Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Ontem, ouvindo os apresentadores do Jornal Nacional, eu
escrevi aqui Atenção: a Globo virou o fio!
Algo fez o Império recuar na verdadeira campanha de
propaganda pró-manifestaçôes que vinha fazendo.
Fosse ou não essa a intenção dos manifestantes, a Globo
farejou logo que ali estava uma arma contra o Governo Dilma-Lula.
Era um “mensalão” com povo.
E bomba, e fogo, e caos. Uma insurreição popular, vestida
candidamente de “menos corrupção, mais educação e saúde”.
Por que a Globo abandonou, então, seus inocentes úteis e
diz, hoje, num editorial bulldog – Ultrapassou os Limites - que terminou a
promoção grátis do Big Brother de rua?
Diz, sem meias palavras: Uma etapa que se esgota, como a
atual se esgotou.
Ou seja, acabou. Saem da tela as meninas jovens e bonitas,
ficam só os mascarados ameaçadores.
Por que?
Não é apenas porque a Globo viu, no movimento das ruas “a
existência de uma agenda ultrarradical para além do passe livre, como a
proposta de uma “reforma urbana”, fachada de um programa lunático de
desapropriação de propriedades privadas nas cidades”.
Nem é pelo delírio golpista que recorda as acusações que se
fazia a João Goulart de querer “implantar uma república sindicalista”, agora
repaginada como “chavismo”:
“Algo que se aproxima da perniciosa “democracia direta”
chavista, em que as instituições republicanas são subordinadas a um Executivo
cesarista, senhor de todas as decisões, manipulador-mor das massas, mantidas
coesas por programas populistas assistenciais economicamente insustentáveis”.
O que assustou a Globo são as pesquisas reservadas que
possui, diariamente, e que lhe mostraram que a maioria da população chamava o
seu Governo a agir e enfrentar a crise política que ela tinha ajudado a gerar e
da qual não se diferenciava aos olhos do povão.
Enfrentar a crise não com bordoada e tiros, mas com firmeza
de ação e ousadia de proposição.
Que o desejo das ruas que ela manipulava virasse, como vai
virar, alavanca de transformação, dando à mudança forças que, talvez, não possa
a mídia conter.
A turma de parvenus da Barra, que vaiou a fala de Dilma,
ontem, não vai cancelar a assinatura de O Globo nem deixar de lado o julgamento
William Simpson Bonner que lhe é diariamente servido.
A velha golpista de 64 apenas disse: meninos, vamos parar,
isso não está dando certo.
Agora, em nome da ordem, vão é tratar de construir um
moralista para encarnar a “salvação” e esperar a próxima chance de
desestabilização.
A nós, resta um caminho, avançar. Porque ficar parado,
achando que a direita morreu ou que é diferente da dos velhos tempos – não
importa se de piercing – é escapar do fogo para cair na frigideira.
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