Publicado 24/02/2022 15:05 | Editado 24/02/2022 15:12
Do Editorial do Portal Vermelho
A Rússia
deflagrou nesta quinta-feira (24) uma “operação militar especial” em Donbass,
no leste da Ucrânia. Segundo o presidente russo, Vladimir Putin, o objetivo da
missão é “desmilitarizar” a nação vizinha, que há oito anos – desde o golpe de
2014 que levou ao poder forças de extrema-direita e hostis à Rússia – tem
imposto “abusos e genocídio” à população ucraniana. Em cadeia nacional de TV,
Putin também deixou claro que não vai tolerar qualquer ingerência externa no
conflito. “Ninguém deveria ter nenhuma dúvida de que um ataque direto ao nosso
país levará à derrota e a consequências terríveis para qualquer agressor
potencial.”
Embora Putin não
tenha detalhado todo o contexto da ação, é público e notório que as repúblicas
que compunham a ex-União Soviética, extinta em 1991, são alvos prioritários da
ação imperialista norte-americana numa tentativa de ampliar sua influência no
mundo e conter o protagonismo russo. A Guerra Fria acabou há 30 anos, mas os
Estados Unidos tentaram estender ainda mais sua hegemonia militar, em busca de
um mundo unipolar, sob sua absoluta e nefasta influência. Estima-se que, de
cada cinco bases militares ativas e espalhadas pelo Planeta, quatro são
estadunidenses. Além disso, os EUA continuaram à frente de seu braço militar, a
Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), um entulho da Guerra Fria que
não cessou suas agressões.
“Depois que os
norte-americanos fizeram de tudo para destruir nossa pátria soviética comum, a
Ucrânia acabou em suas patas tenazes como um fusível que eles queriam incendiar
a todo custo em solo russo nativo”, comparou Guennadi Zyuganov, presidente do
Partido Comunista da Federação Russa. Segundo ele, o propósito da ofensiva dos
Estados Unidos na região é “tirar seu principal concorrente (a Rússia) da
arena geopolítica”.
Não é
convincente, portanto, a narrativa unilateral que o presidente Joe Biden, dos
EUA, avesso a estabelecer a paz por vias diplomáticas, tenta propagar sobre o
conflito agora iniciado. Biden falou em “ataque injustificado e sem provocação
prévia” na Ucrânia, acusando a Rússia de ser a única responsável por “mortes e
destruição que esse ataque vai trazer”. O titular em descrédito da Casa Branca,
como que insinuando um contra-ataque iminente na região, antecipou a diretriz
do discurso do Ocidente: “O mundo vai responsabilizar a Rússia”.
Porém, conforme
denuncia o PCdoB, por meio de sua Secretaria de Relações Internacionais, a
versão de Biden não se sustenta. “Nos últimos 30 anos, desde o fim da União
Soviética, EUA e Otan têm realizado uma política expansionista rumo ao Leste
Europeu. O objetivo é instigar conflitos e contradições entre os países
vizinhos, especialmente ex-repúblicas soviéticas, para cercar militarmente a
Rússia”, afirma o PCdoB, em nota. “Isso ocorre de forma mais aguda no momento
em que os EUA vivem um declínio relativo de sua hegemonia e se sentem ameaçados
pela aliança entre Rússia e China.”
A viabilidade da
paz na Ucrânia passa, antes de tudo, pela contenção da sanha imperialista dos
Estados Unidos, apoiada por seus aliados ocidentais e pelo governo
“quinta-coluna” da Ucrânia. É da tradicional diplomacia – e não da agressão –
que se precisa neste momento de impasse, “Isto requer que as legítimas
preocupações da Rússia com sua segurança sejam consideradas, e que seja
revertido o cerco da Otan às suas fronteiras”, lembra o PCdoB.
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