A polêmica ocorrida
na solenidade de retomada das atividades do Congresso Nacional quando ergui o
braço, com punho cerrado, num cumprimento a deputados do partido postados na
Câmara Federal, demonstra como a mídia brasileira tem lado. Na ânsia de atacar
o PT, construiu um falso herói que mesmo blindado não consegue esconder seu
despreparo para o exercício da função de presidente da Suprema Corte do Brasil.
Por André Vargas *
As vozes que se levantaram iradas para apontar o dedo em
minha direção, condenando um simples cumprimento, foram as mesmas que se
calaram quando Joaquim Barbosa deixou de cumprimentar a presidenta Dilma na
visita do Papa Francisco. Imagine se fosse o contrário? Estas vozes também se
calam sobre a aquisição de um imóvel em Miami no mínimo em situação irregular.
Imaginem se fosse um deputado do PT ou de qualquer partido? Estaria
sendo linchado.
Barbosa foi leviano quando disse que o Legislativo é
inteiramente dominado pelo Executivo, num ataque direto ao Congresso Nacional.
Quando disse que os partidos eram de mentira, que entidades de juízes federais
agiram de forma sorrateira e que os advogados eram vagabundos ou preguiçosos.
Para mim, tais declarações são de uma pessoa que não tem
apreço pela democracia brasileira e muito menos condições de presidir o
Supremo. Em nenhum momento, deixei de refutar os absurdos ataques ao Congresso
Nacional, às entidades de classe e à democracia.
Tenho honrado meu mandado parlamentar concedido pelo povo do
Paraná, defendendo um Brasil mais justo e para todos. Tenho defendido as causas
do Paraná e como vice-presidente tenho me posicionado com coragem na defesa dos
nossos interesses.
A concessão de uma liminar suspeita contra os TRFs foi outro
ato de prepotência barbosiana que lesou o Paraná. E não ouço as vozes iradas e
enérgicas que condenam um cumprimento. Um novo tribunal é uma bandeira
levantada pela sociedade paranaense há mais de 20 anos e que dormia na Câmara
Federal há mais de 10 anos. Conduzi a votação com celeridade em dois turnos e
sancionei em seis meses o projeto como vice-presidente do Congresso Nacional.
E na calada da noite, o ministro Joaquim Barbosa coloca uma
pá de cal nesse sonho brasileiro. Não são apenas os paranaenses que dependem do
Tribunal Federal Regional, instalado em Porto Alegre, mas outros estados que
precisam da agilidade da justiça para que seus assuntos sejam decididos com
rapidez.
Joaquim Barbosa, como presidente do Supremo Tribunal
Federal, deveria se pautar mais nas questões institucionais e jurídicas que
dizem respeito ao Brasil ao invés de dar shows para a mídia, numa demonstração
clara de prepotência.
A meu ver, está longe de ser um salvador da pátria, como
muitos defendem e poderia até ter um papel importante na política. Para isso,
no entanto, tem que pendurar a toga e experimentar a vida político-partidária,
como bem disse o ex-presidente Lula. Que deixe o Supremo Tribunal Federal e se
candidate a um cargo legislativo ou executivo. Aí sim, terá propriedade para
falar sobre política e políticos.
Reafirmo, aqui, que ao cumprimentar companheiros fiz sim o
gesto da resistência do PT, mas que também é o gesto de resistência de inúmeros
militantes das causas justas da sociedade em várias épocas e regiões do
planeta. Não concordo com o formato novo do julgamento da AP 470, pois, além de
midiático, inaugurou a Teoria do Domínio do Fato em que se pode condenar sem
provas e sob o apupo popular. Mas os punhos cerrados representam mais que isto.
*É deputado federal pelo PT do Paraná e vice-presidente da
Câmara
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