Frentes Brasil
Popular e Povo Sem Medo realizam seminário conjunto que reúne mais de cem
organizações para debater unidade contra avanço da extrema-direita e calendário
de lutas
por Murilo da Silva
Publicado 05/02/2024 18:59
Foto: Priscila Ramos/MST
Os desafios da
atual conjuntura política foram debatidos nesta segunda-feira (5), no Seminário
Conjunto das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, realizado em São Paulo
(SP), no Espaço Cultural Elza Soares, do MST (Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra).
Na mesa de
abertura, João Paulo Rodrigues, coordenador do MST, pontuou a importância
de ajustar o calendário de mobilização para o ano: “[Vamos] discutir
planejamento e as tarefas do campo político representada por mais de 100
organizações do movimento sindical, popular, do campo e da cidade que estão
aqui”, colocou.
Entre as datas que
as frentes organizam ações, estão:
- 22 a 24 de fevereiro: jornada latino-americana
anti-imperialista em Foz do Iguaçu;
- 8 de março: Dia Internacional da Mulher;
- Março das mobilizações dos atingidos por barragem;
- Abril de Lutas: mobilização no campo, dos sem-terra aos indígenas;
- 1 de maio: Dia do Trabalhador;
- 5 de junho: Mobilização mundial convocada pela Via Campesina
Internacional para combate às mudanças climáticas;
- 20 de maio pela libertação do ativista Julian Assange;
- Junho a outubro: campanha eleitoral;
- 18 e 19 de novembro – G20 no Rio de Janeiro.
O vice-presidente
nacional da CTB, Ubiraci Dantas “Bira”, na sua intervenção, destacou a vitória
de Lula nas eleições 2022, mas lembrou que é preciso manter a mobilização.
“Tivemos o primeiro
embate político. Vencemos. Foi uma vitória muito significativa para o povo
brasileiro. Eles estavam com tudo na mão, mas não estavam com todo o povo.
Conseguimos derrotá-los [bolsonaristas]. E agora a consolidação da democracia
está diretamente ligada ao bem-estar do povo. Porque se o povo não estiver bem
é um terreno fértil para que o fascismo e a ignorância ganhem espaço em nosso
país”, disse.
Na sequência
elogiou a nova política industrial anunciada pelo governo, ainda que seja
necessário destinar mais recursos para a sociedade do que para o setor
financeiro, como ainda acontece, colocou Bira.
Estiveram ainda na
abertura, Marina Amaral da Frente Povo Sem Medo e Sergio Nobre, presidente da
CUT.
Análise de
conjuntura
Após a abertura foi
realizada uma mesa para analisar a conjuntura atual. O ex-ministro José Dirceu
salientou que nas eleições municipais de 2024 a correlação de forças está
contra a esquerda devido ao poder econômico que a direita tem e a força que
exerce nas prefeituras e câmaras municipais, sem contar a unidade que encontram
quando se trata de combater a esquerda.
“A primeira questão
nesta eleição é a unidade das forças que estão aqui. Temos que ter clareza que
uma derrota eleitoral nossa [nos municípios] vai fortalecer a participação da
direita no governo, porque não temos um governo só de centro-esquerda, porque o
PP e o Republicanos participam do governo [Lula]. Então temos uma situação
muito complexa. A situação do presidente Lula e do governo neste momento exige
que consigamos mobilizações populares, caso contrário não muda a correlação de
forças no parlamento e no governo, onde está se dando a disputa política”,
afirmou.
Simone Nascimento do MNU (Movimento Negro Unificado) e da Frente Povo Sem Medo falou sobre a importância em reconhecer as frentes únicas, como a que representa e a Brasil Popular, além de reconhecer o avanço que foi a vitória eleitoral de Lula, mas sem descuidar do bolsonarismo.
“[Precisamos]
entender que a extrema-direita e o neofascismo necessitam ocupar o governo para
avançar com o seu projeto de disputa, portanto a disputa segue permanentemente.
Por isso, estamos disputando a cada dia a relação de forças e o futuro do
Brasil e do mundo com a extrema-direita”, explicou em referência às eleições
desse ano.
Leia também: Frentes Brasil
Popular e Povo Sem Medo discutem mobilização
Já o presidente da
Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamoto, questionou: “Como vamos avançar? Avançar
de uma forma que não tenha retrocessos, avançar de uma forma que a gente amplie
a consciência política da classe trabalhadora para impedir golpes como o que a
Dilma sofreu, a prisão de Lula e tantas outras coisas.”
Depois o presidente
da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco (do PSOL), Josué Medeiros, destacou
que é preciso ir além das eleições na disputa ideológica.
“Sabemos que não
vamos derrotar a extrema-direita somente com vitórias eleitorais. Precisamos
aumentar a nossa capacidade de mobilização para enfrentar nas ruas e nas redes
a extrema-direita que não vai parar de nos enfrentar”, alertou Medeiros que
ainda disse que a militância está animada para construir o crescimento
eleitoral este ano nas eleições municipais, mas para isso é necessário aumentar
a capacidade de mobilização.
Ainda participou Daiane Araújo, da UNE, e os presentes puderam realizar suas considerações.
Ainda participou Daiane Araújo, da UNE, e os presentes puderam realizar suas considerações.
Plano para lutas populares
Plano para lutas populares
Antes de as
propostas serem defendidas pelos movimentos presentes assim como a organização
para o calendário oficial de lutas que ainda deverá ser alvo de novo debate
após as deliberações dessa segunda-feira serem levadas para discussões
setoriais, o integrante da direção nacional do MST, João Pedro Stedile,
ressaltou a relevância do retorno de comitês populares nas periferias e a necessidade
de que a luta travada envolva as massas e que seja unitária e nacional.
“É necessário fazer
a luta ideológica de forma permanente, porque um dos aspectos da luta de
classes hoje é a disputa pela hegemonia e das ideias com a extrema-direita. Mas
nós, da esquerda, precisamos levar em conta que esta luta ideológica deve ser
com as massas, não basta redes sociais etc. Isto implica a reflexão, precisamos
voltar a usar a arte, a cultura, como forma de fazer o debate ideológico”,
explicou ao lado de Rud Rafael da Frente Povo sem Medo.
Foto: Priscila Ramos/MST
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EXTREMA-DIREITA, FRENTE BRASIL POPULAR, FRENTE POVO SEM MEDO, GOVERNO LULA, MOVIMENTOS SOCIAIS
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