1º ano do governo Lula foi “marco na reconstrução nacional”, diz PCdoB
Partido afirma que “a situação do país começou a mudar para melhor” em
2023, nos planos econômico, “social, político e cultural”
André Cintra/Vermelho
O PCdoB concluiu nesta quinta-feira
(18) o balanço do ano inaugural do terceiro governo Lula (PT). Em resolução de
sua Comissão Política, o Partido afirma que “a situação do país começou a mudar
para melhor” em 2023, nos planos econômico, “social, político e cultural”.
O documento lembra o legado de
destruição deixado por quatro anos da gestão Jair Bolsonaro (PL), que, de tão
devastador, dificultou a execução do programa de Lula. Foi um período em que o
governo de extrema-direita “promoveu o desmonte nacional, atentou contra a
democracia, alimentou o ódio e a intolerância, destruiu direitos sociais,
enfim, um período de regressão civilizatória”.
Com Lula, porém, “o Brasil voltou, e
com ele o caminho soberano da democracia encontra nova oportunidade”, aponta o
PCdoB. “O primeiro ano do governo do presidente Lula é exitoso, repleto de
realizações e conquistas que resgatam a dignidade de nossa gente, recuperam a
imagem do Brasil no mundo e promovem o reequilíbrio da vida institucional e
democrática do país. O ano foi um marco na reconstrução nacional.”
Um dos primeiros feitos a gestão foi
blindar o Estado Democrático de Direito, após os ataques golpistas de 8 de
Janeiro. De acordo com o Partido, “o governo recém-empossado demonstrou força e
amplitude no enfrentamento do radicalismo da extrema-direita, os três Poderes
agiram em uníssono, o Comando do Exército foi renovado e se retomou uma mais
justa relação institucional com as Forças Armadas sob comando civil. A
democracia venceu!”. Mas, lembra o PCdoB, “é imperioso levar a cabo, até as
últimas consequências, a apuração dos crimes”, bem como “condená-los
exemplarmente nos termos da Lei”.
A resolução também exalta a retomada
de políticas públicas, os avanços na economia e a nova agenda ambiental.
“Iniciou-se a virada!”, resume o documento. Entre os destaques econômicos, cita
o crescimento de 3% do PIB, a queda nas taxas de desemprego, inflação e juros,
o superávit comercial recorde, a Reforma Tributária e o Novo PAC. Além disso,
bancos públicos como o BNDES e a Petrobras voltaram a ser “alavancas do
desenvolvimento”.
Com o apoio de diversos órgãos, a
neoindustrialização “vem ganhando centralidade”. Na política externa, a mudança
de governo favoreceu o Brasil e o mundo. O País adotou uma “ousada estratégia
de reinserção internacional, ancorada no resgate da imagem do país no mundo, em
prol da paz no mundo e no combate às desigualdades sociais”. Na visão do PCdoB,
“a agenda do clima e meio ambiente, e em particular o desenvolvimento soberano
da Amazônia, ocupa um lugar central nessa estratégia”.
Ao recordar o contexto “muito
complexo” enfrentado pelo governo em 2023, o Partido frisou “óbices, limites e
insuficiências”. No mundo, por exemplo, a guerra na Ucrânia e os conflitos em
Gaza intensificam a “instabilidades na dinâmica global”. Internamente, Lula se
viu às voltas com políticas neoliberais a tragar o Estado, umas derrotadas
(como a política do teto de gastos), outras ainda em curso (como a
“independência” do Banco Central). A composição do Congresso Nacional, dominada
pela direita e pelo Centrão, igualmente força o governo a negociar os rumos da
reconstrução.
Como desafios para 2024, a nota cita
o aumento do investimento público e privado, o do déficit zero e outras metas
“irrealizáveis” e a construção de uma base parlamentar maior. “Isso envolve
ampliar as forças integrantes do governo, como vem ocorrendo, mas segue
necessário unificar mais a sua atuação em torno do governo, elevar a coesão das
bancadas progressistas e elevar a mobilização popular”, afirma o PCdoB.
No rumo de um novo ciclo
desenvolvimentista, com “maior patamar de disputa política e ideológica na
sociedade”, o documento conclui: “O mais fundamental, ao lado de assegurar a
essencial missão democrática, é construir maior apoio social e superar o baixo
nível de mobilização organizada dos setores populares e progressistas, para
respaldar e impulsionar o governo a realizar o Programa de Reconstrução e
Transformação do Brasil”.
