele. Mas, logo logo, chegará o fogo nas suas portas.

PROF JOSENILDO VIEIRA DE MELLO

SOCIÓLOGO – Bacharel  e Licenciado em Sociologia

Ex: Coordenador Geral do SINDUPROM-PE

Praticante da Agroecologia e ambientalista – Sitio Campos Novos – Tabira-PE

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