E quem não tem voto insufla e reproduz a baderna paga – PHA
O Conversa Afiada reproduz do seu site na IstoÉ artigo
suavemente mortífero do Paulo Moreira Leite:
PROVOCADORES DE ALUGUEL
A baderna paga a R$ 150 demonstra o fracasso de quem não tem
capacidade de atrair a população para suas ideias
A notícia de que dirigentes de alguns partidos de esquerda
não-petista decidiram pagar R$ 150 para garantir presença em seus protestos
políticos não é grave. É
deprimente.
Se é imoral comprar votos numa eleição, eu acho ainda mais
condenável comprar presença em manifestação.
É prova de um grande fracasso político.
Apenas lideranças incapazes de formular propostas para
atrair uma parcela significativa população para
seus projetos têm necessidade de fazer isso.
Claro que nossa história está recheada de cabos eleitorais
profissionais e que a maioria dos partidos com alguma estrutura — e mesmo
organizações pequenas — tem lã seus
funcionários pagos. Já fui a vários comícios, de vários partidos, onde a
massa presente era composta de funcionários públicos forçados a bater palma. É
vergonhoso, é desagradável, mas não é disso que estamos falando.
Estamos diante de pessoas que são arregimentadas — e pagas —
para cometer atos de provocação.
É possível travar um debate legítimo com uma pessoa que
comete atos de violência.
Ela pode estar convencida de uma ideia errada — mas há um
debate a ser feito. Você pode queimar a garganta falando sobre a conjuntura, a
relação de forças, os valores democráticos, o diabo.
Outra coisa é enfrentar alguém que é pago para fazeruma
provocação.
O que se faz? Paga-se R$ 200 para o cara mudar de ideia?
É claro que essa situação serve de estímulo a um coral
conservador contra a democracia, a favor da criminalização dos movimentos
sociais e, não se enganem, contra a luta política em geral.
O alvo final é a democracia.
Veja o absurdo: a morte de Santiago Andrade, provocada por
um rojão arremessado por um capanga — o nome está errado? é forte? — contra um cinegrafista que poderia ter tido
a vida salva se lhe tivessem dado equipamento adequaqdo, ameaçou criar uma crise
política real.
E era tudo teatro, artifício. encenação — apenas o sangue
era de verdade.
Há outro ponto curioso para se observar.
Como ficou claro em junho de 2013, a baderna e mesmo a
violência dos protestos chegaram a receber estímulos — dentro de certo limite —
por parte da oposição ao governo Dilma. A razão era óbvia. Estes movimentos
ajudavam a desgastar o governo Dilma, associavam o Planalto com a ideia de
baderna, o que poderia se transformar num motivo a mais para se tentar mudar o
voto do eleitorado em 2014.
Resta saber o que vai acontecer agora.
Como aconteceu em outras eleições, partidos de esquerda
planejam lançar candidatos próprios em 2014.
É claro que, sem
nenhuma chance real de vitória, todos serão preservados — na medida do possível
— em sua função de roubar votos à esquerda do governo, ajudando a oposição
conservadora em seu esforço estratégico de garantir uma eleição em dois turnos.
Todos estão unidos na bandeira Não vai Ter Copa, lembram?
Todos têm o direito de apresentar propostas e defender suas
ideias. Mas a provocação e o embuste não fazem parte de métodos aceitáveis de
disputa política.
O fundo da questão é este.
Clique aqui para ler “Wanderley: os whiteblocs são osassassinos intelectuais”
Aqui para “Black bloc responde a editorial do Bonner”
E aqui para “Sininho confirma: Black Bloc é financiado”
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