*
Para fazer o download do
documento clique aqui
Leia a íntegra
Ano I do governo
pela reconstrução do Brasil
O Partido Comunista do Brasil, em
reunião do Comitê Central realizada no mês de dezembro de 2023, analisou o
quadro político nacional e internacional no qual se desenvolveu o primeiro ano
do governo Lula, avaliando as conquistas, os óbices e os desafios para que se
possa avançar no projeto vitorioso nas urnas. O PCdoB tem como objetivo central
lutar pelo êxito do governo Lula, no compromisso de união, reconstrução e
transformação do Brasil, para abrir caminho a um novo ciclo de desenvolvimento
soberano.
A dinâmica da luta política neste
primeiro ano de governo foi intensa desde o primeiro instante. A infame
tentativa de golpe, em 8 de janeiro de 2023, provocou forte reação da
sociedade, mobilizando forças dos mais variados espectros políticos e sociais.
O governo recém-empossado demonstrou força e amplitude no enfrentamento do
radicalismo da extrema-direita, os três Poderes agiram em uníssono, o Comando
do Exército foi renovado e se retomou uma mais justa relação institucional com
as Forças Armadas sob comando civil. A democracia venceu!
A sociedade condenou em peso a
infâmia. Contudo, o episódio deixa lições. Indica que a defesa da democracia
não deve ser subestimada, a luta para derrotar a extrema-direita não terminou
com as eleições e ela será longa. É imperioso levar a cabo, até as últimas
consequências, a apuração dos crimes, seus mandantes e financiadores, civis e
militares, condená-los exemplarmente nos termos da Lei, com base nas apurações
da Justiça e das conclusões da CPMI do 8 de janeiro. Bolsonaro e seu séquito
devem pagar pelos atentados contra o ordenamento político e institucional do
país.
A profunda fenda política aberta pela
eleição de Bolsonaro em 2018 ainda não conseguiu se fechar. A extrema-direita
assentou raízes na sociedade brasileira: esta é a mais daninha das heranças
legadas ao novo governo Lula. Tem larga base social, presença estridente nas
redes e, no Congresso, o Manifesto de 30 senadores contra o Ato da Democracia
Inabalada em 8 de janeiro mostra o seu aberto desprezo à democracia.
O STF e TSE foram alvo preferencial
de ataques da extrema-direita. Dadas as crises político-institucionais
provocadas pelo governo Bolsonaro, tiveram papel relevante em enfrentá-las, na
defesa da democracia e Estado Democrático de Direito e pelo equilíbrio
institucional. A ida do Ministro Flávio Dino para a Corte permitirá reforçar
esse papel, com sua notável experiência política e jurídica.
O Congresso, empoderado após o golpe
contra a presidenta Dilma, estabeleceu um crescente domínio sobre as
destinações orçamentárias e, sob comando conservador e hegemônico, dificulta a
construção de uma base parlamentar sólida. O desafio segue na 1 disputa em
construir uma maioria parlamentar de apoio ao governo, comprometida com os seus
objetivos gerais em ambas as Casas. Isso envolve ampliar as forças integrantes
do governo, como vem ocorrendo, mas segue necessário unificar mais a sua
atuação em torno do governo, elevar a coesão das bancadas progressistas e
elevar a mobilização popular.
Apesar da resiliente polarização, aos
poucos a política tem voltado a seu lugar e ganhado a centralidade que nunca
deveria ter perdido. A formação da ampla coalizão política é uma obra
cotidiana, em meio a contradições e disputas, mas indispensável nas
circunstâncias do Brasil atual. A Federação Brasil da Esperança e demais forças
progressistas e democráticas devem constituir um núcleo dessa coalizão, para
fortalecer os eixos da política do governo.
Iniciou-se a
virada!
Após quatro anos de um governo que
promoveu o desmonte nacional, atentou contra a democracia, alimentou o ódio e a
intolerância, destruiu direitos sociais, enfim, um período de regressão
civilizatória, o Brasil voltou, e com ele o caminho soberano da democracia
encontra nova oportunidade. No plano econômico, social, político e cultural, em
2023 a situação do país começou a mudar para melhor. O primeiro ano do governo
do presidente Lula é exitoso, repleto de realizações e conquistas que resgatam
a dignidade de nossa gente, recuperam a imagem do Brasil no mundo e promovem o
reequilíbrio da vida institucional e democrática do país.
O ano foi um marco na reconstrução
nacional. O presidente Lula encontrou o país, em 1º de janeiro de 2023, em uma
situação de degradação social e econômica, de desmonte do Estado e das
políticas públicas, com fortes ameaças à democracia e de amplo isolamento
internacional do país. Tal êxito se deveu em grande medida à PEC da transição,
que permitiu um aumento no gasto primário de R$ 168 bilhões para a recomposição
dos principais programas sociais, sendo R$ 23 bilhões para a realização de
investimentos emergenciais.
