O consumo, ou melhor consumismo é alavanca que move a
destruição dos ecossistemas do planeta Terra.
Será que os atores globais trocariam os seus carrões de luxo
pelo transporte coletivo?
Será que eles têm feito o dever de casa, reduzir o consumo e
descarte de resíduos ao meio ambiente?
Será que eles estão preocupados com a miséria das favelas
que serpenteiam as suas mansões luxuosas?
A fala de Indira Ghandi, durante a Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, ecoou entre os presentes: a
pobreza é a maior das poluições, deixando claro que era preciso resolver o
problema da miséria para tentar resolver os problemas do meio ambiente, porque
os pobres precisam exaurir o seu meio ambiente para suprir as necessidades
básicas.
Nesse sentido, acredito que só existe um tipo de
desenvolvimento: o desenvolvimento humano em todas as suas dimensões.
E por isso, não se pode entender o movimento ambientalista
de fora como uma necessidade do Brasil, ou que o mesmo vá resolver os problemas
de nosso país, quando na verdade, a luta é para acabar com a miséria que assola
esse país rico, onde a maioria vive ainda na linha de pobreza.
O que se percebe meus amigos é uma sabotagem de setores da
mídia e ONGs (financiadas por organismos financeiros) ao plano estratégico e de
desenvolvimento desse país em curso pelo governo Dilma.
O Brasil não pode entrar nessa armadilha do
"verdismo" que tenta impedir o seu desenvolvimento, onde a Rede Globo
é um instrumento de manipulação ao povo brasileiro. Fizeram isso com muito
sucesso, preparando o povo para a privataria, mas não podem ter sucesso com o
objetivo de sabotar o desenvolvimento desse país.
Importante perceber que é a energia que move as economias no
mundo. E que o Brasil tem um plano estratégico para diversificar a sua matriz
energética, em curto, médio e longo prazo.
E que os governos anteriores, apoiados pela Rede Globo, não
fizeram o dever de casa no sentido de gerar energia e evitar apagões.
É importante os leitores fazerem a seguinte indagação: o que
está por trás dessas manifestações? E que interesses estão em jogo?
O do Brasil? Por que esses atores não fazem manifestações
para acabar com a miséria nesse país? Para acabar com as injustiças sociais? De
que lado essa gente está?
Do Brasil real ou do Brasil que passa nas novelas?
O ator Sergio Marone produziu e escreveu o roteiro do vídeo
contra a construção de Belo Monte
Terra Magazine
Marcelo Carneiro da Cunha
De São Paulo
Os Belos e Belo Monte
Pois estimados leitores cá estamos, dependendo de onde
estamos. Se estivermos em São Paulo, por exemplo, podemos aproveitar das
maravilhas da Balada Literária, a criação do Marcelino Freire para mostrar que
evento de literatura pode, sim, pode, ser muito legal, ter altíssima qualidade,
e, ora vejam, ser grátis. Basta querer que todo mundo que queira entrar entre,
não é mesmo?
E entre um momento e outro da Balada cá estava eu, ciscando
no Tuiti e pronto, fui atingido por um vídeo gravado por muitos atores globais
baixando o cacete na hidrelétrica de Belo Monte, garantindo que ela é o mal
sobre a Terra, o exu, o capeta, o diabo em sua versão mais úmida, e eu me
pergunto, como eles sabem de tudo isso? E mais, por que o vídeo deles é igual a
um americano, dirigido pelo Spielberg para fazer os americanos tirarem a bunda
do sofazão e irem votar?
Por que atores globais fizeram um vídeo contra? Eu não tenho
nada contra atores globais, fora o sotaque e a mania de fazerem teatro
comercial, mas não tenho nada a favor. Pra mim, são tão ignorantes em assuntos
de represas no Pará como quase todo mundo com quem eu falei antes de escrever
essa coluna, se bem que, admitamos, muito mais fotogênicos. Mas, mesmo sendo
pra lá de mais bonitos e reconhecíveis do que eu ou o senhor aqui ao lado, eles
falam tanta besteira quanto qualquer um, e isso me irrita. Energia eólica é
mais limpa? Alguém já viu um parque eólico, que por demandar vento costuma
ficar no litoral, onde também ficam as praias? Importante, necessário, talvez
melhor, mas, limpo? Defina limpeza aí, seu global, porque eu talvez ache uma
represa cheia de água no meio de uma floresta cheia de água algo mais natural
do que cataventos altíssimos transformando por completo uma paisagem que antes
era perfeita. Solar? Estimado espécime global, sua senhoria faz idéia da área
necessária para produzir 100 megawatts de energia solar? Eu sei, e é um monte
de área, que não vai servir para mais nada, montes de recursos, dinheiro pra
caramba, e ainda temos os enormes custos de manutenção. Belo Monte são 11 mil
megawatts, senhor ou senhora global. Faça as contas antes de vir ler texto dado
por sei lá quem, e talvez eu realmente leve a sério o que dizem, o que o senhor
ou senhora talvez mereçam, desde que trabalhem para isso.
