A pesquisa CNI/Ibope apenas repete as outras últimas que
foram publicadas após as manifestações. Os números são muito parecidos com os
já divulgados nas últimas semanas.
Como já foi dito aqui, o que dá para se concluir é que há um
puxão de orelha no sistema político como um todo. Nenhum político que esteja no
sistema fica bem na fita. Não beneficia Aécio, pois como senador, o Senado está
muito mais mal avaliado do que Dilma. E como oligarca herdeiro de família
política tradicional, nascido e criado com privilégios e regalias, sempre nas
cortes do poder, ele tem o perfil mais rejeitado das manifestações recentes.
Nem mesmo Eduardo Campos tem muito a comemorar com sua boa
avaliação como governador, pois nos estados onde os governadores estão melhores
avaliados, são onde Dilma também está melhor avaliada.
Dilma é quem está na principal linha da frente e recebe toda
a descarga de descontentamento das manifestações nesse primeiro instante, antes
que atinjam os demais.
Mesmo assim, por incrível que pareça, a avaliação média da
presidenta está acima da avaliação média dos governadores e prefeitos. Ou seja,
Dilma recebeu a maior carga da artilharia pesada por estar na linha de frente e
ainda continua melhor do que muitos que ficaram escondidos, fujões da linha de
tiro. Isso mostra que a resistência dela é maior do que parece e maior do que a
grande maioria dos demais políticos. Parece aquele filme de ação "Duro de
matar", com Bruce Willis, onde o cara apanha até não ter mais jeito, mas
continua de pé e dá a volta por cima, vencendo no fim do filme.
Afinal, Dilma fez pronunciamentos, deu várias entrevistas
sobre as reivindicações das ruas, reuniu-se com diversos setores sociais, deu a
cara a tapa no noticiário, tomou iniciativas saindo na frente do Congresso e de
governadores, como na proposta do plebiscito e dos pactos com governadores e
prefeitos. Que outro político fez o mesmo? No plano nacional ninguém quis se
expôs. No plano estadual e municipal poucos foram os que se expuseram.
Penso que o povo não quer mais desculpas do porque coisas
como a saúde pública não funcionam bem, quer solução. E quer políticos
engajados no bem comum e não atrás de enriquecimento pessoal e regalias. Dilma
tem comprado briga, como no caso dos médicos para melhorar o atendimento, como
no caso do plebiscito para colocar pressão no Congresso. Precisará comprar
muitas outras brigas, e até com setores da base governista que sabotam projetos
do interesse popular por lobismo, fisiologismo, privilégios e sabe-se lá mais o
quê.
O povo tem suas compensações e sua sabedoria popular. A
mesma voz que faz essas cobranças hoje, sabe reconhecer quem trabalha, quem
atrapalha e quem é picareta, quem é trambiqueiro até a hora da eleição, pelo
menos para os principais cargos, como é o de presidente. A mesma consciência
política que cobra, também é a que avalia e julga. Foi assim em 2005, foi assim
no "caos aéreo", foi assim na campanha de 2010.
Boa parte do povo está jogando neste primeiro momento tudo
na conta da Dilma, inclusive descasos que é de governadores e prefeitos e
tolerância com a corrupção que é, em grande parte, da responsabilidade do
Ministério Público e dos Tribunais.
A onda que atingiu Dilma no primeiro momento vai passar por
ela, com ela ficando de pé, e seguir adiante, arrastando parlamentares,
prefeitos, governadores, procuradores e juízes que quiserem fingir de mortos e
fugir de fazer mudanças e transformações muito mais profundas.
Dilma terá que fazer as transformações que estão a seu
alcance, como no caso do "Mais Médicos". Na verdade, muita coisa é só
concluir, como obras do PAC, cada vez fazer mais o "Minha Casa, Minha
Vida", e deixar claro quem está bloqueando às mudanças que dependem do
Congresso, quem não está aproveitando convênios, e quem está atrapalhando por
fazer maracutaia.
Afinal, não adianta liberar verbas para o Metrô de São
Paulo, por exemplo, se Alckmin continuar deixando o dinheiro ser roubado para
contas na Suíça e propinas para tucanos paulistas, e o Ministério Público de
São Paulo não se mexer, protegendo a tucanada em vez de proteger o cidadão e o
dinheiro público.
Ou seja, é preciso deixar claro que Dilma está trabalhando
ao lado do povo, em sintonia com o que as ruas querem, e carimbar quem está
contra e quem está a favor, mesmo que perca votações no Congresso. Se Dilma, o
PT e os parlamentares do bem souberem fazer isso, o Brasil já ganhará algumas
boas conquistas até 2014 (por pressão popular), e naquilo que for derrotado
pelos reacionários, corruptos e traidores, vira bandeira de campanha daquela
que deverá ser a campanha mais politizada dos últimos tempos, o que é bom para
ver se dá um novo salto de qualidade com eleição de melhores quadros políticos
no Congresso, com mais espírito público.
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