Entrevistado pelo jornal sobre denúncias de abusos sexuais
praticados por policiais, o secretário, que soma 30 anos de carreira nas
polícias Civil e Federal, disse que "desvio de conduta tem em todo
lugar" e que "mulher gosta de farda".
"Desvio de conduta a gente tem em todo lugar. Tem na
casa da gente, tem um irmão que é homossexual, tem outro que é ladrão,
entendeu? Lógico que a homossexualidade não quer dizer bandidagem, mas foge ao
padrão de comportamento da família brasileira tradicional. Então, em todo lugar
tem alguma coisa errada, e a polícia... né? A linha em que a polícia anda, ela
é muito tênue, não é?", afirmou o secretário ao jornal.
Em outro momento da entrevista, o secretário diz que
"mulher gosta de farda".
"Elas às vezes até se acham porque estão com policial.
O policial exerce um fascínio no dito sexo frágil. Eu não sei por que é que
mulher gosta tanto de farda. Todo policial militar mais antigo tem duas
famílias, tem uma amante, duas. É um negócio. Eu sou policial federal, feio
para c..., a gente ia para Floresta [cidade do sertão] para esses lugares.
Quando chegávamos lá, colocávamos o colete, as meninas ficavam tudo
sassaricadas. Às vezes tinham namorado, às vezes eram mulheres casadas. Para
ela é o máximo tá [sic] dando para um policial. Dentro da viatura, então, o
fetiche vai lá em cima, é coisa de doido", disse.
A repórter, sem citar casos concretos, perguntara ao
secretário se há na ouvidoria da Policia Militar do Estado apuração de queixas
contra supostos abusos sexuais por parte de policiais.
As declarações motivaram repúdio de entidades da sociedade
civil e da oposição.
O OmbudsPE, observatório da mídia do Centro de Cultura Luiz
Freire, em Olinda, publicou nota criticando o secretário, pedindo sua saída e
chamando as declarações de machistas e homofóbicas. "O machismo
institucional impregnado nas palavras do secretário é o mesmo que está presente
na atuação da polícia. Assim, é conivente e legitima estupros, espancamentos e
abusos cometidos por policiais nas noites do Recife", disse o órgão.
Líder da oposição, o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB)
classificou a entrevista como "quase inacreditável" e cobrou um
pedido de desculpas. "Uma pérola de puro besteirol e desrespeito', disse.
Em nota em que anunciou a saída do governo, Damázio disse
que as declarações não representam seu "pensamento nem visão do
mundo". Disse que falou "em tom de brincadeira de conversações
informais", durante intervalos da entrevista, e reconhece o uso de termos
"inapropriados e inadequados".
No começo da noite, o governo de Pernambuco informou que o
governador Eduardo Campos (PSB) aceitou o pedido de demissão e designou o
secretário-executivo da pasta, Alessandro Carvalho, para responder pela
secretaria. Informações da Folha
O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio,
deixou o cargo nesta quinta-feira (19), após repercussão negativa de entrevista
ao "Jornal do Commercio", do Recife.
0 comentários :
Postar um comentário