Presidente compartilhou as conquistas com a frente ampla que lhe deu sustentação desde a campanha eleitoral – e que está agora representada no Conselhão
por André Cintra
Publicado 13/12/2023 16:12 | Editado 13/12/2023 20:28
Foto: Ricardo Stuckert / PR
Por causa da
rouquidão e da tosse, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quase desistiu de falar na
última plenária do ano do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social
Sustentável, o chamado Conselhão. Mas o presidente não resistiu e usou a agenda
desta terça-feira (12), em Brasília, para prestar contas do primeiro ano de seu
mandato.
Antes de Lula,
porém, o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, fez bem em
lembrar que, a depender das previsões de supostos especialistas, esse início de
gestão seria catastrófico. “A gente termina o ano superando as expectativas de
muitos. No começo do ano, tinha muito analista semeando o pessimismo”, cutucou
Padilha.
Segundo o ministro,
é a primeira vez em sete anos que o País apresenta avanços simultâneos em três
importantes indicadores econômicos: “crescimento econômico de 3%, inflação
controlada e desemprego em queda, com a taxa de 7,6%, menos de 8%”. Talvez o
próprio governo Lula tenha se surpreendido, por exemplo, com o patamar de cerca
de 2 milhões de empregos abertos em 2023. Não foi um ano perdido, mesmo com os
atos golpistas perpetrados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula compartilhou
as conquistas com a frente ampla que lhe deu sustentação desde a campanha
eleitoral – e que está agora representada no Conselhão. Recriado em seu
governo, o colegiado é composto por 246 personalidades e lideranças, que
fizeram mais de cem reuniões em 2023.
“Vocês perceberam
que não é difícil governar um país, não é difícil governar uma cidade ou um
estado. Basta que a gente tenha a capacidade de ouvir as pessoas e aprender com
as pessoas”, afirmou Lula. A seu ver, há preconceito com os investimentos no
País. “Quanto custou a este país não tomar as decisões na época certa? A gente
poderia ter resolvido muitos problemas.”
O presidente disse
que cabe a ele ter “decisão política” para que o Brasil dê “o salto de
qualidade”, o que inclui sacrificar o déficit zero: “Se for necessário esse
país fazer um endividamento para esse país crescer, qual é o problema? Qual é o
problema de você fazer uma dívida para produzir ativos produtivos para esse
país?”.
Na sequência,
ironizando os pessimistas, Lula deu números do primeiro ano de governo: “Somos
um país de 200 milhões de habitantes que, só neste ano, abriu 71 novos mercados
para o nosso agronegócio. Este país tem um projeto de investimento de R$ 1,7
trilhão, que é o PAC Novo. Este país tem um compromisso de fazer mais 2 milhões
de casas novas, além de recuperar as outras 187 mil casas que não foram
construídas, esse país que tem quase 10 mil obras de construção”.
Ainda assim, o
presidente ponderou que o ano inaugural de seu terceiro mandato serviu,
essencialmente, para “arrumar a casa, consertar, colocar as coisas no lugar”,
depois de quatro anos do governo de destruição de Jair Bolonaro (PL). O que
virá agora, com a “casa em ordem”, para ficar na metáfora? “Eu tenho dito o
seguinte: se preparem, porque o ano que vem a economia brasileira não vai
decepcionar”, diz Lula.
Em parte, esse
otimismo se deve a investimentos que foram anunciados em 2023, mas que
resultarão em entregas nos próximos anos. Lula citou recursos oriundos de
bancos públicos (Caixa, Banco do Brasil e BNDES) – mas também de ministérios
como Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Desenvolvimento Agrário e
Agricultura Familiar, Ciência, Tecnologia e Inovação, entre outros. Apesar das
sequelas bolsonaristas, muitos desses investimentos são os maiores na história
desse órgãos federais.
“Fico me perguntando:
aonde que esse dinheiro vai parar?”, continuou o presidente. “Esse dinheiro vai
começar a gerar emprego no ano que vem. Esse emprego vai começar a gerar
consumo no ano que vem. Esse dinheiro vai começar a gerar melhoria da vida do
povo.”
O discurso de Lula
se voltou também ao programa Desenrola. O presidente elogiou nominalmente o
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas disse estar preocupado porque apenas
10 milhões de brasileiros, de um total de 72 milhões de endividados, aderiram à
negociação. Desses 10 milhões, segundo Lula, 8,7 milhões deviam até R$ 100.
“Cadê os devedores que não apareceram fazendo negociação de até 90% de
desconto? Eu não sei se é por causa da publicidade nossa, mas nós vamos
continuar.”
Para o presidente,
uma das missões do governo é fazer com que todo e qualquer brasileiro se sinta
cidadão “para que ele volte a consumir” e ajude a estimular a economia.
“Somente com consumo vai ter indústria. Somente com indústria vai ter salário.
Somente com salário vai ter distribuição de renda”, sintetizou.
A plenária também
foi de escuta. Lula esperou as falas dos representantes dos diversos grupos
temáticos do Conselhão, que apresentaram resultados e recomendações. “Temos o
caminho das pedras e temos que decidir agora se nós vamos retirar essas pedras
ou não”, concluiu Lula.
Segundo o Planalto,
a lista de propostas envolve temas como “recuperação de áreas degradadas,
criação de uma política integrada para a primeira infância, lançamento de um
conjunto de polos tecnológicos de alto impacto, medidas para acesso ao crédito
para micro e pequenas empresas de forma menos concentrada nos grandes centros
urbanos”. Na visão de Lula, o “caminho das pedras” está dado. “Temos que
decidir agora se nós vamos retirar essas pedras ou não”.
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