O Brasil na encruzilhada: lutas e avanços à vista.
O fenômeno é cíclico e aparece, obviamente com
peculiaridades de tempo e lugar, com maior intensidade, nos momentos em que o
vértice do poder político é alvo de disputa aberta, com a aproximação das
eleições presidenciais. O país encontra-se diante de uma encruzilhada.
O Brasil deu passos importantes desde que se abriu há 11
anos um novo ciclo político com a posse do ex-presidente Lula. Ampliou-se a
democracia, teve início um processo de resgate da questão social com a retirada
de mais de 30 milhões de pessoas da miséria, esboçou-se um plano de
desenvolvimento, consolidou-se uma política externa altiva e ativa, assertiva
na defesa da soberania nacional – tão vilipendiada durante os governos de FHC
–, audaciosa quanto à integração da América Latina e ao empenho por uma nova
ordem política e econômica mundial, isenta da hegemonia das grandes potências
imperialistas.
A consciência progressista e patriótica nacional tem plena noção
de que é preciso dar continuidade e aprofundar as mudanças. Em reunião plenária
durante o último final de semana (7, 8 e 9), os comunistas brasileiros
reiteraram o ponto de vista, já firmado no 13º Congresso do PCdoB, realizado em
novembro último, de que é imperativo promover uma nova arrancada para o
desenvolvimento nacional que atenda os reclamos dos trabalhadores e de todo o
povo.
Por óbvio, esta arrancada exige mais desenvolvimento, mais
democracia e mais progresso social. E que, a partir da reeleição da presidenta
Dilma Rousseff, em outubro próximo, abra-se uma nova etapa, e o país possa
descortinar perspectivas mais promissoras com uma estratégia de desenvolvimento
focada na elevação dos investimentos e no aumento da produtividade.
O desenvolvimento nacional enfrenta grandes desafios, sendo
o maior deles na atualidade a integração do território, a edificação de uma
poderosa infraestrutura logística, a promoção de uma reforma urbana que
humanize as cidades, a realização das reformas estruturais democráticas e a
reformulação da política macroeconômica. Dentre as reformas estruturais
democráticas avultam a reforma do sistema político e dos meios de comunicação.
É nesse contexto que aparece a encruzilhada: avançar por
esse rumo ou retroceder.
O país encontra-se sob intensa pressão econômica. Forças
dirigidas pelo capital financeiro movem brutal ofensiva para desestabilizar
econômica e financeiramente o país. A mídia monopolista e privada, em conluio
com estas forças, pinta um quadro catastrófico, não tendo pejo mesmo de semear
pânico na sociedade. “Encarregam-se de criar um clima de instabilidade,
espalhando prognósticos aterrorizadores sobre o desempenho da economia, ocultam
os fatores positivos, como o pleno emprego e a redução das desigualdades, entre
outros aspectos, difundem o diagnóstico de um país à beira do precipício”,
assinalou Renato Rabelo, presidente do PCdoB.
Estas forças se prestam ao papel de agentes políticos do
capital financeiro e apregoam – mesmo quando aparecem com um verniz de
renovação – que o Brasil volte às orientações neoliberais da década de 1990,
com desregulamentação financeira, ditadura do mercado, austeridade fiscal,
arrocho salarial e desemprego.
Em tal quadro, emerge como tarefa central do momento impedir
o retrocesso e criar as condições para assegurar a quarta vitória consecutiva
das forças progressistas, com a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, para
executar um programa atualizado de desenvolvimento do país e realizar as
mudanças políticas e sociais reclamadas pelo povo.
Este objetivo é indissociável da alteração da correlação de
forças, o que significa, na batalha concreta do momento, eleger uma forte
bancada de esquerda, e nesse marco, uma expressiva bancada comunista.
Paralelamente a isso, avançar na constituição de uma frente de afinidades de
esquerda, para elevar a novo patamar a unidade política das forças
progressistas do país.
Os momentos de encruzilhada política, assim como as crises,
contêm fatores potencialmente positivos. Desse confronto de tendências pode
surgir uma qualidade nova na luta do povo brasileiro por democracia, soberania
nacional e progresso social.
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