Por Dedé Rodrigues
Os alunos da Escola de Referência Arnaldo Alves Cavalcanti de Tabira, EREFEMAAC foram protagonistas nos dias 21 e 22 de novembro de 2022 nas homenagens ao maior líder quilombola do Brasil, Zumbi dos Palmares, assassinado em 20 de novembro de 1695.Os eventos que ocorreram nas salas de aulas e no auditório da
escola, foram organizados pelos professores da área de Humanas, com apoio da
equipe gestora, educadores de apoio, Biblioteca, setor de merenda, pessoal da limpeza,
guardas da escola, entre outros.
O planejamento dos eventos previa exibição do "filmaço" 12 Anos
de Escravidão para os terceiros anos. Foram também exibidos outros filmes abordando
a temática do racismo para os primeiros e os segundos anos.
A conclusão que estamos chegando é que os eventos foram um
sucesso com alunos cantando, dançando, lendo poesias, cantando músicas sobre o
tema.
Os professores Dedé Rodrigues e Jobsom, exibiram músicas e fizeram intervenções
históricas destacando a luta contra o racismo e a necessidade de ampliação da
democracia e da cidadania no Brasil.
Abaixo vocês vão ver a intervenção do professor Dedé Rodrigues e as fotos das apresentações dos eventos.
EREFEMAAC –
2022
Prof. Dedé
Rodrigues – Saudações a todos da escola e grato pela participação e apoio.
Histórico
da escravidão – Os negros passaram em torno de 360 anos de correntes,
trabalhando, chicoqueados, lutando e resistindo de várias formas. O maior líder
quilombola do Brasil foi assassinado em 20 de novembro de 1695 – e a data de
sua morte é uma referência especial para todos nós.
NEGRÃO,
José Carlos, 20
de Novembro, um dia de muita reflexão e luta, Portal Vermelho, 2021
O que dois poetas
dizem sobre a importância e a humilhação que sofrem os negros no Brasil?
Os
negros desse país,
Vítimas
de humilhação
Construíram
a riqueza
Tirada
da exploração,
Pois
a mão - de - obra escrava
Todo
mundo alimentava
Nos
tempos da escravidão.
Dedé
Rodrigues
O
que disse o poeta Zé Luiz – Rio Grande do Norte?
Brasil
de três raças, de negros tão bravos,
Guindastes humanos nos dias primeiros,
Que
foram, nos sujos porões dos cargueiros,
Vendidos,
comprados, por míseros centavos,
Plantaram,
colheram, foram e são escravos,
Que
o negro não pode as algemas quebrar.
A
argola ainda existe, sem ele enxergar,
E
ainda é a pátria na rua e nas hortas
Uma
gigantesca senzala sem portas
Nos
dez de galope na beira do mar.
Como estão
hoje os negros e pardos no Brasil, na
economia, com as chamadas reformas neoliberais,
feitas de 2016 para cá?
Estão na informalidade
E na subocupação.
Ganham menos que o branco,
Em qualquer situação.
Vejam a disparidade:
Negras ganham a metade
Dos brancos dessa nação.
Para se aposentar
O negro pena um montão,
Mas também o branco pobre
Padece nessa questão.
Seja no campo ou cidade
Aumentaram a idade
E a contribuição.
As negras ganharam em
2022 só 46,3% do rendimento recebido pelo homem não negro. Para o homem negro,
essa proporção foi de 58,8%. Fonte: IBGE – No segundo trimestre de 2022.
Por que chamamos
“racismo estrutural”?
O racismo
é intolerância,
Muita
discriminação.
É
produto de um modelo
Calçado na escravidão.
No
sistema desigual
O
racismo estrutural
Sustenta
a exploração.
Os
negros padecem de
Sub-representações;
São
poucos no parlamento,
Nos
cargos de direções.
Da
renda estão excluídos,
Taxados
como bandidos,
Superlotam
as prisões.
Proporção
de negros nas prisões cresce 14% em 15 anos, enquanto a de brancos cai 19%,
mostra Anuário de Segurança Pública. [...]
Dos 657,8 mil presos em
que há a informação da cor/raça disponível, 438,7
mil são negros (ou 66,7%). Os dados são referentes a 2019. Dois em cada
três presos são negros. Fonte: Por Cíntia Acayaba e Thiago Reis, G1, 2020.