O resgate de políticas públicas com
forte impacto social fortaleceu a economia e o consumo, destacando-se a
retomada do Bolsa Família, o retorno da política de valorização do
salário-mínimo, os programas como o Desenrola no enfrentamento do endividamento
das famílias brasileiras, o reajuste de 40% das bolsas de estudo que estavam
congeladas há mais de 10 anos.
Junto a elas, houve iniciativas de
reestruturação de programas como o Farmácia Popular, Minha Casa Minha Vida,
Mais Médicos, Plano Safra, entre tantos outros. A agenda ambiental que tem sido
promovida busca não polarizar com a agenda de desenvolvimento e, 2 ao mesmo
tempo, adotar iniciativas para impulsionar os investimentos da agenda de
transição ecológica e climática.
O PIB cresceu 3% no ano, a taxa de
desemprego, que vinha assustando a todos os lares, caiu para 7,7% no terceiro
trimestre, juntamente com uma queda relevante da inflação, além da diminuição
da taxa de juros, o que permitiu o aumento da atividade de consumo das
famílias. O país alcançou, também, superávit comercial recorde no ano. A
Reforma Tributária sobre o consumo, acrescida da tributação de fundos
exclusivos e offshore, são avanços e abrem caminho para a reforma sobre
patrimônio e renda, promovendo maior justiça tributária ao fazer com que os
mais ricos paguem mais impostos.
O novo PAC envolveu a associação de
investimentos públicos e privados, o protagonismo do BNDES, demais bancos
públicos e a Petrobras como alavancas do desenvolvimento, com papel destacado
do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Tudo computado, a resultante,
inegavelmente, foi a retomada do crescimento em 2023. O montante dos recursos
envolvidos no novo PAC é da ordem de R$ 1,7 trilhão, oriundos da administração
direta, das estatais, de financiamentos públicos e da iniciativa privada, o que
fortalecerá os interesses da reindustrialização nacional.
A Nova Política Industrial vem
ganhando centralidade. Está organizada por seis grandes missões: cadeias
agroindustriais sustentáveis e digitais; o complexo econômico industrial da
saúde resiliente; infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade
sustentáveis; a transformação digital da indústria; a bioeconomia,
descarbonização e transição e segurança energéticas; e as tecnologias de
interesse para a soberania e a defesa nacionais. Conta com investimentos de R$
106 bilhões, dos quais R$ 65 bilhões do BNDES e R$ 41 bilhões do MCTI, que
buscarão estimular a indústria em áreas estratégicas. Junto a isto o MCTI, por
uma decisão de governo, reverteu a extinção do Centro Nacional de Tecnologia
Eletrônica Avançada (Ceitec), para o Brasil voltar ao segmento de produção de
semicondutor es, e promoverá um amplo programa de capacitação em todo o país para
avançar na transformação digital.
Sob o comando do presidente Lula, o
Brasil tem adotado ousada estratégia de reinserção internacional, ancorada no
resgate da imagem do país no mundo, em prol da paz no mundo e no combate às
desigualdades sociais. Constituiu assim forte ponto de apoio à retomada do
desenvolvimento, aos investimentos e às tecnologias.
A agenda do clima e meio ambiente, e
em particular o desenvolvimento soberano da Amazônia, ocupa um lugar central
nessa estratégia. Com a realização da Cúpula da Amazônia 3 e da COP em 2025, o
país busca fazer uso de nossa biodiversidade e da matriz energética mais limpa
do mundo como ativos importantes na atração de investimento e produção de
inovação na decisiva fronteira da transição energética.
O Brasil volta a desempenhar
protagonismo internacional na construção de uma agenda do direito ao
desenvolvimento dos países do Sul global, do fortalecimento de novos polos de
poder e por um multilateralismo mais justo e democrático. Segue nessa linha a
defesa da ampliação dos BRICS, com a adesão de novos países. Ao assumir a
presidência do G20, e realizar a Cúpula Presidencial no Brasil em 2024, o país
busca diversificar fontes de financiamento e acesso a tecnologias.
O país retornou à América Latina, com
sua reincorporação na CELAC, iniciativas destinadas a reestruturar a Unasul e
presença na Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). O governo
sustenta a preservação de instrumentos soberanos de desenvolvimento como
condição para um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
Óbices, limites e
insuficiências
O contexto em que foram alcançados
esses êxitos foi muito complexo. No plano externo, o ano foi marcado por
instabilidades na dinâmica global, com graves tensões geopolíticas, baixo
crescimento e inflação, finanças descontroladas e eventos climáticos extremos.
