Por José Reinaldo Carvalho, no site do Cebrapaz:
Os Estados Unidos são o principal aliado de Israel e seus líderes, independentemente de qual partido esteja à frente da Casa Branca e do Capitólio, invariavelmente expressam apoio incondicional a Israel em fóruns internacionais, questões de política externa e todos os conflitos em que o Estado sionista se envolve, sempre como potência agressora. Isto acaba de ser reafirmado agora, durante o genocídio conra o povo palestino em Gaza, pelas próprias palavras do presidente estadunidense, Joe Biden, e do seu principal diplomata, o secretário de Estado Antony Blinken.
No cenário geopolítico atual, os EUA têm demonstrado quanto é duradoura e indissolúvel esta aliança. O presidente Joe Biden fez dois pronunciamentos contundentes desde que no dia 7 de outubro o Movimento de Resistência Nacional Hamas desencadeou a operação militar contra a ocupação israelense. Em termos enfáticos, o chefete da Casa Branca afirmou o engajamento dos Estados Unidos com a guerra de extermínio, com que Israel reagiu, o genocídio que o Estado sionista está perpetrando contra a população palestina na Faixa de Gaza, e respaldou todas as juras de fúria, catástrofe e extermínio proferidas pelo chefe do governo israelense.
Biden prometeu adicionar valores à assistência militar, enviou carregamentos de munições, ordenou o deslocamento de caças e do porta-aviões USS Gerald Ford ao Mediterrâneo Ocidental e disponibilizou outro porta-aviões, o USS Dwight D. Eisenhower. Durante a visita a Israel nesta quinta-feira (12), do secretário de Estado Antony Blinken, uma das máximas autoridades dos EUA, ele fez uma significativa declaração de aliança eterna. Enfatizou que Israel tem total apoio dos EUA. “Minha mensagem é esta: enquanto a América existir, estaremos sempre ao seu lado”, disse ele.
Os EUA fornecem uma quantidade substancial de ajuda militar e financeira a Israel, em torno de quatro bilhões de dólares anuais, o que inclui financiamento para o desenvolvimento e aquisição de armas, sistemas de defesa, treinamento militar e cooperação em pesquisa científica com fins militares. O financiamento tem sido parte integral do compromisso estratégico entre os dois países.
Os EUA e Israel colaboram em questões de segurança e defesa, compartilhando informações de inteligência e tecnologia. Além disso, os EUA têm apoiado a segurança de Israel em várias ocasiões, particularmente em momentos de conflitos.
Os EUA e Israel compartilham preocupações sobre questões regionais e globais, atuando conjuntamente em todas as crises políticas e militares no Oriente Médio. Ambos os países empenham seu poderio na consecução dos seus interesses estratégicos.
Os Estados Unidos nunca abandonaram nem dão sinais de que vão abandonar seus apetites hegemônicos na região e para esse fim usam Israel como cabeça de ponte e base política e militar.
Na sua propaganda ideológica, os imperialistas estadunidenses alegam valores comuns, supostamente democráticos e civilizacionais. Há uma forte base de apoio à relação EUA-Israel dentro da comunidade judaica nos Estados Unidos. Grupos de pressão, organizações e indivíduos americanos defendem políticas que favoreçam a parceria e o apoio contínuo a Israel. A política sonista nos Estados Unidos é bipartidária. O sistema político, o aparato militar e de segurança, a indústria cultural e a mídia, são peças de uma grande engrenagem que sustenta e impulsiona essa aliança.
Os Estados Unidos, que se jactam de ser a maior democracia do mundo e se vendem como o apanágio dos direitos humanos universais, associam-se a crimes de lesa-humanidade, a um genocídio, a ações de extermínio como as que se desenvolvem em Gaza. Neste contexto, a aliança imperialismo-sionismo se caracteriza como um instrumento de dominação nacional e opressão de povos e nações. A violência com que Israel arremete contra os palestinos é uma forma rematada de terrorismo. Ficará para sempre marcado na história do século 21 que os Estados Unidos estão mais uma vez também praticando terrorismo, como fizeram no Vietnã, Iraque, Afeganistão, Líbia e ex-Iugoslávia, estas duas últimas via Otan, para citar os exemplos recentes mais notórios.
Como se vê, o vínculo inextricável entre os EUA e Israel tem graves implicações, e é oportuno frisar: tal vínculo não é desinteressado nem exclusivamente voltado para a defesa dos “interesses comuns” das duas populações. Os imperialistas estadunidenses deixaram claro que esta relação bilateral volta-se para agredir e aniquilar inimigos comuns que, no caso atual, não são apenas o Hamas e demais organizações político-militares da Resistência palestina. A ulterior militarização promovida pelos EUA no Mediterrâneo, que pode evoluir para o aumento da presença de sua aviação militar, belonaves e armas nucleares para outros pontos estratégicos do Oriente Médio e da região Ásia-Pacífico, visa a combater a República Islâmica do Irã e, em perspectiva, é uma mensagem aos países que estão no alvo da estratégia imperialista dos Estados Unidos no âmbito do mundo multipolar.
Nessa medida, os EUA aumentam a instabilidade, a insegurança e as ameaças à paz mundial, comportam-se como inimigos da humanidade, ao lado de um parceiro perigoso, que desde o primeiro momento de sua existência como Estado nacional, opera contra a autodeterminação do povo palestino e os anseios à paz dos demais povos do mundo.
* José Reinaldo Carvalho é jornalista, editor do Resistência, secretário-geral do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz).
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