Mais cedo do que a oposição esperava e certamente temia,
Lula voltou ao jogo da competição presidencial na condição de “cabo eleitoral”,
anunciada inicialmente ao Partido dos Trabalhadores, e confirmada na longa
entrevista a CartaCapital (ed. 802), quando sepultou de vez o movimento “Volta
Lula”:
“Sou cabo eleitoral da companheira Dilma Rousseff para o segundo
mandato à Presidência (...) bem formada ideologicamente e muito leal. Nunca
iria disputar sua candidatura”.
Lula fechou o ciclo dos petistas que insistiam no retorno
dele à disputa direta para presidente e, também, dos oposicionistas que
estimulavam, ardilosamente, o movimento pró-Lula, com a finalidade de
enfraquecer a candidata, em momento de queda nas pesquisas. Valiam-se ainda dos
dados dessas sondagens, onde fica exposta a paixão do eleitor pelo metalúrgico
que invadiu o clube restrito dos ex-mandatários brasileiros.
Desce o pano.
O ex-presidente Lula entrou de novo em cena, com mais
determinação, após a convenção do PSDB, que homologou a candidatura de Aécio
Neves à Presidência. Neto de Tancredo, ex-governador de Minas Gerais e,
atualmente, senador da República Aécio, como tem feito, endureceu o discurso
contra o PT. Afirmou que um tsunami varreria os petistas do Planalto, onde, ao
contrário de São Paulo, governado há 20 anos pelos tucanos, haveria água
suficiente para atender a todos os sonhos.
FHC, tucano-mor, compareceu ao evento. O ex-presidente, como
se sabe, finge que acredita em eleições puras, incluindo a reeleição dele
próprio, embalada pela compra de votos no Congresso para a aprovação da
necessária emenda constitucional. A partir daí, passou a envergar o surrado
fardão da ética. O País, segundo ele, não quer mais “os corruptos, os ladrões
que ficam empulhando” o Estado.
Não era preciso mais. Foi o suficiente para Lula dar as
respostas que julgou convenientes. Ele entrou em campo e mudou as regras do
jogo. Tirou o governo do córner, acuado por dificuldades econômicas, a pressão
da mídia e a queda de Dilma nas pesquisas de intenções de votos. Surgiu, então,
a possibilidade de realização do segundo turno.
Um segundo trunfo da presidenta é a extensa agenda de
programas do governo construída ao longo de quase quatro anos. Eis alguns:
Pronatec, Pro-Uni, Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos.
Essa agenda terá papel importante no horário da propaganda
eleitoral gratuita na televisão e no rádio. Esse é o terceiro trunfo de Dilma.
Em princípio, ela terá perto de 12 minutos de programa. Isso significa a metade
do horário eleitoral ainda a ser oficialmente definido e dividido com outros
candidatos. Oficiosamente, os dois maiores adversários da presidenta (Aécio
Neves e Eduardo Campos) terão pouco mais de quatro minutos e pouco menos de
dois minutos, respectivamente.
O tempo é pequeno. Longo, porém, para o discurso dos dois.
Além do palavrório vazio, não se conhece o programa de governo da oposição.
Isso faz a diferença.
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