Por Nildo Melo
É de
admirar tamanha preocupação desses senhores representantes do setor produtivo,
ou seja, dos homens mais ricos do planeta e que controlam os estados nacionais,
sendo eles os representantes dos que emitem os gases de efeito estufa; degradam o meio ambiente; destroem as
florestas; canalizam os dejetos das cidades para os mares e rios; exploram a
biodiversidade das florestas; compram a madeira do desmatamento ilegal; emitem
toneladas de poluentes pra a atmosfera; enriquecem às custas da extração da
energia fóssil e minério de carvão mineral; fecham os olhos para a mortandade
da fauna marinha, com a pesca predatória e o despejo de lixo plástico nos oceanos;
entre outras atrocidades ambientais nunca vista na história da humanidade e
agora, estão preocupados com o meio ambiente? Estão querendo correr atrás do
prejuízos ambientais? Querem investir seus miseráveis dólares na recuperação da
natureza?
Essa é
a vigésima sexta Conferência da ONU sobre o clima, dando sequência a
Conferência de Paris – COP21, em 2015, que
desempenhou um papel muito importante da mudança dos olhares para o meio
ambiente e o aquecimento global, já tendo se passado seis anos daquele momento
tão significativo e tudo continuou como antes. O que mudou a partir da
Assinatura do Protocolo de Combate a degradação da terra e redução dos gases de
efeito Estufa? Uma jovem sueca e ativista das causas ambientais, de apenas 18
anos, Greta Thunberg fez o discurso na abertura da Conferência, chamando a
responsabilidade dos dirigentes mundiais, a respeito que “os nossos ecossistemas estão morrendo, as
pessoas e os governantes só falando em dinheiro e de contos de fadas sobre um
crescimento econômico eterno”
O que
estamos discutindo aqui, precisa ficar claro entre nós, é uma questão de
classes sociais, entre ricos e pobres, entre exploradores e explorados, pois quem
vai ter suas casas inundadas pelas águas dos oceanos, como é o caso do Recife,
não serão os ricos que moram em arranha céus, bairros nobres das grandes
cidades ou vilas ecológicas protegidas. Quem sofrerá as consequências dessas
catástrofes ambientais serão as populações dos manguezais, das palafitas, os
trabalhadores do campo e da cidade, os subempregados, os desempregados e marginais da
sociedade capitalista.
Segundo
dados da ONG Oxfam, “As emissões carbônicas do grupo populacional que constitui
1% mais rico do mundo deverão exceder em 30 vezes o limite que era necessário
para a manutenção do nível das emissões que evitaria o aumento da temperatura
global em 1.5°C em até 2030. Enquanto a pegada climática dos 50% mais pobres do
mundo, deve se manter bem abaixo do
limite até 2030”. Ou seja, o Norte rico polui e o Sul subdesenvolvido paga
pelas consequências.
Enquanto o debate do blá blá blá segue na COP26, vários movimentos
sociais que representam os trabalhadores e organizações não governamentais, que
realmente estão vivenciando as consequências do aquecimento global e os efeitos
devastadores sobre a agricultura em todo mundo, estão fora do debate, pois a direção da Conferência
dificulta a participação desses setores nos grupos temáticos, mostrando a cara
do Capital até para se discutir uma questão de interesse de todos os segmentos
sociais do planeta, que estão envolvidos
direta ou indiretamente nesse pauta climática.
No segundo dia da Conferência,
foi assinado um tratado de desmatamento zero até 2030, segundo os analistas
capitalistas, isso foi uma grande vitória para o mundo e para o meio ambiente,
inclusive o Brasil foi um dos signatários. Uma verdadeira história para “Boi
Dormir”, vendendo à ONU “algodão por veludo”.
Veja como é farsante essa COP26, funcionando apenas para dar uma
satisfação ao mundo que suas lideranças mundiais estão trabalhando arduamente
para salvar o planeta, quando na realidade, são acordos de gaveta já feitos
para não serem cumpridos, em nome dos interesses dos mais ricos.
