Essa semana, durante um debate em Pernambuco, a ex-senadora
Marina Silva afirmou que que o deputado-pastor Marco Feliciano “está sendo
criticado por ser evangélico, e não por suas posições políticas equivocadas” e
que que com isso “A gente acaba combatendo preconceito com outro”.
Tal declaração causou polêmica nas redes sociais, em blogs,
e teve grande repercussão, uma vez que sua fala foi interpretada como uma
defesa de Feliciano. Marina afirmou ontem (16/05) que sua fala foi interpretada
de forma errada.
Disse que “Não houve uma mudança de fala, houve uma mudança
de editor e de jornalista”, referindo-se à reportagem de um veículo local que
divulgou suas declarações durante a palestra.
O vídeo da fala de Marina está disponível na Internet. Há
pessoas que discordam que Marina tenha defendido Marco Feliciano.
Marina já criticou Marco Feliciano em relação à Comissão de
Direitos Humanos, mas sempre reafirmando que ele não pode ser criticado por ser
evangélico. Afirmou ainda que não se pode creditar posições políticas
equivocadas de uma pessoa à crença dela “Porque eu não posso ter dois pesos e
duas medidas: se alguém é evangélico, eu digo que as posições equivocadas são
porque se é evangélico. Se é ateu, não é a mesma coisa.”
Ora, Marina está querendo distorcer as coisas. Primeiro,
Feliciano não está sendo criticado por “posições políticas equivocadas”, mas
por seu fundamentalismo religioso levado indevidamente para o âmbito da
política num Estado laico e democrático, onde a regra é a da maioria, mas onde
também as minorias têm seus direitos assegurados e garantidos.
Está sendo criticado e combatido, legitimamente, por estar
presidindo justamente uma Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Um
parlamentar que coloca a bíblia acima da Constituição, fundamentado em suas
crenças religiosas, não está sendo criticado simplesmente por posições
políticas “equivocadas”.
Está sendo criticado justamente por causa de seu
fundamentalismo religioso a ditar normas para a política. Alguém que quer impor
regras morais de cunho religioso dogmático para uma sociedade que não é laica,
mas que é pluralista em termos morais e religiosos. Isso não é fazer política,
é despolitização.
Obviamente que na presidência da Comissão de Direitos
Humanos poderia estar um parlamentar ateu, católico, evangélico, judeu,
umbandista, xintoísta, hinduísta, budista, seja lá o que for. Desde que tivesse
a consciência de que democracia é uma forma de organização social e política
pela qual luta-se por direitos para todos e que a essência dos Direitos Humanos,
como diz Hannah Arendt, é o direito a ter direitos.
Feliciano está sendo criticado, sim, por ser um evangélico
fundamentalista, como seria da mesma forma se fosse um católico
fundamentalista, não pura e simplesmente por ser evangélico.
Marina, queira ou não, defendeu Feliciano ao justificar que
suas “posições políticas equivocadas” não têm a ver com o fato dele ser
evangélico. Tem sim, e muito, porque ele, com seu fundamentalismo, coloca a sua
religião acima da política e do direito a ter direitos.
Se Marina Silva quer defender o Estado laico, a democracia e
a liberdade religiosa e quer combater o preconceito contra os evangélicos, que
comece por combater os fundamentalismos religiosos e defenda a verdadeira
política, não Marco Feliciano.
1 comentários :
Quanta mentira... a começar pela imagem manipulada. Vocês não tem vergonha na cara não??? Removam está matéria de uma vez.
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