quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

REFLEXÃO POLÍTICA: "Barbárie: a violência contra a mulher persiste".

Postado por Dedé Rodrigues.


A campanha que combate a violência contra a mulher, chamada "16 Dias de Ativismo Feminino", terminou nesta terça-feira (10). Ela ocorre em 159 países, entre os 16 dias que vão de 25 de novembro (Dia Internacional da Não violência contra a Mulher) a 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos).


Há um forte simbolismo em sua comemoração. A data foi escolhida, explica a secretária nacional da Mulher do PCdoB, Liège Rocha, para lembrar o sequestro, tortura e assassinato das irmãs Mirabal, que ocorreu durante a ditadura de Rafael Trujillo, na República Dominicana, em 25 de novembro de 1960. Pátria Mercedes Mirabal, com 36 anos de idade, Minerva Argentina Mirabal e Antônia Maria Teresa Mirabal, ambas com 34 anos, pagaram com sua vida a ousadia de opor-se ao ditador.

Em 1981, o 1º Encontro Feminista Latino-americano e Caribenho declarou o 25 de novembro como Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra a Mulher; em 1999 a data foi adotada pela ONU em homenagem às três mulheres vítimas da violência em 1960.

A comemoração dos "16 Dias de Ativismo Feminino" foi intensa e mobilizou entidades de mulheres (como a União Brasileira de Mulheres, UBM, e o Fórum Nacional de Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais, FNTM, que reúne organizações ligadas à CTB, Força Sindical, UGT e NCST), que realizaram atividades alertando contra a violência que a mulher sofre nos locais de trabalho.

A violência contra a mulher é uma prática persistente e de difícil combate de tão entranhada que está na tradição machista que domina as relações de gênero.

No Brasil, ela é combatida pela Lei Maria da Penha, aprovada em 2006. Mesmo sob sua vigência os progressos tem sido lentos. Somente entre 2009 e 2011 ocorreram, diz um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), mais de 50 mil assassinatos mulheres no Brasil. Isto equivale à ocorrência de um assassinato a cada hora e meia. É o signo mais evidente, e cruel, da barbárie que ainda permeia as relações entre homens e mulheres, apesar de todo o avanço registrado pela adoção de leis que punem esse gênero de violência. O estudo do IPEA mostra ainda, nesse sentido, que o número de assassinatos de mulheres não se alterou nos períodos compreendidos entre cinco anos antes da lei e os cinco posteriores a ela, e continua em 5,2 mortes para cada grupo de 100 mil mulheres.

Outra forma aguda de violência contra as mulheres é a prática de estupros. Em 2012 foram mais de 50 mil ocorrências no Brasil, um aumento de 18% em relação ao ano anterior. A gravidade é ilustrada pelo estudo do IPEA quando diz que a média de estupros é de seis ataques por hora!

A violência se agrava fortemente quando se trata de mulheres negras. Aquele estudo mostrou que, entre 2001 e 2011 mais de 60% das mulheres assassinadas eram negras.


Este é o retrato vergonhoso da situação de atraso civilizacional que ainda persiste nas relações de gênero, em todo o mundo, incluindo o Brasil. A luta contra esse tipo de violência é tarefa que compete a homens e mulheres, e não apenas às vítimas da agressão sexista e machista. Há um avanço civilizacional que se impõe e ele implica o reconhecimento, pleno e incondicional, da igualdade absoluta entre homens e mulheres. Este reconhecimento e sua incorporação no dia a dia, em relações de gênero que, reconhecendo a absoluta igualdade, incorporem também as diferenças determinadas pela biologia e pelos modos de vida, são imperativos de uma vida avançada e progressista. Ele é tarefa que se impõe a homens e mulheres que lutam contra a barbárie e pelo

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