O poeta
Filipe Amaral de Tabira disse o seguinte em cordel publicado esse ano de 2022:
A
desestruturação
Nesse país fez seu lar
Pobre morreu espancado,
Barão riu no bulevar
Dos negros assassinados
Pela escória militar.
Os
negros representam 56% da nossa população. Segundo o IBGE, 112 milhões de
brasileiros se autodeclaram pretos ou pardos. Para termos ideia do que esse
número representa, apenas uma única nação africana, a Nigéria, tem mais
moradores negros do que o Brasil.
Mesmo
sendo maioria
Da
nossa população
Os
negros são excluídos
Também
na educação.
Nos
cursos superiores
Bem
poucos viram doutores
Por
causa da exclusão.
Em 2018, apenas 55,6% dos jovens pretos e
partos de 18 a 24 anos cursavam o ensino superior. Entre os jovens brancos, o
índice era de 78,8%.
São
excluídos da renda,
Dos
cargos de direção,
Das
“benesses” do mercado,
Das
empresas do patrão.
Além
de desempregados,
Ainda
são humilhados
Por
brancos sem coração.
A
desigualdade racial também está visível no mercado de trabalho. No final de
2020, por exemplo, era de 13,9% a taxa geral de desemprego no Brasil – mas de
15,8% entre os trabalhadores pardos e 17,2% entre trabalhadores pretos.
Conforme pesquisadores ligados ao Instituto Insper, o salário de um homem
branco é, em média, 159% maior do que o de uma mulher negra, numa demonstração
de que preconceitos tão arraigados, como o racismo e o machismo, andam de mãos
dadas.
Mas
é preciso lembrar
Que
o negro é bom de bola,
Como
um povo originário,
Conquistaram
os quilombolas.
Na
nossa legislação
Já
têm leis de proteção
Pra
quebrar muitas argolas.
O
Senado Federal tem ainda outros projetos de lei já aprovados com o objetivo de
combater o racismo. Um deles (PLS 787/2015) inclui as motivações de preconceito racial e
sexual como circunstâncias agravantes de pena para qualquer tipo de crime;
outro proíbe agentes de segurança pública ou particular de adotarem ações
baseadas em preconceito (PL 5231/2020), e outros dois (PL 4373/2020 e PL 4566/2021) tipificam a
conduta de injúria racial. [...] o Senador Paulo Paim (PT-RS), autor do Estatuto da
Igualdade Racial, sancionado em 2010 pelo então presidente Lula.
Infelizmente
crece uma onda conservadora que espalha ódio por todos os cantos do mundo e e no
Brasil atual. Caberia perguntar:
Há
alguma relação do capitalismo, com o racismo e com o neofascismo da extrema
direita bolsonarista?
Não dar para separar
O aumento do racismo
Com uma onda que
cresce
Chamada de neofascismo.
Vejam a ligação dos fatos:
Os dois são produtos natos,
Filhos do capitalismo.
O que disse a estudante de
Direito Jessy Dayane, em Junho de
2020 – Brasil de Fato
Fascismo e racismo: duas
faces do mesmo ódio. [...]
“O desafio é fortalecer e
organizar a resistência, até porque, a luta contra a ameaça do fascismo deve
ser uma tarefa de milhões” - Guilherme Santos.
E o poeta acrescenta:
Pra
fortalecer a luta
E
acabar com essa agonia
Só
juntando todo mundo
Contra
essa ideologia.
Por
isso vamos lutar
Para
também ampliar
A
nossa democracia.
Frase
de Jessy Dayane, ex - vice – presidente da UNE: “O renascimento de grupos
neofascistas não é uma exclusividade brasileira e em todas as partes do mundo
tem combinado setores de extrema direita, racistas, xenófobos e ações
violentas, que não hesitam em tirar a vida dos que se opõem à sua ideologia. O
fascismo e o racismo são duas faces do mesmo ódio, miram os mesmos alvos: contra
a democracia; os pretos e pretas; contra o povo trabalhador das ruas e
favelas. A luta contra o fascismo e o racismo também são lutas em defesa da
vida”. Fonte: DAYANE, Jessy, Fascismo e racismo: duas faces do mesmo ódio, Brasil de Fato, 2020.
VIVA A LUTA CONTRA O RACISMO, GALERA!
VIVA A DEMOCRACIA, GALERA!
Por Dedé Rodrigues - 2022
Aluna 2º D (Poesia)
Plateia lotada
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