A guerra da Ucrânia maquinada pelos Estados Unidos e as provocações contra a
China Socialista são tentativas de conter o declínio de sua hegemonia. Isso se
soma ao apoio ao hediondo genocídio do povo palestino em Gaza, perpetrado pelo
Estado de Israel, um massacre que tem o repúdio do governo brasileiro, do PCdoB
e de outras forças democráticas de nosso país. Um ambiente, no seu conjunto,
tendente a criar imprevisibilidades na recuperação econômica e ainda marcado
pelo ascenso de forças de extrema-direita como na Argentina. Em 2024, seis
eleições nas Am&eac ute;ricas terão importância para os interesses do
Brasil.
No plano interno, objetivamente, um
importante condicionante e limitador ao projeto de reconstrução nacional é a
institucionalização das políticas neoliberais como políticas de Estado,
tornando-o disfuncional para o projeto desenvolvimento soberano.
“Independência” do Banco Central, o Teto de Gastos que se logrou
desconstitucionalizar, as privatizações no setor energético, entre outras
medidas aprofundaram o domínio dos interesses rentistas, a dependência ao
imperialismo e as carências sociais e regionais no país. Ao lado disso atua,
estruturalmente, a profunda chaga da desigualdade social, agravada sobremaneira
com a 4 política neoliberal, em que 1% dos mais ricos têm 60% dos ativos
financeiros do país, como exposto no último relatório global da Oxfam.
Processam-se as contradições
inerentes ao Governo de União e Reconstrução do Brasil, para, por um lado,
isolar e desmascarar as forças da extrema-direita, em defesa da Democracia; e,
por outro lado, para a pactuação necessária pelo Programa de Reconstrução e
Transformação do Brasil. Elas envolvem acordos e disputas com os setores
capitalistas hegemônicos, com a ampla maioria política conservadora no
Congresso e nos meios de comunicação, bem como de inúmeros governadores,
principalmente nas estratégicas regiões Sudeste e Sul. Como é próprio a um
governo de frente ampla, tais contradições pulsam forte no âmbito do governo e
de sua base parlamentar e social, instaurando continuado debate programático e
de ideias.
Os óbices e limites objetivos e
subjetivos apontados fazem mais premente superar as insuficiências existentes.
Nesse sentido, destaca-se, no campo econômico, a política de juros altos do
Banco Central, que representa objetivamente um dos principais obstáculos para a
política desenvolvimentista. Somou-se a isso a meta do déficit zero em 2024,
sob pressão dos setores financeiros, forçando as despesas a crescerem mais
lentamente do que a arrecadação e, ademais, meta irrealizável. Esse equívoco
precisa ser corrigido para garantir a continuidade do crescimento. Os
interesses do capital financeiro quanto à austeridade fiscal visam a promover a
redução gradual do tamanho do Estado. Ao contrário, para uma mais robusta
retomada da economia é necessário elevar fortemente a Formação Bruta de Capital
Fixo, isto é, o investimento público e privado que, ao longo do ano de 2023,
experimentou forte queda, terminando aquém daquela já baixa de 2022, e
comprometendo o desempenho do PIB em 2024.
A missão das forças avançadas da
sociedade não comporta ilusões voluntariosas e tampouco desilusões precoces. O
caminho é o da luta, maior mobilização político-social e senso estratégico. O
mais fundamental, ao lado de assegurar a essencial missão democrática, é
construir maior apoio social e superar o baixo nível de mobilização organizada
dos setores populares e progressistas, para respaldar e impulsionar o governo a
realizar o Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil. Essencialmente,
o país tem numerosas alavancas necessárias para um novo ciclo
desenvolvimentista, mas é preciso constituir mais pontos de apoio, em meio a
uma dinâmica marcada por aguda luta de classes e pressão, seja dos interesses
dos países imperialistas, seja também dos interesses dos que os internalizam e
se opõem ao projeto de desenvolvimento soberano do país.
O governo precisa evidenciar um
projeto e plano mais nítidos, que coesionem um núcleo político estratégico e
atuem como catalisadores de apoio social com vistas a se fazer majoritário na
disputa que ocorre na sociedade. Um programa que explicite os projetos e
agendas centrais que traduzam a perspectiva avançada de levar o país a um novo
ciclo de desenvolvimento, e coordenar mais essas medidas no seio da
administração.
Necessário se faz, junto a isso, que
se estruture uma estratégia de comunicação do governo, em sintonia com as
forças sociais populares organizadas, para veicular de maneira mais clara seus
feitos e intenções. É na base de maior diálogo de convencimento social, e com
melhores índices de crescimento econômico, que se enfrenta, numa sociedade em
resiliente polarização política, o que está evidenciado nas pesquisas, em que a
aprovação ao governo caiu em relação às expectativas de sua posse.
