Autor: Fernando Brito
O “Ministro da Cultura” de Aécio Neves, o apresentador
Luciano Huck, apagou a postagem “meiga” que fez em seu Facebook, com o endereço
que criou para que “cariocas solteiras” se candidatem a cinderelas de um
“gringo encantado”.
Nem vou entrar na discussão sobre essa visão medíocre da
condição feminina e de suas repercussões num quadro de um programa de televisão
global.
É claro que não há nada de errado – ainda mais no mundo
globalizado destes tempos – em relações entre pessoas de nacionalidades
diferentes. Vivo isso em minha família.
O que me intriga é que essa forma de pensar é um reflexo da
mente colonizada que se forma nos grupos humanos (e, claro, nos países)
dominados, desiguais e reduzidos a considerarem-se incapazes.
A felicidade, a fartura, a satisfação têm de vir de outros,
não de si mesmos.
Precisam, como nas fotonovelas, de um “príncipe”, porque só
eles podem aliviar uma vida de sofrimentos e carências.
Sem, é claro, romper uma relação de dominação e poder,
apenas aumentando o tamanho das migalhas concedidas.
A mente de Huck e dos que “bolaram” este quadro é uma das
que pensam assim em todos os campos da existência humana.
De alguma maneira, Huck e Fernando Henrique Cardoso
raciocinam da mesma forma, com todos os descontos que se possa dar à
sofisticação e ao empolamento das palavras.
O capital estrangeiro é o “príncipe gringo” que vai nos
tirar dessa “mísera existência”.
Não o estudo, o trabalho, a vida, os esforços e as alegrias.
Muito menos o nosso sentido de unidade, de grupo, de povo, de nação.
Huck e FHC, porém, entendem muito pouco sobre mulheres e
povos.
Não compreendem que, embora se possam viver sonhos, ilusões e
histórias da “Contigo”, no fundo, elas e eles querem mesmos é ser os donos de
suas próprias vontades.
E que , à medida em que vão amadurecendo, acabam sendo.
0 comentários :
Postar um comentário