Parlamentares
avaliam que a situação dele é cada vez mais crítica. “O destino de quem comete
crimes é numa hora se encontrar com a Justiça”, diz o deputado Márcio Jerry
(PCdoB-MA)
por Iram Alfaia
Publicado 03/05/2023 17:09 | Editado 03/05/2023 17:14
Viatura da PF deixa condomínio onde mora Bolsonaro (Foto: Marcelo
Camargo/Agência Brasil)
Deputados e
senadores avaliaram como crítica a situação de Bolsonaro que nesta quarta-feira
(3) recebeu agentes da Polícia Federal (PF) na porta da sua casa num condomínio
do Jardim Botânico, em Brasília.
O ex-presidente e a
ex-primeira-dama Michele Bolsonaro tiveram os celulares apreendidos na operação
Verine, que investiga suposta fraude no cartão de vacina do casal e da filha
Laura Bolsonaro.
Foram cumpridos 16
mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva em Brasília
e no Rio de Janeiro.
De acordo com a PF,
houve uma associação criminosa para inserir falsas informações relativas à
vacinação contra a covid-19 no Sistema de Informações do Programa Nacional de
Imunizações (SI-PNI), do Ministério da Saúde, e na Rede Nacional de Dados em
Saúde (Rnds).
Leia mais: Entenda operação
da PF que atingiu Bolsonaro e outros seis aliados
“Conspirar contra a
saúde pública é uma corrupção gravíssima”, afirmou o ministro da Justiça e
Segurança Pública, Flávio Dino, durante reunião nesta quarta-feira da Comissão
de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.
Desde quando chegou
dos Estados Unidos, onde se autoexilou, Bolsonaro já depôs duas vezes à PF: a
primeira no caso dos atos golpistas do 8/1 e depois no desvio das joias
sauditas.
Nesta quarta-feira,
outro depoimento estava marcado quando ele foi surpreendido na operação de
busca e apreensão.
Repercussão
“Bolsonaro e sua
turma desdenharam a saúde, as leis, a Constituição, o povo brasileiro. O
destino de quem comete crimes é numa hora se encontrar com a justiça,
independente de quem seja. Fraudar cartões de vacina. Que gente é essa ?”,
afirmou o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA).
Para a deputada
Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, o ex-presidente surpreendeu.
“Bolsonaro
prevaricou na pandemia, vendeu remédio ineficaz, infringiu medidas sanitárias,
cometeu crime de responsabilidade e contra a humanidade. E quando a gente pensa
que já viu de tudo sobre o genocida, descobre mais. Que homem é esse que
falsifica o cartão de vacinação da própria filha?”, indagou.
“É questão de tempo
para o golpista responder por seus atos que em tese são: infração de medida
sanitária preventiva, inserção de dados falsos de informação. Mas sabemos que
daí vão surgir muitos mais!”, afirmou o senador Beto Faro (PT-PA).
Sigilo
O ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo sobre
sua decisão determinando buscas na casa de Bolsonaro.
“Diante do exposto
e do notório posicionamento público de Jair Messias Bolsonaro contra a
vacinação, objeto da CPI da Pandemia e de investigações nesta Suprema Corte, é
plausível, lógica e robusta a linha investigativa sobre a possibilidade de o
ex-presidente da República, de maneira velada e mediante inserção de dados
falsos nos sistemas do SUS, buscar para si e para terceiros eventuais vantagens
advindas da efetiva imunização, especialmente considerado o fato de não ter
conseguido a reeleição nas eleições gerais de 2022”, escreveu o ministro.
Moraes também
refutou a possibilidade do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de Bolsonaro,
tenha inserido os dados falsos sem a autorização do ex-presidente.
“Não há qualquer
indicação nos autos que conceda credibilidade à versão de que o ajudante de
ordens do ex-Presidente da República Jair Messias Bolsonaro pudesse ter
comandado relevante operação criminosa, destinada diretamente ao então
mandatário e sua filha, sem, no mínimo, conhecimento e aquiescência daquele, circunstância
que somente poderá ser apurada mediante a realização da medida de busca e
apreensão requerida pela autoridade policial”, justificou o ministro.
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