por Helena Sthephanowitz
Mídia prefere apostar em panorama negativo, mas economia
segue em crescimento e aquecida
Obviamente ninguém comemora quando o IBGE anuncia que o Produto
Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre caiu 0,5% em relação ao trimestre
anterior. Mas também só haveria motivos para dramatizar caso isso significasse
uma tendência para os próximos trimestres, o que não se vê no horizonte. Grosso
modo, é como se um dono de padaria faturasse em vendas R$ 9.820,00 dois meses
atrás, R$ 10 mil no mês anterior e em seguida R$ 9.950,00. Ele não vê seu
negócio ameaçado por causa disso, pois sempre há meses melhores e outros
piores.
Além disso, os números do PIB referem-se a um período
encerrado já há dois meses. Emprego, vendas no comércio e produção industrial
apresentam padrões positivos em outubro. O recente sucesso das concessões de
aeroportos, rodovias e campos de petróleo demonstra o forte interesse em
investir no Brasil. Todo esse quadro afasta qualquer fantasma sombrio sobre a
economia.
Ressalte-se que este PIB do terceiro trimestre, comparado ao
mesmo período do ano passado, cresceu 2,2%, e nos últimos 12 meses cresceu 2,5%
ante os 12 meses anteriores. E é preciso observar que o crescimento segundo
trimestre foi 1,8% (o que dá 7,4% anualizado). Assim, o que se nota é que
setores que cresceram demais no segundo trimestre, como o agronegócio, voltaram
à produção normal no terceiro trimestre, o que não significa nenhuma crise.
A economia em si preocupa menos do que o noticiário
econômico que, em grande parte, foge da objetividade jornalística de analisar o
quadro com honestidade intelectual, para fazer proselitismo político-eleitoral
de um suposto ambiente de crise econômica que não existe.
A oposição, dominante nos meios de comunicação de massa
tradicionais brasileiros, enxerga eventuais dificuldades na economia como a
grande chance de derrubar a popularidade da presidenta Dilma Rousseff com vista
às eleições de 2014.
Por isso sempre se pinçam os piores números momentâneos, que
sempre existem em qualquer balanço contábil, para martelar como pauta. Foi
assim com a inflação do tomate, foi assim com os números parciais do superávit
primário, é assim com o PIB.
Parece que procuram incutir uma síndrome do pânico nos
leitores e telespectadores. Pessoas com síndrome do pânico ficam com medo até
de sua rotina cotidiana. Medo de sair na rua, de ir no supermercado, de ter
contato com as pessoas. O noticiário catastrofista procura incutir esse medo
irreal em relação ao governo.
É uma aposta de risco para a oposição, pois, ao amplificar
um problema pequeno, ao dar falsa dimensão de haver dificuldades maiores do que
existem, quando a catástrofe anunciada não se concretiza, quem arrasta as
fichas de vencedora nesse jogo é justamente Dilma Rousseff.
Fica parecendo até que seu governo venceu desafios maiores
do que se impunham na época em que foram noticiados. E há o risco de o
leitor/telespectador ficar com síndrome do pânico, não do governo, mas de ler
certos jornais e assistir determinados canais de TV.
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