sábado, 1 de setembro de 2012

Tatuagens de henna parecem inofensivas mas são consideradas um mal à saúde


Tatuagens provisórias, coloração para os cabelos e cosméticos. Esses são os usos mais comuns da henna, produto proveniente da casca e das folhas secas de uma planta chamada Lawsonia inermis. Mesmo de origem vegetal, a substância tem trazido problemas aos consultórios dermatológicos que cada vez mais recebem pacientes com sintomas de dermatite de contato, alergias causadas quando a pele entra em contato com algo nocivo à saúde.


Segundo os dermatologistas, a enfermidade é resultado da banalização do uso da henna, que quando acrescida de substâncias químicas pode se tornar extremamente prejudicial. A parafenilenodiamina é um dos aditivos químicos mais misturados à henna. A substância é um corante que garante ao produto de origem natural a cor negra e uma maior resistência à água. 

Originalmente, a mistura de henna com parafenilenodiamina era usada apenas em tinturas de cabelo, na qual a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite a presença de apenas 6% da substância química na fórmula. O problema, de acordo com os dermatologistas, é que já foram encontradas misturas com até 20% dessa substância altamente alérgica. Esse aditivo é amplamente explorado no caso das tintas usadas nas tatuagens provisórias.

Por causa disso, o dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Pernambuco, Sérgio Palma, atribui às tatuagens provisórias feitas com a henna a principal causa das alergias de contato. “Tatuagem está na moda e muitos pais permitem que seus filhos façam desenhos no corpo com a henna por ela ter um 
caráter temporário (até uma semana)”, pontua o médico que também se mostrou preocupado com a o alto número de crianças afetadas pela má qualidade da tinta oferecida pelos tatuadores.

Quem já se tatuou com henna e não teve reações alérgicas, não deve pensar que está livre de sofrer com a alergia que ela pode causar. De acordo com o médico Sérgio Palma, é muito comum que o corpo do indivíduo rejeite a aplicação apenas na segunda ou terceira aplicação. “As reações começam com uma leve coceira, inicialmente com a pele avermelhada e, em seguida, com o aparecimento de bolhas”, detalha o dermatologista. De acordo com o especialista, o tratamento conta com a ingestão de medicamento oral e aplicação de pomada à base de corticóide.

“Esse tema pode parecer superficial, mas a verdade é que o uso banalizado das misturas com henna é amplamente debatido em encontros de dermatologia. Tudo isso porque a henna parece inofensiva, mas na verdade é um grande problema de saúde pública”, ressalta o médico.

Quem sofreu na pele as consequências de uma dermatite de contato decorrente de uma tatugem de henna foi o cobrador de ônibus Gleison Emanuel dos Santos, de 28 anos. Há cerca de três anos mandou fazer um desenho no antebraço e percebeu uma leve reação alérgica. Mesmo com a irritação da pele, Gleidson mandou retocar a tatuagem temporária e acabou sofrendo com as consequências. “Foram crescendo bolhas que quando estouravam saia uma água, como se fossem um calo. Passei uma pomada indicada para queimaduras e melhorou, mas até hoje eu tenho a marca”, lembra Gleidson.

O jovem garante que já havia feito outras tatuagens temporárias antes de sofrer a alergia. Ele não sabe o que causou a reação alérgica, mas acredita que tenha sido a má qualidade da tinta usada no desenho. “Eu sempre fazia em Olinda, mas uma dia eu estava em Boa Viagem e pedi para um tatuador que não conhecia fazer o desenho. Acho que a alergia foi por causa da tinta que ele usou em mim”, opina. 

No centro das críticas e desconfianças por parte dos médicos estão os tatuadores que percorrem as areias das praias mais movimentadas da Região Metropolitana do Recife (RMR). Bairro Novo, em Olinda, Boa Viagem, no Recife, e Porto de Galinhas, em Ipojuca, são algumas das praias mais visitadas pelos tatuadores de henna.

No ramo há sete anos, Josivan Alves da Silva, 25, é mais conhecido como Van. Ele trabalha de sexta a segunda, sempre das 10h às 16h, oferecendo seus desenhos na praia de Bairro Novo, em Olinda. Van é tão conhecido na área que tem até cliente fixo. O tatuador reconhece que algumas pessoas podem desenvolver alergia, mas coloca a culpa em profissionais que fazem misturas irregulares nas tintas usadas nas tatuagens provisórias.

Fonte: NE10

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