Os bonitinhos dizem que Belo Monte vai criar um baita lago e
afogar a floresta. Eu, feinho, fui estudar. O lago da represa vai ocupar uma
área de 516 km2, me informa o Google. O mesmo Google me diz que o estado do
Pará possui uma área de 1.247.689,515 km2. O que deve querer dizer que o lago a
ser formado vai ocupar uma área equivalente a 1/2400 da área do estado do Pará,
que por sua vez é um estado com 7 milhões de habitantes, com dois milhões deles
morando em Belém e todos participando do Círio de Nazaré, pelo que vejo. Ou
seja, uma represa vai alagar uma área de 1/2400, ou nada por cento, de um
estado basicamente vazio e isso se torna um problema por que mesmo? Não dêem
texto, provem. Do jeito que vocês falam, encenando, eu não tomo como sério o
que é dito. A moça vem e diz "24 bilhões" e soa como o Dr. Evil
falando "One billion dollars" com o dedinho na boca. Dona, diga aí
qual é o PIB brasileiro em 2010, e quantos por cento do nosso PIB, a nossa
riqueza nacional, a hidrelétrica vai custar, diluída por 50 anos? Vosmecê sabe?
Ó aqui a minha boquinha enquanto ela diz, assim: D-U-V-I-D-O.
Leitores, me irrita, e muito, essa tentativa de fazer a
minha cabeça por processos tão rudimentares. Se querem, mandem coisa melhor e
terão toda a minha atenção. Isso aí é manipulação tola, boba, mesmo que muito
bem intencionada. Isso tem cara de ONG que consegue apoio de um publicitário
bonzinho e muita gente bacana e vamos lá, salvar as baleias do Xingu. Pois me
irrita pra caramba, pelo desrespeito para comigo, que vivo no mundo real, não
dos comerciais sejam eles do governo ou de ONGs. Eu não sou uma baleia, acho.
Eu vivo em uma sociedade industrial, que pode abrir mão de
muitas coisas e do bom senso quase o tempo inteiro, mas não resiste a umas
poucas horas sem energia. Vira gelo, sem gelo pro uísque. Vira fogo sem ar
condicionado para resolver a vida na fornalha. Vira uma luta pelo pedaço de pão
mais próximo, vira a impossibilidade de chegar até a nossa casa. Podemos ficar
sem quase tudo, e eu poderia ficar muito bem sem axé, o Malafaia e a lasanha
congelada, mas não podemos ficar sem energia. Podemos e devemos economizar
energia. Podemos e devemos desenvolver energias renováveis, e o faremos.
Podemos e devemos esquecer a maluquice de construir Angras 3, 4 o escambau, mas
não o faremos. Angra 3 ou 4 são muito, muito piores do que qualquer Belo Monte
e certamente piores do que Fukushima, especialmente se ficarem no Rio, que,
digamos, não é o Japão.
Mas para chegarmos até as novas energias, precisamos de
energia da que se produz agora e o resto é, infelizmente, poesia. Não a
qualquer custo, mas a custos que valha a pena pagar. E essa avaliação tem que
ser muito, mas muito racional e justa do que eu vejo nos youtubes que vêm e
vão.
Se vamos escapar do fogo ou do gelo, é pela inteligência,
como sempre foi e será. E desse debate, por tudo que eu vi, ela está longe,
muito longe, muito mais longe do que o Pará, e muito menos inteligente do que
precisa ser para ser.
Marcelo Carneiro da Cunha é escritor e jornalista. Escreveu
o argumento do curta-metragem "O Branco", premiado em Berlim e outros
importantes festivais. Entre outros, publicou o livro de contos
"Simples" e o romance "O Nosso Juiz", pela editora Record.
Acaba de escrever o romance "Depois do Sexo", que foi publicado em
junho pela Record. Dois longas-metragens estão sendo produzidos a partir de
seus romances "Insônia" e "Antes que o Mundo Acabe",
publicados pela editora Projeto.
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