Do blog de Zé Dirceu:
Não chega a surpreender porque é quase sempre a mesma coisa.
Mas sempre chama a atenção o modo como a maior parte da imprensa trata as
decisões das agências de classificação de risco. Trata como se fossem medidas
científicas, técnicas, exatas, inquestionáveis. E todos nós sabemos que não é
assim, como frisava sempre o ex-ministro José Dirceu neste blog.
Basta ver os jornais de hoje. Editoriais, colunistas e
reportagens não fazem nenhum questionamento. Tratam o rebaixamento da nota do
Brasil pela Standard & Poor´s como uma medida distante de qualquer falha.
Nem é preciso entrar campo da partidarização do noticiário –
os jornalões não escondem o contentamento com o rebaixamento, em mais uma
tentativa de desconstruir o governo – para ver o tom inadequado com que as
agências são tratadas.
Em nenhum momento é lembrado que elas erraram feio na crise
de 2008. Na verdade, foi mais do que erro. Foi conivência. As agências tiveram
papel fundamental na construção da crise, escondendo os problemas onde havia
aos montes.
Vamos lembrar que em 2008 a mesma S&P atribuiu ao banco
Lehman Brothers a nota máxima de credibilidade. Um mês depois o banco quebrava.
Mesmo assim, os jornalões não lembram em nenhum momento que
as agências são aliadas dos especuladores – a bem dizer, são uma coisa só. E
que especulam diariamente com suas análises e classificações.
Os jornalões funcionam como porta-vozes da S&P. E não só
os jornalões. Quase toda a imprensa conservadora. Basta ver hoje que a decisão
da S&P de rebaixar a nota de 13 instituições financeiras brasileiras é
recebida pela mídia eletrônica do mesmo modo, sem nenhum questionamento, sem
nenhum olhar crítico.
Isso tudo mesmo após o dólar cair e a Bovespa subir na
sequência da decisão da S&P, mostrando o descompasso da medida com a
realidade.
E mais: a Folha hoje já alardeia um novo rebaixamento da
nota do Brasil, torcendo para que de fato aconteça.
A respeito desse assunto, recomendamos que todos leiam o
artigo publicado por Saul Leblon hoje na Carta Maior. Ele demonstra como existe
um componente especulativo na decisão da S&P. Ele lembra que a agência foi
responsável por rebaixar a nota do Brasil em julho de 2002, quando Lula
liderava as pesquisas.
“O risco da argentinização sob um governo petista era o mote
do jogral conservador, ao qual a S&P adicionou seu grave de tenor”, diz
Saul Leblon.
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