Por Adilson Araújo, no sítio da CTB:
O principal desafio que se coloca perante a classe
trabalhadora e as forças progressistas nas eleições de 2014 é derrotar a
direita, impedindo o retrocesso neoliberal, de forma a garantir a continuidade
do ciclo mudancista iniciado por Lula em 2003 e conquistar a quarta vitória
consecutiva do povo brasileiro. A voz da direita ecoou ao longo da semana
durante a comemoração dos 20 anos do Plano Real, através de pronunciamentos do
candidato do PSDB à Presidência Aécio Neves e do ex-presidente FHC, que
destilaram críticas ao governo Dilma e enalteceram as supostas virtudes do
neoliberalismo tucano.
O ex-governador de Minas Gerais procurou resgatar o Plano
Real para sugerir que o Brasil precisa de uma iniciativa semelhante para
superar o que chama de “crise de confiança”. É preciso esclarecer que a
carência de confiança no caso é traduzida pelas recorrentes críticas que a
grande burguesia, nacional e estrangeira, tem endereçado à presidenta e ao
governo liderado pelo PT.
De nada vale para nossos tucanos a confiança popular no
governo, atestada por inúmeras pesquisas de opinião, que hoje indicam uma
vitória folgada de Dilma contra seus dois principais adversários e a solução da
disputa ainda no primeiro turno. O discurso dos líderes do PSDB, cujo candidato
não consegue decolar, é carregado de falsidades e meias verdades e não poderia
ser diferente.
Nada se fala sobre o legado real do neoliberalismo tucano,
que é bem diferente do que sugerem os discursos demagógicos de Aécio e FHC.
Trata-se de uma herança maldita: taxa de 20% de desemprego nas regiões
metropolitanas, segundo o Dieese; inflação batendo na casa dos 22%;
flexibilização de direitos e retrocesso nas relações de trabalho; redução do
valor das aposentadorias, aposentados chamados de “vagabundos”, fator
previdenciário, perseguição aos sindicatos e criminalização dos movimentos
sociais.
No front externo, não é demais lembrar que FHC concluiu seu
segundo mandato no rastro de uma crise cambial, com o país à beira da moratória
e a economia sob o tacão do Fundo Monetário Internacional. Aplicou-se uma
política de capitulação aos EUA e Europa e apoio à Alca, que ficou conhecida
como a diplomacia dos pés descalços. O país ficou à mercê das multinacionais e
das grandes potências capitalistas.
O governo Lula, apesar das limitações e de uma orientação
econômica conservadora, promoveu notáveis mudanças neste quadro. Fortaleceu o
mercado interno com a política de valorização do Salário Mínimo e transferência
de renda aos mais pobres através do Bolsa Família, o que ampliou o consumo
popular, amorteceu os efeitos da crise mundial e impediu que o país entrasse em
recessão, reduziu drasticamente a taxa de desemprego, legalizou as centrais e
democratizou as relações com os movimentos sociais.
O novo governo também promoveu uma mudança substancial na
política externa, rejeitando a Alca e apostando na integração solidária dos
países latino-americanos e caribenhos, ampliando o comércio Sul-Sul,
estabelecendo uma parceria estratégica com a China, dispensando os técnicos do
FMI e zelando pela soberania do país. O desemprego foi reduzido a 4,5% da
população economicamente ativa.
O povo não é bobo, sabe muito bem distinguir o joio do trigo
e não quer retrocessos, por isto rejeitou por três vezes e vai continuar
rejeitando a falsa alternativa tucana. A direita neoliberal trabalha
incansavelmente pelo retrocesso na Venezuela, na Argentina, no Brasil, em toda
a América Latina e no mundo. Da nossa parte não mediremos esforços para
derrotá-la e criar condições para transformações sociais ainda mais profundas
no caminho de um novo projeto nacional de desenvolvimento com valorização do
trabalho e soberania no rumo de um sistema político e social mais avançado, o
socialismo, o único capaz de solucionar os graves problemas criados pelo
sistema capitalista, que hoje arde em crise.
* Adilson Araújo é presidente da CTB (Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
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