Por Paulo Nogueira, no DCM
Rachel Sheherazade pode se juntar a Heisenberg e cantar com
ele a música que fecha gloriosamente Breaking Bad: guess I got what I deserved.
Tive o que mereci.
Se for confirmado que ela está fora do SBT, ela terá o que
mereceu.
Sheherazade rompeu um limite no comentário em que aplaudiu
justiceiros. Se mesmo depois ela não se deu conta de que estava aplaudindo um
crime, é porque ela é sem noção.
O que ela não imaginava provavelmente, em sua arrogância
cega, era a reação de indignação que suas palavras despertariam entre todas
aquelas pessoas que não podem ser caracterizadas como direitistas raivosos.
Ela poderia ter suavizado o problema se tivesse, nem que
fingidamente, pedido desculpas pelo que disse. Não. Ela acelerou na curva, e o
precipício era a consequência inevitável.
O SBT – mais uma vez, caso se confirme seu afastamento –
demorou para agir. Aparentemente Sílvio Santos só se comoveu quando começaram a
circular rumores segundo os quais o governo estaria estudando a verba anual de
150 milhões de reais que coloca em publicidade oficial no SBT.
Ela está fora do ar. A justificativa oficial da emissora é
que se trata de férias, mas Sheherazade teria que sair de férias mês sim, mês
não para esta explicação fazer sentido. Alguém lembrou que ela tirou férias
recentemente.
Há aspectos cômicos num episódio essencialmente dramático.
Dias atrás, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse numa
entrevista que achava o caso grave.
Janot disse que liberdade de expressão não pode ser
confundida com incitamento ao crime. O engraçado é que ele afirmou que não
tinha visto o vídeo ainda.
Ou ela vive num planeta paralelo, dada a repercussão
formidável do comentário, ou estava fugindo do jornalista. Qualquer que seja a
alternativa, foi um momento de comédia na história.
Sheherazade parecia assustada nas últimas semanas. Em sua
conta no Twitter, ela pediu aos admiradores que assinassem uma petição virtual
pela sua permanência no SBT.
O tom do pedido mostrou que ela não aprendeu nada com o
episódio. Ela se apresenta, numa brutal inversão de papeis, como vítima.
As viúvas e os viúvos dela não devem chorar. A plutocracia
cuidará bem de Sheherazade. Todos os jornalistas que defendem os interesses do
1% estão a salvo dos problemas econômicos que podem afligir os demais em caso
de perda de emprego. Até o “historiador” Marco Antonio Villa, com seus
constantes e bizarros erros de
avaliação, continua a aparecer com destaque na mídia.
O caso ensina muita coisa. Demonstra como é falaciosa a tese
da “mídia técnica” que, até recentemente, governou as administrações do PT.
Colocar dinheiro público com base apenas em audiência pode
fazer com que o governo, indiretamente, estimule o crime.
O mais interessante, em tudo, foi a força da opinião
pública. A sociedade rejeitou o incentivo à violência feito por Sheherazade.
Por isso, e só por isso, ela teve o que mereceu.
1 comentários :
Ela so falou a verdade o que poucos tem medo de falar.Midia hipocrita!!!
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