16 de fevereiro de 2014
– Vagner Leandro e Dedé Rodrigues
Por Vagner Leandro*
Na sexta-feira, dia 14 de fevereiro de 2014, o Programa Comunidade em Ação que vai ao ar na Tabira FM 87, 9 todas as sextas, e, é apresentado por Joel Mariano e também com a participação do Professor Dedé Rodrigues e Vagner Leandro. Nesse dia com a ausência do companheiro Joel Mariano que viajou para resolver umas tarefas do CMDR/Tabira, o programa foi apresentado por Dedé Rodrigues e Vagner Leandro.
O Professor Dedé Rodrigues fez uma reflexão sobre o episódio que aconteceu com o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade que morreu depois de ter sido atingido na cabeça por um rojão enquanto registrava imagens de uma manifestação no Rio de Janeiro. Leia abaixo a reflexão.
Todos os meios de comunicação abordaram o assunto da morte do jornalista Santiago Andrade, a comoção foi geral, nacional. Passou-se a semana toda falando nesse assunto, falando no mesmo caso. Todos nós evidentemente lamentamos que tenha ocorrido isto, rendemos os nossos sinceros pêsames aos familiares daquele trabalhador, Jornalista, que por irresponsabilidade de pessoas infiltradas nos movimentos de manifestações acabou sendo vítima desse rojão e morrendo. Mas, estes episódios servem também para a gente refletir, refletir sobre algumas coisas que eu acho pertinente. Por exemplo: todo dia morrem crianças de fome no mundo inteiro, mas a grande mídia praticamente não dá destaque a isto. Todo dia no mundo morrem milhares de pessoas assassinadas por armas de fogo, jovens, principalmente os negros, são mortos no mundo e no Brasil. Quais são as causas disto? A mídia quando discute mostra só uma versão, mostra só o ponto de vista da elite.
Todos os dias morrem mulheres vítimas do machismo, assassinadas como já ocorreram várias vezes aqui em Tabira, no Brasil e no mundo. Mas os espaços que temos na grande mídia para se discutir as verdadeiras causas destas mortes, para a questão do machismo, do racismo, é quase nada. Não se discute as causas da violência, se discute a violência em si. Transformam as consequências em causas. Desvirtuam tudo! Camuflam as causas. Estes meios de comunicação vivem da violência, vivem da pauta negativa, vivem de divulgar o sangue. Os meios de comunicação pouco refletem, principalmente a grande mídia no Brasil, sobre o que leva o jovem a se manifestar. Os meios de comunicação não vão a fundo nestas questões. Não ouvem de forma igualitária as várias versões ou opiniões de especialistas.
Evidentemente essas manifestações que devem ser pacíficas têm pessoas infiltradas, dizem até andam ganhando dinheiro para depredar o patrimônio publico, causar pânico nos manifestantes e na sociedade. A princípio acusaram alguns partidos de esquerda e, a mídia não perdeu tempo em criminalizá-los. O fato é que os partidos saíram em defesa deles mesmos dizendo que não pagaram a ninguém e não apoiam esse tipo de ação violenta. A mídia tem procurado criminalizar os movimentos sociais, o MST, por exemplo: foi vítima de muitas denúncias, de espaços em páginas inteiras de jornais, aproveitando um aspecto negativo dentro do movimento e divulgando isso para o mundo inteiro, dando uma atenção ao aspecto negativo. A mídia não divulga que o MST tem muitas escolas que educa os pais e os trabalhadores analfabetos. A mídia não divulga que o MST é um movimento que só existe porque no Brasil existe uma grande concentração de Terra. A causa da existência do MST é o latifúndio, é a falta da reforma agrária. Distribua-se a terra no Brasil com quem não tem que se acaba com o MST. Mas a mídia não discute isto. A mídia só mostra um lado da história.
Todos os dias a mídia divulga um número infinito de mortes, de violência, de acidentes, mas a mídia pouco se preocupa em divulgar as coisas bonitas que acontece todo dia em todo canto desse país e do mundo. Acontecem tantas coisas belas. O ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), o nosso maior líder político da América-Latina do século XX, o homem que fez história e que deve ser respeitado por todos nós, disse recentemente “a mídia divulga tanta morte, mas raramente ou quase em nenhum momento, divulga tantas pessoas que nascem. Divulga a morte, mas não divulga a vida. Quantas pessoas nascem no mundo, no Brasil, por segundos, por minutos? Deveria ser um fato a festejar, mas não é. A morte sim, as coisas trágicas sim, são fatos que são divulgados exaustivamente”. Não é que isto não tenha necessidade de ser divulgado, não se trata de impedir a mídia de divulgar. O problema é que as coisas boas não encontram os mesmos espaços nesta mídia, a mesma liberdade de divulgação. Por exemplo: Os nossos artistas, os nossos escritores, a nossa cultura, a nossa poesia, o nosso forró, os nossos artesões, não têm quase espaço na mídia. O que acontece? É que as coisas ruins tem espaço todo dia, as coisas boas não tem praticamente espaço, são pouco divulgadas, quando são.
A pauta escolhida pela Rede Globo, SBT, TV Bandeirantes, TV Record e outras grandes emissoras de televisão, o povo não toma conhecimento, a não ser ao ligar à televisão e assistir. Ninguém é ouvido para saber se a programação está agradando ou não aos seus filhos! Esse negócio de mudar de canal é muito fácil defender depois de alienar, acostumar o povo a assistir um monte de besteira. Aí só é mudar de canal. Como seria bom que as pessoas realmente soubessem mudar de canal, soubessem assistir um programa cultural, assistisse, por exemplo: a TV Senado, a TV Câmera, a TV Cultura, a TV Escola, a TV Brasil, esta última, está com uma belíssima programação. Mas a pessoas não conhecem esses canais, se conhecem é muito pouco, não se divulga eles, pois isto é coisa cultural, é conhecimento, é coisa que faz as pessoas acordarem. É educação, é documentário, é história que esses canais divulgam.
Eu digo a vocês que só assistem a Rede Globo, o SBT, a Band, a Record, procurem também outros meios de comunicação. Procurem ler outras revistas, não só leiam a Veja, leiam também a revista Princípios. Procurem outros Sites para lerem, não leiam só o G1 da Globo, leiam também o Portal Vermelho, lá tem outra opinião, é esta outra opinião que preocupa a mídia. É esta outra opinião que você não ouve e nem ver na grande mídia.
O programa Comunidade em Ação é preocupado com o nível de consciência e de formação das pessoas. É preocupado para que a notícia não tenha só um lado. Que sobre qualquer fato você precisa ouvir também a outra versão. A opinião hegemônica precisa ser contraditada, não há só uma opinião sobre um fato. O avanço da democratização no Brasil pressupõe também a democratização da mídia, democratizar os meios de comunicação, para que eles divulguem o contraditório. É muito fácil para a burguesia, é muito bom para ela falar em democracia, em liberdade de imprensa, em liberdade individual, mas tendo o monopólio da mídia, da propriedade privada, do poder econômico e dos meios de produção sobre o controle. Que democracia é esta? Mas a democracia que permite de fato o contraditório, a igualdade, a liberdade, poucos defendem e poucos praticam. Seja você também mais uma voz destoante desta mídia que alimenta este sistema capitalista de alienação. “A ignorância é a mãe de todas as misérias”.
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