Planos golpistas tinham até uma data-limite para sair do papel: 18 de dezembro, data inicialmente prevista para a diplomação de Lula e Alckmin
por André Cintra
Publicado 10/10/2023 16:22
A Polícia Federal começa a
concluir as investigações sobre a ameaça de golpe contra o Estado Democrático de Direito
liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Conforme
informação revelada nesta terça-feira (10) pela jornalista Malu Gaspar (O
Globo), os bolsonaristas tinham dois núcleos golpistas “trabalhando
em paralelo” para tentar invalidar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas
eleições presidenciais de 2022.
Os planos tinham até uma data-limite para sair do papel: 18 de
dezembro, data inicialmente prevista para a diplomação de Lula e de seu vice,
Geraldo Alckmin (PSB). Para apoiadores extremados de Bolsonaro, uma diplomação,
se consumada, dificultaria a realização de novas eleições ou mesmo a anulação
do resultado nas urnas.
Embora o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não tivesse
informações prévias sobre os planos, a diplomação – que podia ocorrer até 19 de
dezembro – foi marcada para o dia 12 e frustrou os intentos bolsonaristas.
Mas, segundo Malu Gaspar, “as investigações demonstram que os golpistas
continuaram tramando de acordo com o cronograma inicial”, em dois núcleos.
O “núcleo operacional” organizava manifestações em frente a
quartéis do Exército, bloqueios em estradas e “tumultos”, como o do dia 12 de
dezembro, quando carros e ônibus foram incendiados em Brasília. Já o “núcleo
político” buscava “medidas de exceção a serem tomadas assim que uma dessas
iniciativas de tumulto ‘popular’ fosse bem-sucedida”.
De acordo com a Polícia Federal, dois militares – o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de
Bolsonaro, e o general da reserva Walter Braga Netto – tinham
ciência da ação dos dois núcleos. Braga Netto foi candidato a vice-presidente
na chapa em que Bolsonaro concorreu à reeleição. Após a disputa eleitoral, ele
teria sido um dos elos entre Bolsonaro e os acampamentos golpistas nos
quartéis,
De acordo com Malu Gaspar, a PF já tem provas de que militares
atuaram em favor de um golpe em 8 de janeiro, “aplicando táticas de insurgência
e guerrilha urbana e guiando os manifestantes para a invasão das sedes dos Três
Poderes”. A parceria entre membros das Forças Armadas e apoiadores de Bolsonaro
eleva a expectativa para que militares estejam entre os réus pelas tentativas
de golpes no Brasil.
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