O desfile uniu, neste sábado, um símbolo de grande expressão
da cultura literária nordestina à cultura folclórica do carnaval.
“Frevo no Auto do Reino de Ariano” foi o tema do 37º desfile
do Galo da Madrugada do carnaval deste ano. O tema faz referência ao Auto da
Compadecida e A Pedra do Reino, as duas obras mais famosas de Ariano Suassuna,
romancista e dramaturgo homenageado pelo maior bloco de carnaval do mundo. De
acordo com Rômulo Meneses, presidente do Galo da Madrugada, para a agremiação é
uma honra poder homenagear um símbolo cultural que traduz quem é o povo nordestino.
O desfile uniu, neste sábado, no centro do Recife (PE), um
símbolo de grande expressão da cultura literária nordestina à cultura
folclórica do carnaval. O cenógrafo do Galo da Madrugada, Ary Nóbrega, assinou
os croquis dos principais carros alegóricos do desfile.
“Assim como Ariano, o Galo da Madrugada também defende e
dissemina a cultura local pelo mundo e nada melhor que unir estes dois
símbolos, garantindo um desfile inesquecível para os turistas e pernambucanos”
afirmou Rômulo. Ariano também inspirou o CD de Frevo-Canção do Galo 2014. São
20 canções de artistas pernambucanos convidados, entre eles, Dudu do Acordeon,
Fernando Azevedo, Benil, Adriana BB, Ed Carlos e o Quinteto Violado.
De acordo com o presidente do Galo da Madrugada, desde o ano
passado pensava-se na possibilidade de homenagear o escritor. A ideia foi
discutida entre os diretores do bloco, que chegaram à conclusão de colocar em
prática a ideia no Carnaval 2014.
“Muitos esperavam que iríamos direcionar o tema à Copa do
Mundo, como já fizemos em outros anos. Desta vez, no entanto, preferimos partir
para uma temática mais regional, mais nordestina, inclusive pela grandeza da
obra de Ariano Suassuna e de sua própria pessoa, seu estilo regional que faz
questão de manter e sua inteligência digna dessa homenagem que não é a primeira
nem, certamente, será a última”, explica o presidente.
Os carros alegóricos apresentaram elementos dos romances de
Ariano nas ruas do Recife. O abre-alas, com a temática do circo –
caracterização comum às obras do escritor, foi seguido pela Pedra do Reino,
Carro da Cavalgada e por fim o Auto da Compadecida. Todas as alegorias deram
destaques aos principais pontos de cada obra, com cenários referentes ao sertão
nordestino, o sertanejo, a literatura de cordel, além de figuras exóticas e
misteriosas.
Os elementos das obras de Ariano também estavam presentes na
Camisa Oficial do desfile que teve influências armoriais e estampas de figuras
que remetem aos clássicos do escritor como A Pedra do Reino, O Auto da Compadecida,
adaptados para a televisão e o cinema, além de histórias renomadas como O Santo
e a Porca e Uma Mulher Vestida de Sol.
Origem do bloco
Da união de um grupo de amigos e famílias do Bairro de São
José, comandados pelo baluarte Enéas Freire, surgia, no dia 23 de Janeiro de
1978, o Clube de Máscaras Galo da Madrugada. Sem grandes pretensões, aquele que
viria a se tornar um fenômeno mundial foi criado com um único e simples
propósito: fazer renascer o tradicional, espontâneo e criativo Carnaval de Rua
do Recife.
Assim nascia o Galo da Madrugada, nas ruas estreitas do
Bairro de São José, berço dos primeiros clubes e blocos carnavalescos do
Recife. Naquele mesmo ano, no dia 4 de fevereiro de 1978, o Galo saiu às ruas
pela primeira vez: cerca de 75 “almas penadas” – primeira fantasia do Clube –
percorreram as ruas do bairro, acompanhadas por uma orquestra de frevo.
Fonte:galodamadrugada.org.br
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