Por Dedé Rodrigues.
Retornando a Marx e a dialética novamente para dizer que não
conhecemos um fenômeno social pela aparência, mas sim, quando mergulhamos na
essência dele. E revendo a pedagogia de Paulo Freire, na qual, “não há
neutralidade, todo Professor tem partido”.
E ainda, voltando no tempo em
Aristóteles lá na Grécia Antiga quando dizia que “todo homem é um animal
político”. Vou apresentar, além dos avanços, das perspectivas e da importância
dos movimentos de ruas do mês de junho nos principais centros urbanos do Brasil,
materializados em conquistas sociais, também algumas ilusões e alguns equívocos
praticados por aqueles grupos mobilizados pelas redes sociais e boa parte deles
alienados pelo PIG (Partido da Imprensa Golpista no Brasil) quando agrediram os
militantes dos partidos Políticos que portavam bandeiras em apoio ao movimento.
O que fazer daqui para frente? É possível mudar a realidade brasileira
dispensando ou negando a importância dos partidos políticos? Vamos enumerar e
refletir sobre ideias e fatos.
Primeiro: Se todo “homem” é um animal político, todos os
manifestantes que foram protestar nas ruas também são políticos. Qual é a
diferença desses políticos? Um é uma liderança ou militante que assume um
partido legal e o outro não tem filiação partidária. Ora! Se não há
neutralidade política em Paulo Freire, pois todos devem tomar partido, todos os
militantes das ruas tomaram partido.Ou estavam contra ao governo, ou estavam a
favor dele. Todos votaram nas últimas eleições em algum partido. Se não votaram
a favor ou contra ao governo atual ficaram com o “partido” não legalizado da
abstenção, do voto branco ou do voto nulo. Não deixaram de tomar partido. O
problema é que este último “partido” não leva a lugar algum, pois não tem
proposta, nem é legal, nem chegará ao poder nunca.
Segundo: Os manifestantes ao combaterem a PEC 37, a
corrupção, os gastos com aCopa do Mundo, a violência e pedir mais dinheiro para
a educação e para a saúde, tomaram partido, pois nada mais fizeram do que
repetir as bandeiras políticas e sociais de partidos tradicionais no Brasil.
Qual é a diferença? A diferença está no programa, na prática e no conteúdo
ideológico dos partidos políticos. Em outras palavras, retornando Marx, a
sociedade atual é dividida em classes sociais e continua havendo o conflito de
classes inerente a sociedade capitalista. Esse conflito é entre a direita e a
esquerda. A solução para esses e outros conflitos e problemas no Brasil passa
também por uma melhor distribuição da mais-valia, ou seja, da renda produzida
pelo trabalho, numa reforma política democrática, etc. Mas a direita foge disso
e de outras questões de fundo na prática e nas votações no Congresso como “o diabo
foge da cruz”.
Terceiro: Quando os manifestantes agrediram os militantes
que portavam bandeiras chamando-os de oportunistas, tomaram partido. Qual é o
problema? Ao agredirem os partidos da esquerda, fortalecem os partidos da
direta que, no geral, são
antidemocráticos, neonazistas, neofascistas, etc. Qual é o outro
problema: Se não fizeram isso
consciente, ajudam a esquerda sectária, ou
ainda pior, viraram massa de manobra da
mídia golpista e da direita que não têm interesse algum em fazer avançar a
democracia brasileira nem as conquistas sociais. Qual é terceiro problema dessa
questão? Se a consciência política dos novos militantes das redes sociais não
avança, eles estarão dando um tiro no próprio pé, apoiando a direita que
representa a elite e os ricos no Brasil para retornarem ao poder nas próximas
eleições e fazer retroceder os avanços democráticos e sociais no Brasil dessa
última década. Um quarto problema é que não se chega ao poder no Brasil, nem se
muda a realidade de uma nação e de um povo em qualquer democracia do mundo sem
está filiado a um partido político. Até os regimes de partido único, tem
partido. A possibilidade de uma sociedade sem partidos políticos, segundo Marx, só seria possível com a extinção de todas as formas de opressão do homem pelo homem. Nesse caso, sem haver classes sociais, nem exploração, nem Estado etc. A sociedade não estaria mais dividida em partes, seria igualitária, ou seja: a sociedade comunista. Mesmo assim, ele defendia que seria necessário pelo menos um Partido Comunista, até a sua auto-extinção, para executar essa imensa tarefa humana.
Quarto: Urge, portanto, debater as ideias avançadas da
esquerda brasileira nas redes sociais e em todas as frentes de lutas para
ajudar a parte dos manifestantes de junho, "aqueles que são marinheiros de
primeira viagem", a enxergar o conteúdo do movimento atual e os interesses
que estão por trás desse e de outros movimentos de massa. É preciso, portanto, a gente fortalecer o
movimento consciente e organizados da sociedade, a exemplo da greve geral do
dia 11\07, para avançarmos nas reformas democráticas e estruturais no Brasil
propostas pela CTB, CUT, UGT, Força Sindical, entre outras centrais, partidos e
correntes políticas da chamada esquerda ideológica. Ou fazemos isso ou o movimento espontâneo das
massas e a maior parte do povo brasileiro pode ser direcionada pela grande
mídia golpista, que tenta sangrar o governo Dilma até as próximas eleições,
quando pretendem eleger um neoliberal do PSDB para aplicar as reformas de cunho
liberal, a exemplo da Europa, que na prática roubam dos trabalhadores os direitos
conquistados na época do chamado Estado de Bem-Estar-Social. No caso do Brasil
, se isso ocorresse, tirariam as conquistas democráticas e sociais dos governos
Lula e Dilma desses últimos 10 anos.
Quinto: As consequências imediatas das mobilizações de
massas, além da redução das tarifas nos transportes públicos em praticamente
todos os centros urbanos, queda da PEC 37, votação do passe livre no Senado,
75% dos royalties do Petróleo para educação e 25% para a saúde, bilhões para
mobilidade urbana, mais recursos para a
seca, aprovação do Estatuto da Juventude, etc. São resultados também, embora
sendo bandeiras do movimento consciente e organizado, dessas últimas
mobilizações de ruas. Mas os partidos da direita e os conservadores no
Congresso Nacional parecem insensíveis no combate à corrupção quando barraram a
constituinte e o Plebiscito sobre a Reforma Política. Vale aqui destacar o
esforço para continuar essa luta dos partidos da esquerda brasileira o PT, o PC
do B e o PDT que ora coletam assinaturas no congresso para votar o Referendo
sobre a reforma política.
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