Miguel do Rosário
Você já deve estar cansado de ouvir a ladainha neoliberal
sobre a deficiência orgânica do Estado. Segundo essa visão, o Estado é ruim e
corrupto por natureza.
O bom é a iniciativa privada. Essa sempre foi a
justificativa para a privatização. Aqui no Brasil a gente sofreu de perto esse
preconceito. Perdemos inúmeras empresas públicas importantes, como a Telebrás e
a Vale, porque a mídia martelava essa teoria dia e noite.
Só que essa teoria é uma falácia. Empresas privadas tem os
mesmos problemas que as públicas, com um agravante: não tem transparência
nenhuma, sonegam impostos, não passam por tribunais de conta, não tem sistemas
democráticos de controle e governança.
Nos últimos anos, Estados do mundo inteiro tiveram que
torrar trilhões de dólares para tampar buracos provocados pela incompetência e
corrupção de empresas privadas.
Não estou aqui falando mal de todas as empresas privadas, ou
dizendo que elas não tem espaço no mundo. Ao contrário, acredito no
empreendedorismo e eu mesmo, como blogueiro, sou um empresário de comunicação
na internet, afora vários outros rolos que já vivenciei, sempre como
micro-empresário (jornal de café, empresa de legendagem e tradução, etc).
Acredita na democracia e no poder do Estado de reduzir as
desigualdades sociais. Procuro não ter
uma visão apocalíptica do mundo, apesar de tentar estar sempre consciente de
nossos inúmeros problemas.
Suponho que o futuro da humanidade será uma espécie de
socialismo democrático e avançado, num mundo regido por instituições e leis
internacionais democráticas e humanistas.
Mas acredito também que deverão existir leis para determinar
regras democráticas também para o ambiente empresarial, sobretudo para grandes
empresas e corporações.
Enfim, hoje me deparo com a seguinte notícia no Terra.
Imagina se isso acontecesse numa empresa pública?
*
Recall da GM: engenheiro esqueceu de mudar ignição de carros
A GM ligou 13 mortes a acidentes relacionados à chave de
ignição
Um engenheiro suspenso da General Motors (GM), que trabalhou
na defeituosa chave de ignição no centro de um recall gigantesco, disse para
encarregados da investigação no Congresso norte-americano que esqueceu de ter
ordenado uma mudança na chave de ignição, em depoimento no ano passado, segundo
o New York Times.
O engenheiro da GM Ray DeGiorgio não disse nada aos
encarregados pelo inquérito sugerindo que a presidente-executiva Mary Barra
sabia sobre a ignição defeituosa antes de assumir o comando da companhia neste
ano, de acordo com o Times, citando pessoas familiarizadas com a sessão.
DeGiorgio, que foi suspenso pela GM no dia 10 de abril,
projetou a chave de ignição para o Saturn Ion de 2003 e outros modelos,
incluindo o Chevrolet Cobalt, que foi chamado para recall. A GM ligou 13 mortes
a acidentes relacionados à chave de ignição.
A chave de ignição defeituosa foi reprojetada em 2006 sem
uma mudança no número da peça, o que mais tarde confundiu encarregados pelo
inquérito que averiguavam os acidentes dos carros agora chamados para recall.
Os encarregados apresentaram um documento interno da GM mostrando que DeGiorgio
havia autorizado a mudança em abril de 2006.
Em um depoimento no ano passado em um processo relacionado a
um acidente fatal em 2010 na Georgia, DeGiorgio negou que sabia sobre a
mudança. O New York Times relatou que ele disse recentemente aos encarregados
pelo inquérito que, no momento do depoimento, ele havia esquecido sobre a
mudança, pois ela fazia parte de um pacote de mudanças.
A General Motors não estava disponível para comentários fora
do horário comercial regular.
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http://www.ocafezinho.com/2014/05/29/a-incompetencia-das-empresas-privadas/#sthash.3MwniMLr.dpuf
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