Vamos
pegar o caso específico do Brasil! Só no Mês de outubro de 2021, o Brasil bateu
recorde pela segunda vez na história, só em desmatamento na floresta amazônica,
ultrapassando a casa de 800 Km2, sem falar nos desmatamentos e
queimadas dos biomas da Caatinga, do Serrado, do Pantanal e Mata Atlântica.
Existe
um “mundo de luxúria e bem estar” dentro de uma bolha bem protegida e
temporariamente imune aos efeitos do aquecimento global e existe outro mundo, o
mundo real, dos que passam fome com as secas, tempestades, aquecimento e
derretimento das geleiras, povos originários que perdem suas terras, veem suas
terras invadidas por garimpeiros e grileiros e sua cultura de vida, inclusive à
alimentação, sendo destruídos, morrendo de doenças, fome e emboscadas, pois vivem da caça e da pesca e sem as matas e
sem a biodiversidade que brota no seu ecossistema, sucumbirão de fome, frio e
doenças.
Como
diz o povo da nossa terra: “O buraco é mais embaixo”!
Enquanto
nós estamos discutindo como solucionar a fome, a escassez de água aqui no
semiárido, o desmatamento acelerado da caatinga e dos demais biomas naturais,
extinção das espécies pela caça predatória e pelas queimadas, assoreamento dos
rios, ameaça as comunidades quilombolas e preservação e demarcação das reservas
dos povos indígenas, assassinatos das lideranças rurais e indígenas que estão
envolvidas pelas causas ambientalistas, desertificação
de parte do cerrado, Amazônia e caatinga, o Brasil através do seu governo
fascista e genocida, desarticula, desaparelha , corta recursos federais para a manutenção e existência dos órgãos de fiscalização
como o IBAMA, INPE e IPCC.
O
governo genocida do Bolsonaro incentiva a violência no campo, armando as
milícias com a liberalização do porte de armas de fogo; desaparelha a Polícia
Federal ou busca desarticular ações de repressão ao corte e venda da madeira
ilegal, ao garimpo ilegal, invasão das reservas indígenas já demarcadas. Com
toda essa prática de governo, juntamente com mais de cem países, assina o
compromisso de desmatamento zero até 2030. Bolsonaro que tirar onda com a cara
do povo brasileiro. É um governo fascista e farsante.
Na
realidade, o que está acontecendo em Glasgow, na Escócia, nada mais é do que um
acordo dos dirigentes dos Estados nacionais, controlados pela burguesia, os
grandes proprietários dos meios de produção para aliviar as tensões em suas
nações, passando uma imagem falsa e fictícia de uma realidade que não existe, o
pensamento mentiroso que estão salvando o mundo da catástrofe anunciada e com
dias contados. Mas seguindo esses rumos
do Capital e dos ricos do mundo, os nossos filhos e netos serão as vítimas da
nossa ganância em tirar da natureza até a vida dos seres vivos, para garantir
mais lucro e mais riquezas para seus países e suas recheadas contas bancárias.
Diante
da realidade do clima colocada pelos cientistas e já sentidas na pele por todos
nós, como é o caso da seca que passou o centro sul do país, quando rio
navegável como o Rio Paraná ficou sem nenhuma gota de água, podendo a sua travessia
de margem a margem, poder ser feita a pé, sem molhar o seu sapato. Esse já é um
sinal que a natureza está saturada e dando a resposta a muitos anos de
degradação, queimadas, utilização desenfreada de agroquímicos nas grandes
plantações. Mas essa realidade, os Senhores dirigentes dos Estados Nacionais
que estão em Glasgow, ainda não estão sentindo na pele. Mas, logo logo,
chegará o fogo nas suas portas.
PROF JOSENILDO VIEIRA DE MELLO
SOCIÓLOGO – Bacharel e
Licenciado em Sociologia
Ex: Coordenador Geral do SINDUPROM-PE
Praticante da Agroecologia e ambientalista – Sitio Campos
Novos – Tabira-PE
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