O candidato do PSDB em MG, escolhido a dedo por Aécio Neves,
foi indiciado pela PF por lavagem de dinheiro.
O Conversa Afiada republica editorial de Saul Leblon,
extraído da Carta Maior:
Pimenta é só para os olhos dos outros
O candidato do PSDB ao Governo de Minas, Pimenta da Veiga,
escolhido a dedo por Aécio Neves, foi indiciado pela Polícia Federal por
lavagem de dinheiro.
por: Saul Leblon
Antes tarde do que nunca, a Polícia Federal indiciou o
tucano Pimenta da Veiga por envolvimento no mensalão tucano. Pimenta é, ou era,
o candidato oficial do PSDB ao Governo de Minas Gerais – escolhido a dedo por Aécio
Neves.
Pimenta foi ministro das Comunicações de FHC. Seu nome está
nos anais da privataria tucana. Está também no caderninho da Polícia Federal, e
já faz muito, muito tempo. Pimenta é acusado do crime de lavagem de dinheiro.
A imprensa amiga, de bico longo e grossa plumagem, não o
chama de mensaleiro – isso não se faz com os amigos. Tampouco traduz lavagem de
dinheiro por “corrupção” – não existe pecado no reino dos privatistas, apenas
negócios.
Essa imprensa que presta bons serviços a Pimenta, a Aécio e
seu partido “informa” que o candidato tucano é “suspeito” de receber R$ 300 mil
das agências de publicidade de Marcos Valério. Quanta condescendência.
Suspeito? Pimenta embolsou R$300 mil. Nem mesmo ele nega que tenha agasalhado a
bufunfa.
Pimenta reconhece ter recebido tal valor e defende que
mereceu, por tudo que fez às empresas de Marcos Valério, a quem prestava
serviços advocatícios. O último advogado que alegou prestar serviços a empresas
de Marcos Valério, Rogério Tolentino,
foi condenado e já cumpre pena.
Se a defesa de Pimenta se resume a dizer que prestava
serviços a Marcos Valério, não é preciso dizer mais nada. Sabedores que somos
de qual era o negócio de Marcos Valério, se alguém assume que prestava serviços
em prol de seus negócios, o que a Justiça está esperando pra tomar
providências? Por que a Polícia Federal esperou mais de uma década para fazer o
indiciamento?
Graças à demora, Pimenta está próximo de completar a idade
de ouro, os 70 anos. Nessa fase, qualquer um passa a gozar do benefício da
idade da inocência.
Aécio Neves, ao invés de agradecer a demora, reagiu
indignado. Defendeu aquele que, ontem, era seu cabo eleitoral de luxo; hoje, é
seu fardo, sua mala sem alça.
Aécio queria a ajuda de Pimenta para, juntos, de mãos
dadas, garantirem, em outubro, alguns
milhões a mais em Minas. Milhões de votos, bem entendido.
Inconformado com o tropeço, o presidenciável tucano pergunta
por que a denúncia foi ressuscitada justo depois de Pimenta ter sido escolhido
candidato.
Não ficou bem claro qual é o problema. A indignação é com a
acusação ou com o fato de que, agora, Aécio já não sabe o que fazer com aquele
que cuidaria de seu quintal? Como explicar que sua ajuda não é mais bem vinda?
O filme que roda na bobina é previsível. O outrora ministro,
transformado em candidato, agora é indiciado. Mais algumas voltas do rolo e
será réu.
Alguém provavelmente avisará a Pimenta da Veiga que o gato
subiu no telhado. Alguém, forçosamente, sugerirá que saia de fininho, para não
atrapalhar o presidenciável, assim como se fez com Eduardo Azeredo, que, ao
renunciar ao mandato, fugiu do STF e vê seu processo transferido para as
calendas gregas.
Pimenta, assim como Eduardo Azeredo, esbarrou em Marcos Valério
e caiu na teia de denúncias daquele mensalão. Pimenta é provavelmente tão
inocente quanto Azeredo em sua relação altruísta com Marcos Valério.
Para a sorte de ambos, o cordão dos tucanos mineiros
engarranchados com Valério é desfiado lentamente, a passos de tartaruga.
Pimenta, mesmo, só nos olhos dos outros.
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