Por Altamiro Borges
Nos últimos dias, a mídia tucana soltou rojões para uma
possível dobradinha Aécio-Serra nas eleições presidenciais. Eliane Cantanhêde,
colunista da Folha sempre empolgada com a “massa cheirosa” do PSDB, não
escondeu a sua alegria. Seria a chapa dos sonhos dos neoliberais, que ajudaria
a cicatrizar as sangrentas bicadas tucanas e ainda uniria Minas Gerais e São
Paulo. Mas, pelo jeito, a manobra pragmática ainda não deu muito certo. Segundo
a jornalista Julia Duailibi, no site do Estadão desta quinta-feira (8), “as
especulações envolvendo o nome do ex-governador José Serra para vice na chapa
do presidenciável Aécio Neves não têm grande receptividade entre os aliados do
senador mineiro”.
“Para integrantes da pré-campanha e parlamentares próximos a
Aécio, o nome de Serra foi ventilado pelos próprios serristas, como forma de
prestigiar o ex-governador e colocá-lo novamente no centro das atenções...
‘Isso não está em pauta, é mera especulação. Aécio nunca cogitou isso. É um
balão de ensaio com o objetivo de colocar Serra de novo na primeira divisão’,
afirmou um aliado do senador mineiro. Um dos argumentos levantados é o de que
Serra não tem perfil para vice. Alegam também que ele possui uma rejeição alta.
Os votos que seriam dele migrariam para Aécio de qualquer maneira. Já os
eleitores que Aécio precisa conquistar e que não votariam em Serra fugiriam da
chapa com o ex-governador”.
Ainda segundo a jornalista, que até hoje não foi seduzida
pela “massa cheirosa” tucana, se o critério de escolha do vice for regional, o
nome preferido é o do senador Aloysio Nunes Ferreira, também de São Paulo, o
principal colégio eleitoral do país e Estado estratégico para Aécio. “A
tendência hoje é que Serra dispute uma cadeira para a Câmara dos Deputados.
Aliados do ex-governador, porém, dizem que podem ocorrer mudanças no cenário
eleitoral e que o ‘jogo não está jogado’. Acham, por exemplo, que se o
ex-presidente Lula for o candidato do PT no lugar da presidente Dilma Rousseff
o cenário eleitoral muda e se torna favorável à entrada do ex-governador no
páreo”.
Ou seja: os serristas ainda não desistiram de disputar a
sucessão presidencial; já os aecistas não confiam em Serra. As bicadas tucanas
continuam sangrentas, apesar da mídia “chapa branca” tentar vender a imagem de
paz e harmonia no ninho. Nesta quinta-feira, inclusive, houve um fato curioso.
O senador Aécio Neves foi o único parlamentar da sigla que assinou requerimento
para criação da CPI do “trensalão tucano”, que apurará as denúncias de desvio
de dinheiro público para financiar as campanhas do PSDB em São Paulo. Ele até
se justificou. “Os outros [tucanos] tem seus motivos para não assinar. Eu fiz
isso como um símbolo. Mas isso soa como uma CPI da vingança”.
Será que foi apenas um “símbolo”, ou foi mais um indício -
ou recado - de que a guerra no ninho tucano segue sangrenta?
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