Cumpre ressaltar, pois, que essas não
são responsabilidades apenas do governo, mas também, com saliência, das forças
da esquerda, progressistas e democráticas em produzir maior convergência na
ação política em torno dos objetivos do Programa de Governo disputado nas urnas
sob a liderança de Lula. Essencialmente, cabe-lhes disputar a sociedade.
Vistos em conjunto, governo e forças
progressistas precisam superar a subestimação da disputa de ideias na
sociedade, promover maior engajamento político e serem capazes de mais
interlocução com todos os segmentos sociais. Vale dizer, lutar pela hegemonia
de valores democráticos e progressistas, pela desconstrução dos fracassados
dogmas neoliberais, por maior clareza e confiança num novo projeto nacional de
desenvolvimento, pela superação das mazelas históricas da desigualdade social,
da dependência e subdesenvolvimento, e pelo papel protagonista do Estado
nacional como promotor, indutor e planejador do desenvolvimento.
Em síntese, para avançarmos mais, é
preciso maior patamar de disputa política e ideológica na sociedade. Em termos
estratégicos, deve-se sustentar a perspectiva de acumulação de forças para
transformações estruturais do Estado Nacional como condição sine qua non para
um novo projeto nacional de desenvolvimento. Essas são as responsabilidades
históricas das forças de esquerda e progressistas nesta hora.
As forças de esquerda, progressistas
e democráticas precisam elevar a consciência da nação e do povo sobre a imensa
relação entre a luta pela democracia – do ponto de vista político e social – e
a luta pela soberania nacional. Um Brasil democrático, isto é, hegemonizado
pela vontade de seu povo, precisa trazer desenvolvimento e prosperidade ao
país, e não comporta ser subordinado ou submetido aos interesses das elites
financeiras e sua dependência a outros países.
Em 2024 é
necessário avançar
A democracia e o fortalecimento de um
Brasil desenvolvido e soberano, que assegure vida digna ao povo, dependem do
êxito do atual governo, que ganha contornos de uma gestão de transição. Em 2024
o governo reúne mais condições para dar outro impulso à reconstrução nacional,
promovendo um crescimento econômico mais robusto, com mais geração de emprego,
renda e direitos. Isso cria as condições para maior poder mobilizador social de
apoio ao governo e para aprimorar a gestão da coalizão política democrática.
As forças progressistas e
democráticas, por sua vez, precisam agir mais em torno de batalhas unitárias.
Se o povo nos vê unidos, é maior sua confiança e mobilização. A construção de
uma larga base social organizada de apoio ao governo torna-se um vetor
prioritário na luta política como a condição maior para seu êxito.
Seguem prementes e carentes de
mobilização as lutas em defesa da democracia, com a apuração e penalização dos
crimes contra o Estado democrático de direito; a aprovação de regulação da
internet e da Inteligência artificial; contra a política monetária de juros
altos; a agenda da nova industrialização; a soberania energética e a
recomposição dos instrumentos de fiscalização e proteção ao meio ambiente, às
riquezas naturais e aos povos originários; por nova geração de políticas
sociais que alcancem novos setores sociais e respondam a antigas chagas, como
na Segurança Pública; pela segunda fase da reforma tributária sobre a riqueza e
o patrimônio; pela valorização do trabalho e com a reestruturação do mercado de
trabalho; a revogaç ão dos marcos regressivos das reformas trabalhista e
previdenciária e fortalecimento do movimento sindical, com recuperação de suas
fontes permanentes de sustentação material.
Muito especialmente, 2024 é ano
eleitoral municipal, processo que envolve ampla disputa política e de ideias em
todo o Brasil. As eleições serão um capítulo decisivo da luta contra a
extrema-direita, pelo convencimento de maior base social sobre as realizações
do governo, e sobretudo para o fortalecimento dos partidos de esquerda,
progressistas e democráticos de sustentação ao governo. Terão, também, profundo
vínculo com a disputa de 2026. O presidente Lula está chamado a um grande papel
nesta batalha. A Frente Brasil da Esperança deve ser o vértice ativo da
construção de candidaturas amplas com capacidade de vitória a partir das
grandes cidades do país.
A Comissão Política
Nacional do Partido Comunista do Brasil ( PCdoB)
Brasília, 18 de
janeiro de 2024
As
dores do parto da História https://bit.ly/3Ye45TD
Postado por Luciano Siqueira às 17:55 Nenhum
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